Desde o Tempra 2.0 16V, o primeiro veículo nacional a adotar o sistema multiválvulas (mais de duas válvulas por cilindro), que a indústria automotiva vem produzindo carros com essa motorização, a exemplo do Gol 1.0 16V, o Palio 1.0 16V, o Corsa e agora o Clio, também na versão popular do sedã.
As vantagens desses motores são melhor rendimento, redução no consumo e diminuição na emissão de poluentes pelo sistema de escapamento. No entanto, eles também oferecem desvantagens quando em baixa rotação.
De acordo com o engenheiro automotivo do Senai/BA, Júlio César, as desvantagens dos motores com mais de duas válvulas por cilindro são, além de maior custo do cabeçote, que exige um desenho especial, maior número de válvulas e componentes de acionamento (balancins, molas e por vezes mais de um comando de válvulas), em algumas situações, ocorrem perda de rendimento.
Júlio César explica que a presença de mais de uma válvula de admissão tende a criar problemas quando os motores estão em baixa rotação, provocando queda indesejada no desempenho do veículo.
“Esse problema faz com que os motores multiválvulas fiquem amarrados quando em baixa rotação, situação que vem sendo reduzida com o uso de tecnologias que visam aumentar a turbulência em baixas rotações”, comentou o engenheiro.
A elevação na rotação, por sua vez, faz com que o aumento no fluxo dos gases determine uma melhora sensível na formação da mistura, tornando o rendimento dos motores multiválvulas eficiente e superior a um similar duas válvulas por cilindro.
A indústria automotiva quer sempre agradar aos consumidores brasileiros, que desejam um carro com respostas rápidas desde as baixas rotações, isto é, a agilidade nas saídas com pouca aceleração e nas ultrapassagens em marcha mais alta.
No entanto, para se obter melhor desempenho do motor de 16V é preciso “esticar” mais as marchas e reduzir uma ou duas delas para atingir a faixa de trabalho ideal desse propulsor.
Para entender melhor o sistema-As válvulas permitem a entrada e a saída da mistura ar e combustível, vitais à queima e ao funcionamento do motor.
Elas se dividem em válvula de admissão e de escapamento, essa responsável por conduzir os gases liberados ao sistema de escapamento. Um motor comprime e queima a mistura ar combustível em cilindros.
Segundo o engenheiro automotivo Júlio César, a presença de apenas um cilindro tornaria o motor pouco potente para ser utilizado em um automóvel, daí a necessidade de vários cilindros.
Cada cilindro do motor necessita de, pelo menos, uma válvula de admissão e uma válvula de escapamento, daí em um motor de quatro cilindros necessitar de, pelo menos, oito válvulas para funcionar eficazmente.
Júlio César ressalta que o funcionamento de um motor é algo extremamente dinâmico, onde a velocidade dos pistões é bastante elevada e o tempo disponível para que o ar e o combustível entre no motor bastante reduzido.
“Para que se aumente a eficiência volumétrica do motor, existem várias maneiras, uma delas é aumentar a abertura disponível para a entrada. Para isso pode-se aumentar o diâmetro das válvulas ou instalar mais válvulas”, explicou.
O engenheiro do Senai informou ainda que as válvulas maiores nem sempre são viáveis, devido à limitação de espaço e o peso excessivo das válvulas que provocariam uma inércia prejudicial ao seu funcionamento.
Os fabricantes, buscando soluções, desenvolveram os motores multiválvulas, onde se tem mais de uma válvula de admissão e algumas vezes mais de uma de escapamento.