Os veículos exploradores da Nasa em Marte, Spirit e Opportunity, estão demonstrando que são como os bons vinhos: quanto mais velhos, melhores.
Ambos completarão neste mês três anos de funcionamento contínuo na superfície do planeta, apesar de os cientistas da agência espacial americana terem dado apenas três meses de vida útil para as sondas.
E novas atualizações prometem manter o rendimento dos jipes em seu quarto ano de vida.
Logo que chegou ao planeta vermelho, em janeiro de 2003, a dupla robótica começou uma série de descobertas importantes.
Nos primeiros meses de trabalho os veículos constataram a existência de água no passado remoto de Marte, além de enviarem milhares de fotos do relevo marciano e informações sobre as características geológicas e atmosféricas do planeta.
Agora, quando começaram a sofrer o desgaste de suas peças devido ao rigor do ambiente marciano, os veículos de seis rodas independentes estão mais velhos, mas também mais inteligentes, segundo o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa.
Os dois robôs têm agora novas capacidades, instaladas pelos cientistas do JPL no software de seus computadores.
Uma delas permitirá que os veículos examinem certas imagens captadas por suas câmeras e reconheçam suas características — permitirá que o robô “olhe” para fenômenos interessantes e os identifique como tais, como um ser humano faria se visse algo estranho em seus arredores.
Durante sua missão, tanto o Spirit como o Opportunity fotografaram milhares de redemoinhos de poeira marcianos e nuvens sobre o planeta — coisas que podem ser classificadas como “fora do comum”.
No entanto, os cientistas que controlam a missão na Terra tinham que realizar um trabalho especial para distingui-las.
Com o que foi acrescentado a seu sistema de informática, os veículos exploradores — que têm o tamanho de uma máquina de lavar e a altura de um ser humano — poderão diferenciar um redemoinho de poeira e selecionar as partes relevantes dessas imagens para transmiti-las para a Terra, informou o JPL.
O avanço é de fundamental importância para a descoberta de eventos inesperados em Marte, uma vez que é impossível controlar os jipes “em tempo real” da Terra — as enormes distâncias entre os dois planetas apresentam atrasos de vários minutos nas comunicações dos robôs com seus criadores.