Durante testes realizados na pista do Centro Tecnológico da Pirelli, melhor marca foi de 760 km. Mas estudantes-projetistas garantem que modelo pode fazer muito mais.
Economia de combustível é uma das principais preocupações da indústria automobilística mundial.
Tradicional incentivadora de pesquisas na área automotiva e sempre atenta às mais modernas alternativas para soluções dos problemas desse setor, a Pirelli do Brasil, em parceria com a FEI, Faculdade de Engenharia Industrial de São Bernardo do Campo, realizou recentemente na pista de testes do seu Centro Tecnológico, em Sumaré, interior de São Paulo, provas de avaliação de dois protótipos de veículos, projetados com o principal objetivo de percorrer a máxima distância possível com apenas um litro de combustível.
Projetados e construídos para percorrer 500 km e 1.000 km, respectivamente, com apenas um litro de combustível, os protótipos FEI X-10 e FEI X-11, foram os destaques do teste-drive.
Todo o processo de produção dos veículos, do projeto à construção, foi feito pelos alunos da FEI como trabalho de conclusão de curso, e trazem à tona a possibilidade de comercialização de veículos de passeio mais econômicos, combatendo os altos preços do combustível praticados não apenas no Brasil, como também no resto do mundo.
De acordo com o engenheiro Ricardo Bock, professor do curso de mecânica automobilística da FEI, “é importante que os estudantes de engenharia mecânica estejam ligados nas exigências do mercado. E é mais importante ainda que as universidades e empresas do setor, como a Pirelli, incentivem cada vez mais a produção de projetos econômicos para o consumidor final”.
Bock, que também é piloto de corridas, conclama outras universidades a seguirem o mesmo caminho possibilitando, assim, a realização de uma competição nacional entre veículos-conceito econômicos, como já ocorre, com estrondoso sucesso, nos Estados Unidos, Japão e Inglaterra.
FEI X-10 e FEI X-11-O FEI X-10 é um veículo com baixa resistência ao atrito produzido pelo movimento, que faz mais de 500 quilômetros com um litro de combustível.
Construído com tecido de fibra de vidro, tubos de aço e alumínio, o FEI X-10 pesa apenas 36 quilos e mede escassos 3m20cm.
Seu coeficiente de penetração aerodinâmica é de 0.12 (Cx), o sistema deS direção é direta (tipo kart), e utiliza, normalmente, um motor Honda estacionário, igual ao dos cortadores de grama portáteis, com 30 cilindradas e 1,5 cv de potência.
As rodas e os pneus são de bicicleta de corrida, e a transmissão é feita por corrente.
Construído nas oficinas da FEI pelos alunos do curso de Engenharia Automobilística César Augusto Ferreira, Giovanni Palomba, Leandro Nalesso, Marcel do Prado, Guilherme Coelho, Leandro Seixas, Rafael Fernandez, Eduardo Frias, Luciano Orbite e Luiz Carlos Levy, sob a supervisão do professor Ricardo Bock, o protótipo alcançou, um ano atrás, a marca de 525 km rodados, ulizando apenas um litro de combustível.
Utilizando no dia dos testes, por motivo de experimentação, um motor mais potente, de 125 cc, o FEI X-10 ficou um pouco abaixo dessa marca, com 518 km rodados.
O FEI X-11, projetado pelos alunos Fernando Vergueiro, Ricardo de Jesus, Henrique Burin, Anne Pahl, Francisco Ganzararolli, Luis Machado e Cláudio Gregório, é uma versão atualizada do FEI X-10.
O diferencial fica por conta do motor inteligente que incorpora, um Honda de 5,5 cv de potência,o mesmo utilizado nas provas de kart indoor, mas controlado eletronicamente e com aceleração programada.
“Até atingir os 45 km/hora o motor do X-11 funciona normalmente, como o de um veículo convencional. Após essa velocidade, o sistema desliga o propulsor automaticamente, visando o máximo de economia de combustível sem prejudicar o desempenho do carro”, explica Bock.
Estreito, leve e com pouca potência específica, o X-11 é capaz de alcançar até 80 km/h.
Durante testes oficiais, porém, pilotado exclusivamente por uma ex-aluna da FEI, que pesa apenas 38 kg, mantém velocidades máximas e mínimas de 40 km/h e 15 km/h respectivamente.
Conduzido também pelos jornalistas que acompanharam a apresentação, todos com mais de 40 kg e sem conhecer os procedimentos básicos de condução do veículo, o X-11 ficou longe de sua melhor marca, cerca de mil km, mas percorreu respeitáveis 760 km com apenas um litro de combustível.
Projeto do Vraptor (VR) visa máxima velocidade-O terceiro carro-conceito apresentado pelos alunos da FEI na pista de testes da Pirelli foi o Vraptor.
Idealizado pelos alunos Alexandre Rizzardo, André Sperl, Marcelo Federici e Jeronimo Nogueira, o Vraptor é uma versão mais econômica e moderna do Lotus Super Seven, automóvel fabricado no final dos anos 50.
A proposta do projeto é solucionar lacunas do modelo original. Trata-se de um carro esporte de dois lugares, conversível e com alto desempenho.
Feito em carroceria de alumínio e fibra de vidro, foi projetado com motor Audi V6 5 válvulas, acelerador eletrônico Fly By Wire, tração traseira e câmbio manual de 5 marchas.
Segundo os alunos, o VR pode alcançar velocidade máxima de 260 km/hora, e o desempenho de sua aceleração pode bater uma Ferrari.