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Os riscos da mistura álcool e gasolina

A mistura de álcool e gasolina, apelidada de “rabo de galo”, tem se tornado freqüente em vários estados brasileiros e causa sérios danos ao motor dos veículos

Motoristas de várias regiões do país, mas principalmente de Pernambuco, Goiás e São Paulo, estão misturando álcool e gasolina no motor do carro adaptado apenas para gasolina na hora de abastecer.

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A prática, apelidada de “rabo de galo”, pode ser tão prejudicial ao veículo quanto a utilização de gasolina adulterada.

Com o objetivo de explicar aos motoristas e revendedores os danos causados por essa prática, a Ipiranga iniciou um trabalho de orientação em sua rede de postos.

“O que muitos desconhecem é que a economia momentânea é extremamente danosa ao motor do veículo e a mistura de álcool hidratado (que pode conter até 7,4% de água na sua composição) à gasolina pode ocasionar uma série de problemas ao veículo”, alerta Marcelo Gonçalves, assessor técnico de combustíveis da Ipiranga.

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A gasolina comum não contém água e possui 25% de álcool ANIDRO, que é um componente fundamental.

No entanto, quando o motorista faz o “rabo de galo”, ele mistura na gasolina álcool hidratado (que contém água). A presença de água provoca uma instabilidade na composição e pode separar a mistura em duas fases: álcool-gasolina e álcool-água.

“Como a mistura álcool-água é mais pesada que a gasolina, ela ficará no fundo do tanque. A gasolina, contendo ainda um pouco de álcool, ficará na parte superior do tanque. A retirada de álcool da gasolina reduz a octanagem da gasolina comum e provoca perda de potência e aumento de consumo, podendo causar ainda a chamada ‘batida de pino’. Esse carro, a médio e longo prazo terá sérios problemas mecânicos”, explica Marcelo Gonçalves.

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Segundo o professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Franco Giuseppe Dedini, a curto prazo o veículo com combustível inadequado fica com pior rendimento e o consumo aumenta.

“Depois de um prazo de dois anos é que aparecem os principais problemas como corrosão dos componentes, piora na situação do motor e no sistema de combustão”, explica o professor. Franco acrescenta que o álcool, quando utilizado em veículos adaptados para a gasolina, acaba corroendo alguns sistemas e peças, tanto metálicas como de plástico.

Vale destacar ainda que o motor que foi desenvolvido para gasolina comum passa a utilizar um combustível contaminado com água. A presença da água causa danos ao filtro e à bomba de combustível e provoca corrosão nas partes metálicas do sistema de alimentação, principalmente desgaste nos bicos injetores.

Além disso, o “rabo de galo”, por ter um poder energético menor do que a gasolina comum, aumenta consideravelmente o consumo de combustível.

“Como o álcool hidratado é mais barato, na hora de abastecer há uma economia. O que o motorista não está contabilizando é o aumento de consumo e o desgaste prematuro de peças, exigindo trocas antecipadas. Sem contar com o tempo que o veículo fica parado na oficina”, ressalta Marcelo Gonçalves.

Para mostrar que a economia momentânea com o “rabo de galo” pode custar caro, a Ipiranga fez uma simulação.

Um motorista que esteja hoje consumindo 200 litros de gasolina por mês a um preço hipotético de R$ 1,60, gasta mensalmente R$ 320,00. Fazendo o “rabo de galo” (misturando meio a meio os dois combustíveis) temos a seguinte situação:

Combustível Preço, R$ Litros Custo
Gasolina Comum 1,60 100 160,00
Álcool Hidratado 0,60 100 60,00
Custo da Mistura 220,00

Devemos levar em consideração que, por ter o álcool menor poder energético, um carro consome uma quantidade maior de “rabo de galo” do que consumiria de gasolina para percorrer um mesmo trecho.

O consumo desta mistura para o mesmo percurso poderá ser cerca de 20% maior, ou seja, um custo de R$ 264,00. A economia do motorista mensalmente seria de R$ 320,00 – 264,00 = 56,00.

Abaixo listamos os custos de peças como bomba de combustível, válvula reguladora de pressão, mangueiras, bicos injetores e filtros que podem ser afetados pela mistura:

Peça – Preço médio, R$ *
Filtro de Combustível – 20,00
Bicos injetores (limpeza) – 100,00
Bicos injetores (troca) – 800,00
Bomba de Combustível – 500,00
Mangueiras – 50,00
Válvula reguladora de Pressão – 200,00

* foram considerados valores médios para um veículo motor 1.0 L, sem incluir o custo da mão-de-obra.

Ou seja, o custo de substituição de peças que podem sofrer danos oscilará de R$ 870,00 (se for realizada a limpeza nos bicos injetores) até R$ 1.570,00, caso seja necessária a troca dos bicos.

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