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Número de conversões a gás natural veicular quase dobra em nove meses no Brasil

Preço dos combustíveis têm feito os motoristas recorrerem ao combustível, mas a FENIVE alerta para o risco das instalações clandestinas do kit gás

Mais de 160 mil veículos foram convertidos para gás natural veicular (GNV) nos primeiros nove meses deste ano, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) – antigo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

O aumento no preço de combustíveis como o álcool e a gasolina – que em alguns estados ultrapassou o valor de R$ 7 por litro no início de outubro – impulsionou a procura pelo gás natural veicular em todo o país.

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Em comparação com o mesmo período de 2020, representou uma alta de 88,5%, quando 86.518 carros fizeram a conversão. A Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE) alerta, no entanto, que apesar dos dados oficiais, para evitar as conversões clandestinas e sem qualquer tipo de critério técnico, a comercialização do GNV ainda depende de um maior rigor nas legislações estaduais.

Estados como o Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Goiás, já contam com legislações específicas que exigem que o motorista comprove o Selo GNV para abastecer o veículo. O presidente da FENIVE, Everton Pedroso, explica que o objetivo desse tipo de fiscalização é evitar acidentes e colocar em risco a vida das pessoas.

“É muito comum, quando ocorre uma explosão envolvendo um carro abastecido a GNV, verificar irregularidades na documentação do veículo. Ou a instalação do kit GNV era clandestina ou a inspeção veicular não estava sendo realizada com a frequência exigida pela legislação federal”, salienta.

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Segundo ele, apesar de não existirem números oficiais sobre a frota clandestina de GNV, em alguns estados brasileiros é possível estimar que os veículos circulando com esse tipo de combustível sejam o dobro do “oficial”, tomando por base o volume de gás comercializado pelas distribuidoras estaduais e a média de consumo da frota circulante.

Em pesquisas recentes em postos de combustíveis em todo o Brasil, utilizando a base de dados dos Organismos de Inspeção, constatou-se que cerca de 40% dos veículos que abasteceram estavam irregulares. “O GNV é a alternativa mais barata e que apresenta rendimento superior ao da gasolina e do etanol. Isso representa uma economia no bolso dos motoristas, pois o preço dos outros combustíveis subiu muito”, comenta Pedroso.

Além de ser mais barato e menos poluente, o GNV também oferece maior autonomia ao automóvel. O gás natural veicular tem rendimento médio de 13,2 km/m³, enquanto a gasolina costuma render cerca de 10,7 km/l e o etanol 7,5 km/l, conforme uma simulação feita pela Fiat.

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Outra vantagem é que alguns estados oferecem descontos em tributos para os carros movidos a gás natural veicular, como o Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores (IPVA). Isso ocorre, por exemplo, em estados como o Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso.

CRITÉRIOS DE SEGURANÇA – O diretor-executivo da FENIVE, Daniel Bassoli, explica que o selo GNV é um documento de porte obrigatório para o proprietário e para o condutor de um veículo movido a gás natural veicular. O selo é atualizado anualmente, após a aprovação na inspeção veicular obrigatória exigida para o licenciamento anual do veículo.

Com a conversão para GNV, o veículo passa por um processo de alteração de suas características de fábrica, daí a necessidade de um novo CRV.

Bassoli alerta que, para que esse processo de conversão para gás natural veicular ocorra de forma adequada, o proprietário do veículo precisa estar atento a três questões: produtos certificados pelo INMETRO; oficinas registradas para a conversão e a verificação de segurança do veículo em um organismo de inspeção veicular acreditado pelo Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

“O selo GNV é uma forma de evitar a utilização de produtos sucateados, a execução do serviço por pessoas não habilitadas e ainda proporciona a rastreabilidade e a segurança ao dono do veículo”, explica.

PADRONIZAÇÃO – Para solucionar o problema da frota irregular e evitar que a fiscalização no momento do abastecimento do GNV fique sob a responsabilidade de pessoas não habilitadas, a FENIVE apresentou à diretoria do INMETRO a proposta de desenvolvimento de um software através de um termo de cooperação técnica, que faz a vinculação do kit do GNV à documentação do veículo.

Dessa forma, qualquer carro que esteja fora dos padrões de conformidade exigidos pela legislação fica impedido de abastecer com o gás natural veicular, restringindo sua circulação.

Bassoli explica que a FENIVE reapresentou a plataforma ao INMETRO durante um encontro em Brasília, no mês de outubro. “A Federação inclusive se propôs a fazer a doação do sistema, sem custo algum para o INMETRO, pois o objetivo é promover a segurança no trânsito, facilitando o rastreamento desses veículos e impedindo a instalação e o abastecimento de carros que estejam equipados com cilindros comprometidos e que já deveriam ter sido descartados”, esclarece.

OBJETIVO DO SELO – Comprovar que o sistema GNV foi instalado dentro das normas e regulamentos, é seguro e, ainda, que o veículo se encontra em perfeitas condições de segurança.

Comprovar que os componentes do sistema são certificados pelo INMETRO e que a oficina instaladora é registrada no INMETRO.

Evitar o uso de cilindros com testes vencidos (mais de 5 anos) ou o reaproveitamento de cilindros sucateados em instalações clandestinas.

Evitar a instalação clandestina e ou a manipulação de sistemas GNV por pessoas não habilitadas.

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