Muito antes de o Brasil popularizar o uso do etanol nos anos 70, Henry Ford já pesquisava combustíveis de origem vegetal. O pioneiro Modelo T, lançado há 117 anos, podia rodar com gasolina, álcool e até querosene, e testes mostraram que o motor tinha 15% mais potência com álcool.
Nos anos 1910, Henry Ford acreditava que o futuro da mobilidade passaria por combustíveis renováveis. Ele chegou a declarar que a gasolina se tornaria cara demais para ser usada em automóveis, defendendo alternativas como álcool produzido a partir de açúcar, milho, madeira e batatas.
Experimentos realizados por 18 meses nos laboratórios da Ford mostraram que o álcool não só era viável como também poderia ser comercializado em larga escala. Ford sugeria que cervejarias fechadas pela proibição da bebida em Michigan fossem convertidas em destilarias para produzir combustível.
O Modelo T, com motor de quatro cilindros e 20 cv, consumia entre 5,5 e 8,9 km/l. Nos testes com álcool, a potência aumentava em 15%, embora a autonomia fosse menor, algo que lembra a experiência atual dos carros flex fuel no Brasil.
Ford também via benefícios para os agricultores, que começavam a usar tratores como o Fordson, já adaptados para rodar com álcool. Ele chegou a prever que o combustível poderia ser distribuído por tubulações subterrâneas para uso em iluminação e cozinhas, como o gás natural.
Diversos resíduos industriais foram convertidos em álcool nos testes, incluindo restos de fábricas de enlatados e de açúcar. Até talos de milho e variedades de batata da Alemanha foram apontados como fontes promissoras para produção local.
Apesar dos resultados, a Lei Seca inviabilizou o projeto. A proibição do álcool em Michigan e depois em todo os EUA, entre 1920 e 1933, dificultou a operação das destilarias. Quando a lei terminou, a Ford já havia avançado para novos modelos, como o Modelo A e o motor V8 de cabeçote plano.
A ideia não se concretizou, mas os esforços de Henry Ford no desenvolvimento de combustíveis alternativos fazem parte do legado de inovação da marca. Hoje, a busca por biocombustíveis e eletrificação mostra como sua visão estava à frente do tempo.
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O termo flex fuel define motores capazes de operar com gasolina, etanol ou a mistura dos dois.
A Lei Seca foi a proibição nacional do álcool nos EUA entre 1920 e 1933, que impactou indústrias e pesquisas.
Já o conceito de octanagem indica a resistência do combustível à detonação espontânea, essencial para motores eficientes.
