Dentro da onda de recalls que vêm se registrando em todo o mundo, um fato chama a atenção. Em março, a General Motors e a Fiat anunciaram aliança estratégica mundial destinada a unificar suas operações de compras e projeto/fabricação de motores e transmissões. Pelo acordo, a GM passou a deter 20% das ações da Fiat Auto e a Fiat, pouco mais de 5% do capital acionário da General Motors Corporation.
Ocorre que dia 16 último a GM do Brasil anunciou o recall de mais de 1,3 milhão de Corsas, devido a problema de soltura de uma das três ancoragens de ambos os cintos de segurança dianteiros. Passados apenas três dias, foi a vez da Fiat brasileira anunciar convocação de 320 mil Palios e família, também por problema de cinto de segurança dianteiro, que não resistiu a teste de impacto patrocinado por uma publicação. Juntas, agora aliadas — desta vez na tristeza.
‘Recall’ de Ford atinge 1,7 milhão – Juiz americano manda recolher 28 modelos e acusa montadora de omitir defeito. Taurus foi importado para o Brasil
OAKLAND, EUA – Em uma decisão sem precedentes, o juiz da Corte Superior Michael Ballachey determinou que a Ford faça recall de até 1,7 milhão de veículos Ford, fabricados entre 1983 e 1995, acusando a montadora de “encobrir um problema perigoso” de seus carros.
É a primeira vez que um juiz americano ordena um recall de veículos. Entretanto, a decisão se aplica exclusivamente aos carros vendidos na Califórnia. O porta-voz da companhia, Jim Cain, disse que a Ford irá recorrer da sentença.
A decisão responde a uma ação apresentada por cerca de 3,5 milhões de consumidores californianos, proprietários e ex-proprietários de veículos afetados. Em agosto, Ballachey já havia alertado os advogados da Ford, anunciando que iria determinar o recall. Na ocasião, o juiz acusou a Ford de ter conhecimento dos problemas nos módulos de ignição há cerca de duas décadas.
Condição perigosa – Segundo documentos apresentados pelo advogado Jeffrey Fazio, o mecanismo de ignição está situado bem próximo ao motor, o que faz com que se aqueça e sofra pane. Assim os carros afetados “morrem” de forma inesperada logo após o arranque. A retirada dos veículos suspeitos acontecerá até que os tribunais julguem o recurso da Ford e determinem quando e como será efetuada a reparação. “Este é um caso de ocultação de uma condição perigosa”, disse o juiz.
Normalmente a decisão de recall é de competência do Estado, mas segundo Ballachey, as leis estaduais lhe dão o poder de determinar tal medida. Os representantes da Ford não concordam e argumentam que mesmo que ele tivesse tal poder, “o recall não teria nenhum sentido, já que não há nada a ser consertado”, afirmou Cain. Ballachey, por outro lado, afirma que a empresa deliberadamente negou às autoridades responsáveis que seu sistema de ignição estivesse com problemas.
Outras ações – Segundo o juiz, a Ford vendeu nacionalmente cerca de 23 milhões de veículos com tendência ao defeito. Ações similares contra a empresa estão nos tribunais de Alabama, Maryland, Illinois, Tennessee e Washington. “A Ford estava ciente desde 1982 que, ao instalar os módulos de ignição TFI nos distribuidores (…) os tornou vulneráveis devido ao calor excessivo”, diz Ballachey em sua sentença.
Segundo o juiz, os documentos da própria empresa mostram que a Ford foi alertada por um engenheiro que os módulos estavam localizados muito próximos ao motor e que a alta temperatura poderia paralisar o mecanismo. Uma vez detectado o problema, o deslocamento do módulo para uma parte mais fria custaria cerca de US$ 4 por veículo.
Custo milionário – O advogado da empresa, Richard Warner, disse que os “dados não demonstram que há riscos. Não há evidências que justifiquem o recall. Os veículos são seguros”. O Centro de Segurança dos Veículos calcula que o recall na Califórnia custará pelo menos US$ 125 milhões. A empresa, por sua vez, afirma não ter uma idéia clara de quanto custaria uma ação deste tipo. Em 1996, documentos internos da Ford calculavam um gasto de aproximadamente US$ 300 milhões para consertar problemas no módulo de ignição dos modelos fabricados entre 1994 e 1996.
A relação dos veículos afetados
Modelo/Ano de fabricação
– Taurus, 1986-95
– Escort, 1983-90
– Ranger, 1983-92
– Aerostar, 1986-90
– Bronco, 1984-91
– Bronco II, 1984-90
– Capri, 1983-86
– Continental, 1984-87
– Cougar, 1984-88
– Crown Victoria, 1984-91
– E-Series, 1984-91
– EXP, 1983-88
– F-Series, 1984-91
– F-Stripped Chassis, 1989
– Grand Marquis, 1984-91
– LN7, 1983
– LTD, 1984-86
– Lynx, 1983-87
– Mark, 1984-92
– Marquis, 1984-86
– Merkur, 1985-89
– Mustang, 1983-93
– Probe, 1990-92
– Sable, 1986-95
– Scorpio, 1988-89
– Tempo, 1984-94
– Thunderbird, 1983-88
– Topaz, 1984-94
– Town Car, 1984-90