Markenson Marques*
A modernização da frota de automóveis do país, a partir de 1990, recheou nossas estradas de carros novos e seminovos.
Quanto aos caminhões, porém, a renovação foi parcial e ficou mais restrita às empresas.
Por isso, infelizmente ainda é bastante comum encontrar velhos trucões com 25 ou 30 anos de uso rodando por nossas estradas, jogando óleo na pista e colocando em risco o condutor e todos os veículos que trafegam com ele.
Imagine o funcionamento de um sistema de suspensão e de freios criado na década de 1970. Como quase não existem mais peças disponíveis, muitas vezes o proprietário é obrigado a apelar para a popular “gambiarra”.
Mas o custo social e financeiro desse improviso é imenso. Milhares de vidas são ceifadas, incluindo nossos caminhoneiros e familiares. Os gastos somam R$ 22 bilhões de reais por ano.
Defendo um uso mais racional e menos trágico de todo esse dinheiro. Durante dois anos, a equipe técnica da minha empresa desenvolveu comigo um estudo de viabilidade técnica que acabamos de concluir e que batizamos de Projeto Emplaca Brasil.
Ele é baseado no mesmo conceito já adotado em vários países – o da renovação da frota de veículos. Em linhas gerais, o projeto dá condições para que os proprietários de caminhões antigos troquem seus veículos por modelos mais novos e seguros.
Pelo projeto, os caminhões com mais de 25 anos deverão ser levados (rodando, é bom que se diga) até o Centro de Sucateamento e Reciclagem.
Em troca, o proprietário receberá um bônus que poderá ser utilizado como parte de pagamento na compra de um caminhão mais novo.
O bônus poderá ser reutilizado duas vezes e terá validade de seis meses. O vendedor que receber o bônus poderá usar o documento na compra de outro caminhão, e assim por diante.
Os bônus poderão ser somados, desde que não ultrapassem 15% do valor do caminhão comprado. Cada bônus terá um valor de face variando de R$ 15 mil a R$ 45 mil dependendo do PBTC de cada caminhão.
O restante será financiado pelo governo, através de programas já existentes e que finalmente poderão “decolar”.
Os maiores beneficiados serão os autônomos, que representam a maioria dos proprietários destes veículos.
Eles são donos de 1,5 milhão, de um total de 2,1 milhões de caminhões rodando pelo Brasil. Deste montante, 600 mil estão com mais de 25 anos. São verdadeiras “carroças” de grande porte.
O projeto compara o Brasil com países que já executam programas de renovação permanente de suas frotas, como os Estados Unidos, Itália, Grécia e México (este último um país bastante semelhante ao nosso) e o sucesso obtido em cada uma dessas nações.
Em resumo, poderemos obter melhoria significativa da segurança nas estradas, redução nas emissões de gases poluentes, diminuição do consumo de combustível, geração de empregos diretos e indiretos, redução da frota circulante, aumento da velocidade média de deslocamento e o combate à concorrência desleal.
Defendo a idéia de implantar o “Emplaca Brasil” por adesão. Em 12 anos poderemos reduzir a idade média da frota de caminhões de 18,7 para 12 anos. É um sonho perfeitamente possível e chegou a hora de realizá-lo.
- Presidente da Cargolift Logística e Transportes