Ter um carro mais barato ou fora de linha de fabricação não significa menor risco de ser alvo dos ladrões.
Entre os dez modelos mais roubados ou furtados no Estado de São Paulo não há veículos caros ou de luxo, segundo levantamento da Polícia Civil.
No topo do ranking do Estado de São Paulo por exemplo, elaborado com os dados do mês de maio, quando cerca de 19 mil carros foram furtados ou roubados, está o Gol, com 13% — 2.500 unidades.
Logo atrás aparecem outros carros de marcas menos caras e três fora de linha –Fusca, Monza e Chevette.
A preferência dos ladrões pelos carros baratos tem uma explicação de mercado. “Os carros mais baratos alimentam os desmanches e o comércio clandestino de peças. O que importa para os ladrões é a liquidez do carro no mercado”, afirmou o delegado Manoel Camassa, da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado).
O aparecimento do Fusca na quinta colocação do ranking e a diminuição de roubos e furtos de carros mais caros são as principais mudanças em relação à última pesquisa, feita em 2000.
Segundo Camassa, quadrilhas especializadas em carros mais caros são raras. A banalização desse tipo de crime fez com que os carros mais baratos se transformassem no principal alvo. “Falsificar a documentação e revendê-los, com preços atrativos, também é mais fácil”, disse.
Automóveis como BMW, Mercedes e Audi ficaram abaixo das cem unidades roubadas ou furtadas no Estado em maio.
Além da falsa sensação de segurança, os donos de carros mais visados levam desvantagem na negociação do valor do seguro.
No cálculo, as seguradoras levam em consideração o risco de roubo ou furto e o ranking das marcas prediletas dos ladrões.
Segundo Jorge Bento, vice-presidente da Sul América Seguros e vice-presidente do Sindicato das Empresas Seguradoras do Estado, o valor do seguro do carro popular é proporcionalmente mais alto do que o de um veículo de luxo.
“A taxa de um Gol fica entre 6% e 7% do valor do veículo. De um Jaguar fica em 4%. As pessoas pensam que estão mais seguras com um carro popular. Mas isso não é verdade.”