– Primeiro Fusca saiu da linha de montagem da fábrica de Wolfsburg, na Alemanha, em dezembro de 1945
Início da produção em massa do modelo marcou uma nova era na fabricação de veículos para uso civil
– No Brasil, fabricação foi de 1959 a 1986 e de 1993 e 1996
– New Beetle marcou o retorno do Fusca, em 1998
– Novo Fusca, com motor 2.0 TSI de 211 cv, é o mais esportivo de todos os tempos
– Nesta quarta-feira, 20 de janeiro, milhares de fãs comemoram o Dia Nacional do Fusca, um dos carros mais importantes e carismáticos da história mundial do automóvel.
A Volkswagen também celebra os 70 anos de produção do modelo – o primeiro Volkswagen Tipo 1 – que mais tarde se tornaria conhecido internacionalmente como o Beetle e, no Brasil, como o Fusca. O modelo saiu da linha de produção na Alemanha pouco depois do primeiro Natal após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Fabricado no Brasil de 1959 a 1986 e de 1993 a 1996, o Fusca teve mais de 3 milhões de unidades produzidas, tornando-se um ícone nacional. A combinação de baixo custo de aquisição e manutenção com uma resistência capaz de afrontar os caminhos e condições de uso mais difíceis transformou logo o pequeno Volkswagen em ponta de lança da motorização do Brasil.
Mais de uma geração de motoristas brasileiros aprendeu a dirigir em um Fusca e optou por ele ao adquirir seu primeiro carro.
Embora seja nacionalmente conhecido pelo apelido Fusca, o carro também ganhou outras denominações de âmbito regional, como Fuca, no Rio Grande do Sul, e Fuqui, no Paraná. Ao redor do mundo, a semelhança do carro com um besouro levou à consagrada designação como Beetle.
Mundialmente, o Dia do Fusca é comemorado em 22 de junho, data em que Ferdinand Porsche assinou o contrato que deu início ao desenvolvimento e fabricação do Sedan, em 1934.
O início no Pós-Guerra – A marca Volkswagen (nome que significa, em alemão, “carro do povo”) teve a missão de popularizar o automóvel; o Fusca foi concebido, na década de 1930, pelo engenheiro austríaco Ferdinand Porsche. O início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, impediu que a produção do carro começasse, mas durante o conflito a fábrica produziu milhares de veículos militares leves utilizando sua plataforma mecânica, com motor traseiro refrigerado a ar.
O carro atingiria no futuro vendas de mais de 21 milhões de unidades. No final de 1945, porém, apenas 55 veículos haviam sido produzidos. O início da produção em larga escala foi um feito envolvendo grande nível de improvisação. A escassez de materiais prejudicou as operações durante os meses seguintes.
Mesmo assim, os primeiros carros eram símbolos visíveis de esperança. Um novo início para a fábrica de automóveis, sob controle britânico.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, apenas 630 unidades do Carro do Povo, conhecido como “KdF-Wagen”, haviam sido construídas. A avançada fábrica, no local que se tornaria a atual Wolfsburg, construída especialmente para produzir o veículo, foi integrada à indústria de armamentos da Alemanha durante a guerra, produzindo principalmente materiais militares. O local foi ocupado por soldados americanos em 11 de abril de 1945.
Em junho de 1945, o Governo Militar Britânico assumiu o controle da fábrica, com sua força de trabalho de cerca de seis mil pessoas. Em 22 de agosto de 1945, o recém-designado Oficial Residente Sênior, Major Ivan Hirst, obteve um pedido inicial de 20 mil Sedans, assegurando assim o futuro da fábrica e seus trabalhadores e evitando a ameaça de desativação e desmontagem.
Os veículos deveriam ser usados principalmente pelos ocupantes aliados, mas também para prestação de serviços de saúde em áreas rurais. A produção ficou praticamente estagnada em torno de mil veículos mensais durante 1946 e 47. Somente após a reforma monetária de junho de 1948 surgiria um número significativo de compradores privados.
As raízes britânicas da Volkswagen ainda podem ser percebidas na atualidade. Foram os ingleses que converteram a fábrica para a produção civil e focaram na qualidade dos veículos.
Eles dedicaram muita atenção aos serviços e à satisfação das necessidades dos clientes, estabelecendo uma rede de concessionários que, já em 1948, cobria todas as três zonas de ocupação ocidentais da Alemanha. O início das exportações, em outubro de 1947, marcou o primeiro passo em direção ao mercado internacional.
As primeiras eleições para o Conselho de Trabalhadores, em novembro de 1945 – apenas seis meses após o final da guerra – introduziram os princípios para a participação democrática dos empregados na fábrica. Quando a empresa Volkswagenwerk GmbH foi repassada para o controle alemão, em outubro de 1949, estava posicionada na pole position para a largada do Milagre Econômico da Alemanha.
O Dr. Manfred Grieger, chefe do Departamento de História Corporativa da Volkswagen Aktiengesellschaft, resume: “A Volkswagen teve muita sorte pelo robusto Sedan ter ajudado o Governo Militar Britânico a levar adiante suas funções administrativas e por Ivan Hirst ter sido o homem certo em seu comando. Seu hábil pragmatismo proporcionou uma visão de futuro para a fábrica e seus trabalhadores, motivando tanto o pessoal militar britânico como os trabalhadores alemães a transformar as precárias instalações numa empresa de sucesso voltada para o mercado. Ele reconheceu as qualidades do Sedan Volkswagen e teve a capacidade de concretiza-las.”
O Fusca foi um fator-chave no desenvolvimento da democracia e da mobilidade na Alemanha do pós-guerra e, subsequentemente, foi acolhido em muitos outros países, atuando como um importante embaixador na promoção de uma imagem positiva para a Alemanha.
A produção do Fusca em sua última fábrica, em Puebla, no México, foi descontinuada no final de julho de 2003. Com mais de 21 milhões de unidades produzidas, o Fusca tornou-se um ícone automotivo, amado por muitos milhões de pessoas. Suas formas características são reconhecidas em todos os lugares.
De importado a brasileiro – Os primeiros Volkswagen Sedan, fabricados na Alemanha, chegaram ao Brasil em 1950. Pequeno, com motor traseiro refrigerado a ar e um design totalmente diferente do tradicional à época, quando as ruas eram dominadas por grandes sedãs, o carro chamava a atenção por onde passava.
Sua capacidade de transportar até cinco pessoas, baixo consumo de combustível e resistência mecânica logo começaram a conquistar consumidores.
O modelo da Volkswagen começou a ser montado no país, com componentes importados, já em 1953. A produção no Brasil começou em 1959, na primeira fábrica da Volkswagen fora da Alemanha, em São Bernardo do Campo.
A história do Fusca no Brasil tem uma particularidade: o retorno da fabricação em 1993, sete anos após sua paralisação, em 1986. A pedido do então presidente da República, Itamar Franco, o carro voltou a ser produzido, em uma versão movida exclusivamente a etanol, e parou de ser fabricado em 1996.
O Fusca foi o carro mais vendido no Brasil por 24 anos consecutivos, marca que foi superada apenas em 2011, por outro modelo Volkswagen: o Gol, líder do mercado por 27 anos.
Internacionalmente, o Fusca continuou a ser fabricado no México – onde é conhecido como “Vocho” – até 2003.
A tradição renovada: o New Beetle – A imagem do Beetle foi revivida pela Volkswagen em 1998, com o lançamento do New Beetle. Com linhas inspiradas pela versão original e construído sobre uma plataforma moderna, com tração dianteira e motor com refrigeração líquida, o New Beetle conquistou imediatamente um grande número de fãs, alcançando mais de 1 milhão de unidades vendidas até 2010.
Novo Fusca: o mais esportivo – O Novo Fusca chegou ao Brasil em 2012. Com linhas mais esportivas e tendo na dirigibilidade seu ponto alto, o modelo é equipado com o motor 2.0 TSI de 211 cv. O torque máximo, 280 Nm, é atingido já a partir de 1.700 rpm. Com câmbio DSG de dupla embreagem, o Fusca 2.0 TSI tem velocidade máxima de 224 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos.