A escolha de um novo veículo nunca foi e nem será uma tarefa fácil. São muitas as variáveis determinantes entre os modelos oferecidos e a real necessidade do consumidor. Preço, design, valor de revenda, eficiência energética… vou citar apenas algumas das características para mostrar que o fator combustível também deve ser considerado.
Antes era gasolina ou etanol, hoje temos o flex, o carro roda com a combinação, sem problemas com seu motor a explosão, combinando injeção eletrônica e vela de ignição.
Mas o que observamos é a crescente utilização de veículos com motorização diesel no Brasil. Quando comparamos 2016 com 2015, tivemos queda no licenciamento geral, mas as vendas de veículos com opção diesel tiveram um aumento de 4,5%. Ao todo foram vendidos 156.259 veículos com essa opção de combustível.
Não vou discutir sobre a aprovação ou não da utilização do diesel em veículos leves. Mas será que apenas a escolha do combustível, por ser mais barato e ter maior rendimento, são as diferenças entre o diesel e a motorização bicombustível com gasolina e etanol?
O primeiro aspecto a ser definido: só é vatanjoso ter veículo disel quem percorre mais de 20 mil km por ano, perfil de taxistas e frotistas. Um carro a diesel normalmente custa 30% a 60% mais caro que um flex ou a gasolina. Por exemplo, o pernambucano Jeep Renegade, fabricado pela Fiat/Chrysler, custa R$ 116 mil na versão a diesel e R$ 73 mil na flex.
Apesar da versão mais recente da limitação de poluentes, estabelecida pelo Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), os veículos a diesel no Brasil ainda emitem mais óxidos de nitrogênio e material particulado que os automóveis só a gasolina ou flex – e ainda numa taxa superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS); para piorar, o Brasil ainda depende de importar diesel.
E lá se vão 123 anos, desde que o engenheiro alemão Rudolf Diesel idealizou um motor a combustão de pistões que explorava os efeitos de um reação química natural, que acontece quando o oxigênio puro se mistura ao óleo, causando uma explosão.
Do ponto de vista prático, podemos dizer que o motor diesel difere do motor a explosão porque não tem injeção eletrônica e vela, e, no seu lugar, possui uma bomba injetora e injetores. A combustão no motor diesel é obtida por compressão e não por faísca de uma vela. Para quem busca força, eles oferecem maior torque em baixas rotações.
Observe as principais características e diferenças entre os ciclos:
Ciclo Diesel
- Na compressão, somente ar é comprimido na câmara;
- O ar é comprimido até atingir uma temperatura acima da de auto-ignição;
- O combustível é injetado (quase no final da corrida do pistão) e entra em autoignição;
- Taxas de compressão altas.
- Aceita combustível menos “nobre”: óleo Diesel ou mesmo o gás natural + 20% óleo Diesel.
- Calor e ar ideal: o calor entra a pressão constante
Ciclo Otto (motores bicombustível gasolina e etanol)
- Na compressão é comprimida uma mistura de ar + combustível;
- O ar é comprimido a mais baixas pressões, a temperatura atingida fica abaixo da de autoignição;
- O combustível entra em ignição através de uma faísca;
- Taxas de compressão mais baixas;
- Combustível: gasolina, álcool ou gás natural;
- Ciclo a ar ideal: o calor entra a volume constante.
Nosso objetivo foi o de mostrar que a escolha de um veículo envolve muito mais que ser um carro bonito ou acessível. Sua eficiência energética é um elemento a ser considerado sempre, principalmente com o reflexo em seu comportamento dinâmico.
Os motores atuais que utilizam diesel estão cada vez mais modernos, com menor vibração, sem trepidação e e quebram menos, ou seja, com durabilidade maior. Mas tudo tem seu preço. Sua manutenção também é mais cara que nos motores flex ou a gasolina. Fique atento na troca dos filtros de ar e combustível (a cada 10 mil quilômetros), para garantir a melhor “respiração” do seu veículo.