Maior produtora de aços planos especiais na América Latina, a Aperam South America fechou uma parceria inédita com a CRC Engenharia e a Rosseti Equipamentos Rodoviários para o desenvolvimento da primeira caçamba “meia-cana” em aço inoxidável Endur 300 do mundo, voltada exclusivamente para transporte de cargas altamente corrosivas.
O produto inovador, que começou a circular nesta semana em um projeto piloto da CRC, está levando escória de alto-forno siderúrgico recolhida da usina da Gerdau, em Ouro Branco, para unidades da CSN Cimentos, como a de Barroso.
A gerente da CRC, Daniela Maia da Silveira, conta que procurou a Aperam em busca de uma solução que aumentasse a vida útil das caçambas da empresa, que sofrem com o alto desgaste provocado pelas cargas e precisam ser substituídas ou reconstituídas frequentemente.
Essa deterioração precoce ocasiona um gasto excessivo com manutenção e obriga a empresa a realizar paradas constantes da frota.
“Com seis meses de uso eu já tenho um alto desgaste dos componentes dos equipamentos. Quando recebi um email da Aperam divulgando o uso do Endur em caminhões de limpeza urbana, me interessei em buscar uma solução semelhante para o nosso caso, uma vez que também transportamos cargas extremamente corrosivas”, conta a executiva.
A caçamba desenvolvida para o projeto piloto é do tipo meia-cana, e espera-se que tenha durabilidade até três vezes mais que os modelos tradicionais do mercado, feitos em aço carbono.
Além disso, é mais leve, o que deve resultar na economia de combustível por parte da transportadora.
Características que fazem do material um aliado ainda maior do meio ambiente, além de ter o Aço Verde Aperam em sua composição.
O engenheiro de aplicações da Aperam, João Paulo Porto, explica que essa caçamba é a primeira do tipo “meia-cana” sobre chassis do mundo feita em aço inox de alta resistência, o Endur 300.
Essa caçamba terá o seu desempenho acompanhado pelo Centro de Pesquisa e Inovação da Aperam, em Timóteo, para validar a nova aplicação.
“Já temos experiências com caçambas semi-reboque, que tem chassis próprio e são puxadas por um caminhão trator e até mesmo em caçambas sobre chassis convencionais, com costelas, mas essa é a primeira do tipo ‘meia-cana'”, afirma Porto.
O Endur, primeiro aço inoxidável de alta resistência do mundo, foi criado pela Aperam a partir do programa de aumento consumo per capita do aço inox, MTP como o objetivo de ser uma solução para problemas de desgaste em ambientes corrosivos.
O material une as propriedades dos Aços Avançados de Alta Resistência (já muito utilizados em caçambas basculantes) com a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis.
Isso se tornou realidade com a alta dureza de 300 Brinell e a adição de 11% em peso de Cromo na composição química, assegurando alta resistência mecânica e ao desgaste.
O ENDUR agrega a alta resistência mecânica dos aços AHSS (Advanced High Strength Steel) com a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis.
Padronizado em chapas com espessuras na faixa de 3,00 a 4,75mm, e podendo alcançar ainda espessuras de 1,50 a 6,30 mm, esse aço inoxidáveis é indicado para aplicações que necessitam de alta resistência mecânica e resistência à abrasão, em ambientes agressivos e úmidos.
O produto foi lançado em 2019 e tem tido excelentes resultados no mercado de caçambas basculantes, que são usadas nos segmentos do agronegócio, mineração e construção.
“Observamos que os produtos em aço, principalmente os usados no transporte de cargas molhadas (minérios, areia, brita ou grãos com umidade, lamas, lodos, esterco, lixo urbano) sofrem com a oxidação, que leva à corrosão. Desse modo, constatamos que a utilização do aço inoxidável seria a melhor solução, devido à sua alta resistência à corrosão”, acrescenta João Porto.
O Endur oferece essa resistência e outros atributos, como eliminação do desperdício de carga causado por furos, redução da espessura das chapas e do peso das caçambas e facilidade de limpeza e manutenção, além melhorar o escoamento durante a descarga..
Segundo a gerente da CRC, a primeira caçamba chegou na semana passada, e a expectativa é que seja adotada em toda a frota da empresa.
“Estamos muito animados porque essa é uma demanda antiga de todo o setor”, diz Daniela da Silveira.