Centro Técnico Aeroespacial (CTA) está à frente do projeto Vant, para ser empregado em missões civis e militares.
O Centro Técnico Aeroespacial (CTA) está à frente do desenvolvimento de um Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) para ser empregado em missões civis e militares de reconhecimento aéreo, monitoramento de recursos naturais, redes elétricas e de dutos de petróleo.
O projeto já foi incluído nas diretrizes políticas do Ministério da Defesa e conta com o suporte financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que destinará R$ 10,2 milhões ao seu desenvolvimento, previsto para ser iniciado até fevereiro de 2005.
A Avibrás Aeroespacial foi selecionada como parceira industrial do projeto Vant, tendo em vista a experiência adquirida pela empresa com o desenvolvimento do veículo americano Scorpion, sob o qual possui os direitos de fabricação.
O custo total do projeto, segundo o chefe da divisão de sistemas aeronáuticos do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do CTA, Flávio Araripe, é estimado em R$ 27 milhões.
O valor inclui, além da parte da Finep (R$ 10,2 milhões) a contrapartida das demais organizações envolvidas: Fundação Casimiro Montenegro Filho (FCMF); Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (IPD); Instituto de Pesquisas da Marinha (IPQM) e todos os institutos vinculados ao CTA.
O CTA coordena o projeto, através do IAE, que já acumula experiência na área de vant, com o desenvolvimento do veículo Acauã, na década de 80.
Na fase atual, segundo Araripe, está previsto o reaproveitamento do Acauã como plataforma, mas seus sistemas eletrônicos serão melhorados e o motor substituído por um mais potente.
Projetado inicialmente para atender as necessidades do programa do míssil Piranha, atual MAA-1, o veículo Acauã incluiu o desenvolvimento de uma propulsão convencional (motor a pistão e hélice).
Na época o IAE produziu três protótipos, mas o projeto foi descontinuado devido a falta de recursos.
Previsto para ser concluído em três anos, a novo projeto de Vant, a cargo do CTA, dará ênfase ao desenvolvimento de sistemas de navegação e controle (parte eletrônica), permitindo a sua utilização em diferentes plataformas.
“Temos a disposição três tipos de plataforma: a do Acauã, a da Avibrás, com o veículo Scorpion e também o alvo aéreo desenvolvido pela Marinha, usado em ensaios de canhões e mísseis de navios”, comenta Araripe.
Numa etapa futura e posterior ao desenvolvimento do Vant, segundo o engenheiro, o CTA irá trabalhar no projeto de um alvo aéreo manobrável com propulsão a jato, utilizando turbina de baixa potência.
Além do CTA, outras instituições brasileiras também investem no desenvolvimento de veículos não tripulados.
O Centro de Pesquisas Renato Archer (Cenpra), de Campinas, trabalha hoje com o projeto de um mini-dirigível adquirido na Inglaterra.
A Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, desenvolve o projeto Aurora, com o apoio da Embrapa.
O objetivo é o desenvolvimento de aeromodelos para a obtenção de imagens aéreas para monitoramento ambiental e agrícola.
As aeronaves não tripuladas têm sido projetadas para vários tipos de missão, mas a origem desses veículos está ligada a área militar, como alvos aéreos manobráveis, reconhecimento tático, guerra eletrônica, entre outras.
Mísseis antinavio, bombas guiadas propulsadas ou planadas também são classificadas como aeronaves não tripuladas.
Um dos primeiros registros de aplicação militar desse tipo de veículo foi na segunda guerra mundial, pela Alemanha, com o lançamento da bomba voadora V- 1.
Outro marco histórico da utilização dos vant foi durante a Guerra do Líbano, em 1982, no Vale do Bekaa, quando Israel conseguiu destruir 17 das 16 baterias antiaéreas sírias( Nota Defesanet provável que os dados sejam 16 a 17), depois de fazer o reconhecimento do local com um alvo aéreo não tripulado.
Também ficou conhecida a utilização do veículo americano “Predator” em 2002, durante a guerra do Afeganistão. Este foi considerado o primeiro emprego real de um veículo não tripulado com o lançamento de míssil.
O crescimento do emprego militar dos vant teve um pico após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando os Estados Unidos mais do que duplicaram o orçamento destinado aos projetos de aeronaves não tripuladas.
Segundo previsão divulgada em 1999, pelo Departamento de Defesa Norte-Americano, os gastos com o desenvolvimento dos chamados “unmanned aerial vehicle” (UAV), devem totalizar US$ 3,2 bilhões em 2009.
O mercado mundial de veículos não tripulados, que em 1998 registrou investimentos da ordem de US$ 2 bilhões, deverá atingir em 2008 gastos de US$ 8 bilhões.
Segundo Araripe, essa estimativa já pode ser considerada conservadora, tendo em vistas as projeções atuais.
Empresas do porte das americanas Boeing e Lockheed Martin, da francesa Dassault e da sueca Saab investem pesado no desenvolvimento de novas versões de combate de aeronaves não tripuladas, com o lançamento de armamentos.
“A utilização dos aviões de combate não tripulados é uma tendência mundial que tende a se consolidar num prazo de 20 a 30 anos, podendo substituir grande parte dos pilotos, hoje a parte mais cara de uma equipagem de caça”.
Dutos, pragas e queimadas – O objetivo do projeto brasileiro, no entanto, segundo Araripe, tem como foco as aplicações civis, como vigilância policial de áreas urbanas e de fronteira, inspeções de linhas de transmissão de energia, monitoramento de dutos de petróleo, e também o levantamento de áreas agrícolas, acompanhamento de safra, controle de pragas e de queimadas.
“É muito mais barato fazer isso por meio de um vant. A utilização de aeronaves tripuladas e de helicópteros representam um custo altíssimo, principalmente para as companhias de distribuição de energia, que precisam fazer o monitoramento constante de suas linhas”, explica.