por Alessandro Depetris*
O custo de um acidente é muito elevado e causa enormes prejuízos ao País. Estudos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelam que acidentes rodoviários geram despesas anuais de aproximadamente R$ 22 bilhões.
O número surpreende apesar de as perdas materiais e de vidas humanas por causa de acidentes serem um problema existente desde o início dos deslocamentos feitos por automóveis, caminhões, ônibus e outros meios de transporte.
Cada vez mais, políticas de redução de acidentes têm-se mostrado um excelente negócio, pois viagens interrompidas por acidentes significam prejuízo certo.
Porém, prejuízo maior é a perda da vida humana, seja do motorista, dos outros usuários da via ou ainda dos pedestres.
De acordo com o estudo do Ipea, um acidente sem vítimas custa R$ 1.207,00. Quando há vítimas não-fatais, esse valor sobre para R$ 38.256,00 e, quando há vítimas fatais, o valor sobe para R$ 281.216,00.
A indústria automobilística encara a segurança dos usuários e pedestres com extrema seriedade, a ponto de criar normas construtivas e desenvolver tecnologias que objetivam evitar os acidentes ou pelo menos minimizar seus efeitos.
Assim, as antigas carroçarias rígidas e indeformáveis, que transferiam integralmente a energia do impacto às pessoas, passaram a ser concebidas com materiais e estruturas deformáveis, que absorvem grande parte da energia gerada pelas colisões ou atropelamentos.
No caso dos veículos comerciais, a evolução tecnológica e legislativa gerou a evolução das cabinas e carroçarias dos caminhões e ônibus, que protegem os ocupantes e pedestres de maneira muito mais eficiente em relação aos veículos fabricados há 20 ou 30 anos.
Tivemos também muita evolução nos sistemas de freios, assim como no desenvolvimento de outros dispositivos que detectam o cansaço do motorista e o alertam para a necessidade de fazer uma pausa.
Isso sem falar nos sistemas que mantêm a estabilidade do veículo e, ainda, evitam seu o capotamento.
São diversas as tecnologias hoje disponíveis para reduzir a bilionária cifra de gastos anuais com os acidentes.
Algumas destas tecnologias já têm preços bem acessíveis e é justamente isso que o Comitê de Caminhões e Ônibus irá mostrar no fórum “Os benefícios da redução dos acidentes”, durante o Congresso SAE BRASIL 2007 no dia 30 de novembro, em São Paulo.
Os fatos falam por si. As somas são elevadas e as tecnologias estão disponíveis. As apresentações do nosso fórum abordarão questões como a determinação dos custos dos acidentes, os benefícios proporcionados pela evolução tecnológica e também as práticas adotadas por empresas do setor de transporte de cargas e passageiros para a redução do índice de acidentes.
Pretendemos, com isso, conscientizar empresários de todas as áreas que envolvem o setor de transporte rodoviário que o investimento em tecnologia é um excelente negócio, não apenas financeiro mas também humano já que não é possível condicionar a proteção à pessoa somente à evolução tecnológica e legislativa.
Devemos ter sempre em mente que o fator humano é decisivo na ocorrência de um acidente urbano ou rodoviário.
Fatores como cansaço, ingestão de bebidas alcoólicas ou drogas e despreparo psicológico para conduzir um veículo são determinantes na geração de um acidente de trânsito.
Além disso, as condições da via (sinalização, conservação etc.) têm papel fundamental na ocorrência de acidentes.
Em poucas palavras, é preciso haver ação conjunta e integrada entre todos os agentes da cadeia produtiva do setor de transporte rodoviário para que os R$ 22 bilhões perdidos anualmente nas ruas e estradas brasileiras, em forma de acidentes, sejam melhor aproveitados, de forma a dar prioridade à vida humana e à qualidade do transporte.
*Alessandro Depetris é responsável pela Homologação e Regulamentação do Produto da Iveco Latin America, e diretor do Comitê de Caminhões e Ônibus do Congresso SAE BRASIL 2007.