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Pesquisa: emprego, a preocupação do estudante

O medo de não conseguir um emprego após terminar a faculdade é a grande preocupação dos jovens, segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

Segundo o levantamento, 42% dos entrevistados afirmaram estar preocupados com o futuro profissional em curto prazo. Foram ouvidos 500 estudantes de 16 a 25 anos que procuraram a entidade em busca de um estágio.

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“É um índice expressivo, que representa um momento do Brasil e do mundo”, analisa Regina Hein, supervisora da área de projetos institucionais do CIEE.

“O desemprego é uma realidade muito próxima de todo mundo hoje em dia e o jovem sabe que um diploma não é mais garantia de emprego.”

Os dados do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a preocupação dos jovens tem fundamento. De 1992 a 1999 a taxa de desemprego na faixa dos 18 a 24 anos: saltou de 9,6% para 14,6%.

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O problema, porém, não se restringe ao contexto sócio-econômico, mas passa pelos padrões e referências culturais, acrescenta a psicoterapeuta Lisandre Castello Branco.

“A criança é ensinada, desde pequena, que seu futuro reside em conseguir um emprego. Só que o mundo não é mais assim, o que cria um descompasso entre expectativas e realidade”, afirma.

“Emprego é como um animal em extinção e praticamente não existem políticas públicas para preservá-lo. A escola também não ajuda muito porque não mostra ao jovem que há outras alternativas e ele não sai da escola preparado para buscá-las.”

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De fato, conseguir um emprego continua sendo a meta de boa parte dos estudantes e supera em muito o desejo de realização profissional: apenas 4% disseram se preocupar com isso na pesquisa do CIEE.

A qualidade de vida e a independência financeira também não fazem parte das prioridades dos entrevistados – respectivamente, 14% e 15% dos jovens afirmaram ter esse tipo de preocupação.

E a preocupação se traduz em demanda. Só na unidade da capital do CIEE, cerca de mil pessoas se cadastram para fazer estágio todos os dias.

Mas entre preencher o cadastro e conseguir uma vaga, o percurso pode ser demorado e, muitas vezes, não dá em nada. Fabiana Cristina dos Santos teve de esperar um ano para conseguir um estágio, até que foi aceita pela TAM há um mês.

“Preciso ganhar experiência e me preparar para um emprego de verdade”, conta. Por isso, ela aceitou as condições da empresa: nos três primeiros meses, ela não receberá salário. Após o período, haverá uma seleção e se ela for aprovada, começará a ser remunerada.

Mesmo assim, a disputa foi acirrada e ela teve de passar por várias etapas de seleção.

“O grau de exigência está muito alto”, diz ela. A percepção de Fabiana tem fundamento, segundo Regina, do CIEE. “As empresas preferem quem fala pelo menos uma língua estrangeira e, dependendo da área, para quem já viajou para o exterior”, afirma.

Esse fato, aliado à concorrência, gera tensão, afirma Mirele Noronha, que há quatro meses é estagiária na consultoria Trevisan.

“Todo mundo fica preocupado com o futuro, mesmo quem consegue estágio, porque não há garantia de efetivação”, diz.

“Tem de correr atrás, mandar currículo para todos os lugares, fazer cursos e aprender pelo menos duas línguas.” Cidinaldo Wilson Pereira, que também faz estágio na Trevisan resume: “Só o diploma não vale mais nada. É preciso batalhar.”

Marta Avancini

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