(*) Renato Bellote Gomes
Os automóveis japoneses, de uns tempos pra cá, se tornaram sonhos de consumo no mundo todo.
Motores pequenos de grande potência e desenho arrojado foram dois fatores que cativaram o público.
Mas o primeiro guerreiro nipônico despontou no ocidente há mais de 30 anos, com o estilo e a agressividade de um verdadeiro samurai.
O projeto do Datsun 240 Z resultou do esforço conjunto de alemães e japoneses da Nissan. Enquanto os primeiros desenhavam a carroceria, os japoneses investiam no desenvolvimento do motor.
Como o objetivo da fábrica era conquistar a América do Norte, os engenheiros capricharam na criação: seis cilindros em linha, 2,4 litros e 151 cavalos de potência, além da utilização de dois carburadores SU e torque de 20 kgfm, que o levavam a uma velocidade máxima próxima dos 200 km/h.
Acrescente-se a esse pacote um moderno câmbio de quatro marchas e acabamento de primeira.
O carro desembarcou nos EUA em 1969 – como modelo 70 – e “atacou” o mercado com a fúria de uma katana – espada utilizada pelos samurais – obtendo uma excelente aceitação entre os consumidores.
Tração traseira, ótimo comportamento dinâmico e suspensão Mcpherson também ajudam a explicar esse sucesso.
O nome Datsun vem dos primeiros anos da empresa, e, até 1981, representava o segmento de exportação da Nissan.
Com um preço extremamente competitivo, o esportivo japonês virou moda na terra do tio Sam, de modo que, um modelo usado chegava a ter quase o mesmo valor do que um zero quilômetro!
Essa valorização foi ocasionada, também, pelo bom desempenho nas pistas, com a conquista de dez campeonatos norte-americanos de turismo durante a década de 70 – a famosa SCCA – em sua categoria.
O carro também se destacou na terra, faturando o Rali do Leste Africano duas vezes – 1971 e 1973 – e a segunda colocação no badalado rali de Monte Carlo, em 1971.
E foi, justamente, nessa nova década, que outros dois samurais chegaram ao mercado, com as versões 260, e, mais tarde, 280.
Com maior cilindrada e o mesmo estilo obtiveram elogios das revistas especializadas.
Em 1975, um novo motor com injeção eletrônica Bosch mantém as vendas no topo, e o propulsor atinge 170 cavalos de potência dois anos mais tarde, além do lançamento da segunda geração em 1979.
A tecnologia chega pra valer nos anos 80, com a venda do veículo de número 500 mil e a terceira geração do mito ganhando as ruas. A turbina – marca registrada dos japoneses durante os anos seguintes – também marca presença.
A década de 90 traz boas novidades – como o 300 ZX biturbo – e, no novo século, uma volta ao conceito original com o lançamento do superesportivo 350 Z. Mas sobre eles só vamos falar daqui a uns vinte anos.
Um fato curioso a respeito do clássico é que nos EUA é comum a troca do motor original por um V8 – small ou big block – o que acaba gerando uma excelente relação “peso x potência” para o carro.
Sem dúvida, com seu estilo inovador, podemos dizer que o 240 Z foi um bom bushi – nome dado à classe dos samurais – e, principalmente, o pioneiro dos grandes esportivos nipônicos que viriam pela frente.
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(*) Renato Bellote Gomes
26 anos, é bacharel em Direito e assina quatro colunas sobre antigomobilismo na internet. O autor também publica textos na Espanha, Chile e Uruguai. Desde o ano passado, é correspondente do site português Lusomotores