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Estudo traça perfil do profissional de engenharia na economia globalizada

Realizado por oito universidades de seis países, o estudo é focado na área de Engenharia, mas é uma amostra dos desafios da maioria das profissões.

Com a intensificação da globalização da economia, ter uma formação de nível superior com uma formação básica consistente já não é mais garantia de um bom desempenho no mercado de trabalho.

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Daqui para frente, o profissional terá de se preparar para atuar em uma comunidade global, o que exigirá habilidades que vão além daquelas aprendidas na grade curricular tradicional.

É o que revela o estudo “Excelência em Engenharia Global”, realizado por oito universidades de seis países – entre elas a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), que foi apresentado no dia 12 de dezembro, no auditório “Prof. Francisco Romeu Landi”, da Escola.

Embora seja focado na área de Engenharia, o estudo é um espelho do que está ocorrendo com boa parte das profissões; especialmente as que estão diretamente ligadas ao setor produtivo.

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“A prática global da Engenharia requer um profissional que, além de capacidade técnica, seja poliglota, amplamente instruído e culturalmente bem informado, conhecedor dos mercados, empreendedor e inovador, além de muito flexível e móvel – seja virtual ou fisicamente”, afirma o professor Márcio Lobo Netto, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos, que, juntamente com o professor Paulo Carlos Kaminski, do Departamento de Engenharia Mecânica, representou o Brasil nesse estudo.

Desafios da educação – Preparar um profissional com tamanha gama de habilidades é uma tarefa complexa, mas necessária diante da mudança radical na maneira como as economias passaram a desenvolver, produzir e distribuir os bens de consumo.

“Com a globalização, um produto desenvolvido no Brasil, pode ser produzido na China e distribuído na Europa, e os profissionais envolvidos nesse processo precisam saber atuar em uma escala global”, afirma Lobo.

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Para tanto, será necessária uma mudança nas abordagens dos programas de ensino, além de um compromisso de colaboração entre instituições de ensino, governo, indústria e entidades profissionais.

Um dos desafios é tornar a competência global uma qualificação central nos programas de educação.

“Será necessário integrar na grade curricular mecanismos que ajudem o aluno de graduação a se inserir nessa nova realidade”, afirma Lobo.

Exemplos: ensiná-lo a trabalhar em equipe em um projeto global e estimular atividades extra-curriculares que despertem seu espírito empreendedor e inovador.

A internacionalização do estudo e da pesquisa científica deve ser outra prioridade.

“Despender parte dos estudos no exterior durante a graduação, seja por meio de cursos de curta duração ou de dupla formação, é uma experiência essencial para a prática global”, afirma o professor Kaminski.

“Os acordos de cooperação entre as universidades devem ser cada vez mais estimulados para viabilizar a mobilidade dos estudantes, e o apoio das agências de financiamento nesse processo deve ser redobrado”, acrescenta. O mesmo se aplica aos alunos de pós-graduação e ao corpo docente, pois um pesquisador que desenvolva trabalhos científicos a nível internacional está mais apto a oferecer conhecimentos e tecnologias de ponta para uma indústria transnacional.

Os laços da universidade com a indústria também terão que ser mais estreitos.

“O ensino precisa ser vinculado à prática profissional globalizada”, afirma Kaminski. Um exemplo é o Partners for the Advance of Collaborative Engineering Education (PACE), um programa educacional da General Motors Mundial feito em parceria com universidades de vários países – entre elas a Poli –, no qual alunos de graduação desenvolvem projetos virtuais de carros a distância.

“Cada equipe, representando sua universidade, cria uma parte do carro, sendo que o projeto deve facilitar sua aplicação na prática, como, por exemplo, prever mudança de medidas para diferentes processos de fabricação”, explica ele.

Análise minuciosa – Concluído em novembro passado, o estudo é uma iniciativa da AG Continental – transnacional do setor automotivo – e foi conduzido com total autonomia pela Technische Universität Darmstadt (Alemanha), em parceria com o Massachusetts Institute of Technology, Georgia Institute of Technology (ambas dos EUA), Eidgenössische Technische Hochschule Zürich (Suíça), Tsinghua University, Shanghai Jiaotong University (ambas da China) e University of Tokyo (Japão), além da Escola Politécnica.

Durante um ano, os docentes envolvidos no projeto analisaram os fatores históricos, econômicos e sociais de cada país, os desafios do mercado, as necessidades da indústria em relação à força de trabalho dos engenheiros – agora e no futuro – e o quanto eles estão preparados para atender essas expectativas.

Paralelamente, também fizeram uma avaliação das abordagens educacionais usadas para preparar os engenheiros para a prática global, incluindo seus próprios programas em todos os níveis.

No caminho certo – A Escola Politécnica, assim como as demais instituições, foi convidada para participar do projeto por oferecer uma educação de nível mundial.

Embora a Poli esteja em sintonia com as diretrizes apontadas pelo estudo, o diretor da Escola, o professor Ivan Sandoval Falleiros, lembra, porém, que é necessário não perder o foco do que é imprescindível no ensino.

“As necessidades do mercado aparecem e desaparecem em um espaço de tempo muito curto. Muitas vezes a tecnologia de ponta que se aprende em cinco anos de curso está ultrapassada depois de três anos. Por isso, o papel da universidade é oferecer aquilo que o mercado precisa sempre, que é uma formação básica consistente, ampla, e tão forte quanto possível”, afirma.

Na sua avaliação, as demais habilidades devem ser ensinadas indiretamente, e o que a universidade pode e deve oferecer são oportunidades aos estudantes por meio de atividades extra-curriculares, da internacionalização do estudo e da pesquisa, entre outras ações.

Serviço: O estudo “Excelência em Engenharia Global” será apresentado no dia 12, às 16h00, no Auditório Francisco Romeu Landi do Prédio da Administração da Poli (Av. Prof. Luciano Gualberto, n° 380, travessa 3, Cidade Universitária, São Paulo).

A íntegra do estudo está disponível no site www.global-engineering-excellence.org. Para conhecer mais os programas da Escola Politécnica acesse: http://www.poli.usp.br/

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