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Convocação adequada

Por Fernando Calmon*

Questões envolvendo convocações (recalls, em inglês) de veículos para exame ou substituição de peças ou componentes que ameacem a segurança ou a saúde dos usuários sempre geram reações.

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O assunto é universal e também debatido em outros países. As causas das falhas são motivos de pesquisas até em meios acadêmicos.

Em recente entrevista ao jornal Estado de Minas, o professor Marcos Morita, da Universidade Mackenzie, levantou a tese de que a verticalização da produção dos primórdios da indústria significaria melhor controle por parte do fabricante.

Há quem pense de forma contrária. No passado não existiam recursos – e nem tempo hábil pela ausência de microcomputadores – de análises técnicas e estatísticas.

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Da mesma forma, atribuir os defeitos à “pressa” no desenvolvimento dos projetos e no ritmo de produção parece ilógico, pois custos financeiros e danos à imagem da marca seriam significativos.

Outra face do debate é sobre o aumento de convocações e o número de veículos envolvidos cada vez maior.

Significaria realmente mais problemas de qualidade, os controles internos estariam sendo apertados ou as empresas temem ações de indenização milionárias?

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Talvez essa última hipótese tenha mais peso do que parece. Tanto que há recalls apenas para checar uma determinada peça, com ou sem substituição.

O índice de atendimento à convocação é baixo no Brasil, raramente ultrapassando 50%. As empresas são obrigadas a colocar um prazo inicial, pois, se não o fizessem, o consumidor poderia ir adiando a ida à concessionária.

O conserto, no entanto, é obrigatório e sem prazo. A melhor solução seria a já implantada no Estado do Rio de Janeiro: vincular o licenciamento anual à prova de que o carro foi atendido.

Lá a inspeção técnica (superficial) existe e facilita a checagem, mas o controle pode ser feito independentemente, como preconiza o projeto de lei em tramitação no Congresso.

Quanto às chamadas campanhas de serviço para resolver defeitos, sem riscos à segurança, exigem análise mais fria. Atender a uma convocação quebra a rotina e incomoda qualquer um. Por isso, o termo “recall branco” é bastante inadequado.

A banalização dessas operações tiraria o sentido de importância e urgência. Realmente deveriam estar apenas vinculadas aos riscos envolvidos de continuar a circular com um veículo sujeito a acidentes.

As campanhas de serviço são, em geral, passivas e em garantia. Se a fábrica detectou a falha, orienta as concessionárias a fazer o conserto de forma compulsória ou preventiva, em alguns casos.

O amadurecimento do mercado brasileiro e o risco à imagem levaram à campanha de serviço ativa (tornada pública), inaugurada pela Volkswagen com a troca de óleo dos motores de 1.000 cm³ da linha Gol/Voyage/Fox.

Por último, porém não menos importante, está o papel do governo. Em algum momento deverá montar estrutura específica de monitoração técnica.

Sem isso e na ausência de estatísticas de controle eficientes será improvável detectar problemas em veículos mais antigos.

Nos EUA, convocam-se carros de 10 ou 15 anos de uso cujos defeitos de segurança demoraram a ser detectados. Se isso ocorre lá, dá para imaginar aqui…

RODA VIVA – Embora a Índia possa ser indicativo de novos produtos a serem lançados no Brasil – como o Toyota Etios e o novo Polo, agora no Salão de Nova Délhi – isso não ocorrerá sempre.

O Ford Figo feito lá, baseado no mesmo carro produzido na Bahia, nada terá a ver com os retoques estilísticos que chegarão em fevereiro no EcoSport e no trimestre seguinte no próprio Fiesta.

Confirmada a venda recorde de 3,141 milhões de unidades em 2009 (11,4% sobre 2008), a Fenabrave fez um exercício estatístico.

Mesmo se o ano retrasado tivesse sido normal, sem a queda brutal do último trimestre, ainda assim o mercado interno teria crescido 3% no ano passado. Para 2010, previsão de 3,45 milhões de veículos, ou 11% de crescimento.

Grand Cherokee CRD, primeiro Jeep a diesel lançado aqui, comprova que nesse tipo de veículo há adequação ao motor.

Importado da Áustria (R$ 180 mil), o enorme torque de quase 52 kgf·m mostra agilidade ímpar no uso urbano, aliado a nível baixo de ruído. Na estrada, os 211 cv sofrem um pouco para lidar com os 2.300 kg de peso, mas garantem 8 km/l de combustível.

Aumento da frota e inspeção ambiental para todos os veículos paulistanos prometem um bom ano ao setor de peças de reposição.

Previsão é crescer 9,5% nacionalmente, em relação a 2009. Segundo o Grupo de Manutenção Automotiva, do Sindipeças, as oficinas estão prontas para a nova demanda que se soma à tendência observada de maior cuidado com os carros.

Indústria de pneus começou a sair do sufoco no ano passado graças a duas medidas de grande alcance: restrição de importação de unidades usadas (sob falsa alegação de “falta” de pneus para remoldagem) e freio na importação de produtos chineses. Essas distorções de mercado fatalmente iriam impactar no nível de empregos do setor.

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(*) Fernando Calmon – Um dos mais conhecidos, respeitados e bem informados jornalistas automotivos do país estreia no Portal Mecânica Online e também na Revista multimídia Mecânica Online, a primeira e única revista em mídia CD-ROM sobre mecânica no Brasil.

Titular da coluna “Alta Roda”, Fernando Calmon é engenheiro e especializado na área desde 1967, quando produziu e apresentou o programa “Grand Prix”, na TV Tupi (RJ e SP) até 1980. Também foi titular do programa “Primeira Fila” (1985 a 1994) em cinco redes.

Hoje sua coluna, que completa dez anos nesse ano de 2009, está presente em uma rede de 52 jornais, sites e revistas. Fernando Calmon foi também diretor de Redação da revista “Auto Esporte” (1976 a 1982 e 1990 a 1996), editor de automóveis de “O Cruzeiro” (1970 a 1975) e “Manchete” (1984 a 1990).

É ainda correspondente para o Mercosul do site “Just-Auto” (Inglaterra), além de prestar serviços de consultoria em assuntos técnicos e de mercado na área automobilística e também em comunicação.

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