Com o aumento dos crimes digitais, as estratégias dos golpistas estão evoluindo rapidamente, com a estruturação de verdadeiros escritórios de crimes digitais, com estrutura e equipe de call center, utilização de robôs e hackeamento de diversos bancos de dados. Enfim, as estruturas criminosas estão cada vez mais tecnológicas, permitindo vários tipos de fraude, como é o caso da cobrança de veículos financiados em atraso.
Mesmo com a intensa divulgação da mídia de golpes, essa relacionada a veículos é pouco divulgada pela falta de conhecimento da estrutura ou mesmo por falta de denúncias. Essa cobrança fraudada de financiamento de veículos com atrasos nos pagamentos das parcelas mensais ocorre de várias maneiras. Exemplo são empresas chamadas de ‘assessorias’, que conseguem dados de devedores e que atraem as vítimas com falsas promessas de redução dos juros contrato de financiamento em até 50% do valor da parcela mensal e do financiamento total.
Com grande habilidade de discurso são vendidas aos consumidores promessas que são na realidade impossíveis de serem atendidas, mas que geram grande interesse, para isso cobram uma taxa de serviço que pode chegar a até 2.000,00 reais, prometendo que que irão resolver em uma semana a redução. Algumas até promovem uma ação revisional do contrato de financiamento, contudo, na maioria dos casos as empresas simplesmente não fazem absolutamente nada e somem, deixando o consumidor em débito como banco.
Já observei casos nos quais tais assessorias, quando a dívida do financiado já está com ação de busca e apreensão, ficam com o veículo do consumidor, alegando a necessidade de esconder o veículo para o banco não aprender e acabam vendendo para um terceiro, mesmo estando o veículo alienado e com débito.
Outro golpe pouco divulgado pela mídia é a cobrança do débito do financiado por um call center falso. Nesses casos os golpistas montam um escritório falso, igual a um de cobrança autorizado pelo banco, fazem a cobrança e ajuízam o processo de busca e apreensão. Assim, o escritório falso passa a cobrar em nome desse escritório autorizado, usando o logo nas cobranças e nas ferramentas de comunicação, como WhatsApp e e-mail.
Para executarem essa cobrança judicial fraudulenta, compram arquivos de dados clientes que são hackeados de um banco ou financeira e passam a negociar o débito por valores bem abaixo do original. Pela falta de cuidado e por acreditar na redução, os financiados não verificam a autenticidade de quem está cobrando e acabam pagando o valor negociado, mais tarde, quando cobrados pelo escritório verdadeiro, descobrem a fraude.
Ainda mais, desconhecido é o golpe em que os fraudadores se passam por advogados, entram nos processos digitais de busca e apreensão e copiam os dados pessoais, os dados do veículo e os valores em atraso, posteriormente entram em contato com o financiando, como se fosse o escritório de cobrança, e negociam uma proposta com redução de até 50% do débito, os consumidores gananciosos pagam o boleto e somente descobrem a fraude quando são cobrados pelo verdadeiro escritório.
As fraudes são pagas geralmente com boletos falsos, que alteram a máscara do boleto, direcionando os valores para a conta dos estelionatários. O caminho para resolução dessas situações passa pela prevenção por parte dos consumidores, que devem passar a checar com mais atenção os contatos que são feitos, duvidando sempre de promessas milagrosas e checar a fundo os documentos que irão pagar.
Também é fundamental que, em caso de suspeita de golpe, sejam realizadas denúncias {as autoridades e que possibilitem as investigações para que se chegue a esses fraudadores. O melhor caminho para fugir de fraudes e para impedir a atuação desses golpista sempre será a obtenção e divulgação de informações de qualidade.
Afonso Morais – Sócio Fundador da Morais Advogados Associados e especialista em combate a fraudes financeiros e em recuperação de crédito empresarial.