O futuro é agora. A discussão sobre como queremos nossas cidades vem sendo feita, mas pouco tem sido colocado em prática. Uma cidade com mais qualidade de vida para seus moradores depende de investimentos, públicos e privados, que priorizem, entre outras coisas, a mobilidade e o meio ambiente.
O conceito de cidades inteligentes já é bem conhecido em países da Europa como Suécia, Alemanha, Holanda, Espanha, Portugal, entre outros, mas no Brasil ainda é pouco difundido.
O tempo que se perde no trânsito e a poluição por CO2, por exemplo, são dois grandes problemas que afetam a vida das pessoas independente da classe social.
Os danos causados pela fumaça que sai dos escapamentos dos carros é similar aos causados pelo cigarro. Números revelam que nas grandes cidades as mortes em consequência das doenças respiratórias são maiores do que as causadas por acidentes de trânsito.
O problema torna-se ainda mais grave ao lembrarmos que 80% da população brasileira vive em áreas urbanas, onde há maior concentração de veículos.
A tecnologia é uma aliada para melhorar a qualidade de vida nos grandes centros urbanos. Um bom exemplo é o que chamamos de Estacionamentos Inteligentes e que já funcionam em alguns shoppings centers e aeroportos do Brasil.
O modelo de sinalização por sensores reduz em mais de 70% o tempo para estacionar e, por consequência, o tempo de circulação do veículo, diminuindo em 40% a emissão de CO2.
O uso desta tecnologia ocorre apenas por cerca de 10% dos grandes estabelecimentos como shoppings, hospitais, aeroportos, entre outros, deixando claro que ainda há muito a ser feito.
Outro grande desafio é fazer com que as cidades brasileiras adotem o modelo, substituindo o estacionamento rotativo.
Hoje, tanto as prefeituras como os cidadãos são prejudicados pelo atual modelo que, além de necessitar de mais pessoal para a fiscalização, é falho a medida que muitos motoristas estacionam seus carros sem respeitar o tempo máximo permitido.
Aqui no Brasil o primeiro município a adotar o formato de Estacionamento Inteligente foi Águas de São Pedro, no interior de São Paulo. A cidade turística sofria com a falta de vagas públicas, principalmente aos finais de semana quando recebe visitantes de outras cidades.
A tecnologia permitiu a implantação de um sistema que, por meio de sinalização, permite ao motorista identificar visualmente ou por um aplicativo onde há vaga disponível.
Além da economia de tempo e de combustível, já que o motorista pode planejar seu trajeto ao sair de casa, a iniciativa ainda permite uma rotatividade mais justa, proporcionando a todos usufruírem das vagas públicas.
A fiscalização é feita de forma eficaz com o auxílio de ferramentas oferecidas pelo sistema, proporcionando uma maior abrangência territorial do profissional de trânsito.
Com a ajuda do software é possível ver a localização dos veículos que estão irregulares. Outro benefício do sistema inteligente de estacionamentos públicos é que as vagas demarcadas para deficientes físicos e idosos não seriam mais ocupadas indevidamente.
Isso porque o sistema permite identificar o veículo e multá-lo caso não seja um veículo com autorização para uso da vaga.
Outro fator que tornou o município de Águas de São Pedro uma cidade inteligente foi a implantação de um modelo de iluminação que melhorou a qualidade do serviço e reduziu os gastos com iluminação pública em cerca de 50%.
O sistema pode ser instalado nas luminárias tradicionais, não sendo necessária a substituição por lâmpadas de LED, sendo o investimento inicial menor que 10% que o investimento da troca por LED.
Por meio de um software de gestão acoplados a módulos eletrônicos é possível controlar a intensidade da luz e monitorar toda a situação da iluminação pública como, consumos fora do uso normal, furto de cabos, lâmpadas queimadas/quebrada e a vida útil das lâmpadas.
Nosso objetivo foi desenvolver um mecanismo que ajudasse a melhorar a segurança pública, proporcionando uma boa iluminação das ruas, e que ao mesmo tempo colaborasse para que empresas e prefeituras reduzissem seus gastos, já que a iluminação pública representa o segundo maior item orçamentário de grande parte dos municípios.
Precisamos, cada vez mais, usar a tecnologia para minimizar os impactos da vida moderna. Com baixo investimento é possível melhorar consideravelmente a qualidade dos serviços prestados e afetar positivamente a população.
Paulo Lourador, engenheiro fundador da Smartmotion – empresa que desenvolve sistemas para iluminação e estacionamentos inteligentes.