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Cautela e caldo

No recente Rally Dacar, cujo nome remete ao passado, mas atualmente é disputado em Argentina e Chile, chamou a atenção um comentário extraprova.

Os argentinos adoram competições de velocidade fora-de-estrada e fazem uma festa em Buenos Aires, na saída e na chegada.

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A nota destoante eram as filas de automóveis comuns em alguns postos da cidade.

Não se trata de racionamento e sim de escassez momentânea causada por uma série de erros da política de combustíveis do país vizinho.

A Argentina já foi autossuficiente e até exportadora de petróleo. Assim, o preço da gasolina sempre baixo fazia a alegria dos turistas brasileiros motorizados.

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A falta de planejamento e decisões populistas cobram agora um ônus pesado.

As reservas de óleo não dão conta do aumento da demanda e as companhias estão desestimuladas em investir em exploração pois são rigidamente controladas.

O governo argentino até tentou uma puxada recente nos preços, ainda longe de reverter o quadro.

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Os Estados Unidos, outro país com combustíveis baratos, sabem que o cenário deve mudar. Lá existe resistência cultural da população que hoje paga R$ 1,45 por litro de gasolina, mas já teve de desembolsar R$ 2/litro.

Os europeus pagam alto, na média R$ 3,50/litro, porém sua frota de veículos utiliza motores bem mais econômicos.

Considerando o custo por quilômetro, os motores menos eficientes e distâncias maiores cobertas pelos americanos, a diferença real fica em torno de 25%, bem diversa do que a comparação direta sugere.

O governo americano exige que a média dos carros novos à venda no país reduza o consumo em 35% até 2016.

Por outro lado, a Agência Internacional de Energia admitiu pela primeira vez que outros pesquisadores têm razão sobre o peak oil.

O termo em inglês significa o prazo em que o ritmo de novas descobertas de petróleo no mundo — incluindo as reservas ainda nem confirmadas no pré-sal brasileiro — deixará de atender, ao mesmo tempo, o aumento de consumo e a queda de produção dos poços atuais. Esses cálculos apontavam o ano de 2030 e agora, 2020.

O cenário merece atenção não pela escassez, mas pelas perspectivas de preços futuros. Obrigará os países desenvolvidos a diminuir o consumo para tentar compensar o aumento na taxa de motorização dos emergentes.

Alguns acham que, atingido o peak oil, se partiria para prospecções caras e de maior risco geológico. Ou ainda viabilizaria as enormes jazidas de areias betuminosas, do Canadá, com grandes dificuldades ambientais e enorme dispêndio de energia.

Os céticos apontam que até 2020 seria preciso descobrir um volume quatro vezes superior às atuais reservas da Arábia Saudita (maior produtor do mundo), apenas para equilibrar a exaustão dos poços, mesmo se o consumo mundial estacionar.

Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém, segundo o ditado popular. Economizar, então, é a palavra de ordem.

Vale a pena consultar o site www.meucombustivel.com.br. A ferramenta criada pelo administrador de rede Jeferson da Luz cruza pesquisas semanais nas bombas, feitas pela agência reguladora ANP, e mapas do Google a fim de indicar o menor preço em 17 mil postos de 555 cidades brasileiras.

RODA VIVA – GERAÇÃO 4 do Gol representa cerca de 4% das vendas de todo o mercado de automóveis e 23% das vendas da linha Gol, que inclui a Geração 5.

Normalmente continuaria por muitos anos. Contudo, a exemplo do Uno Mille, a nova legislação de segurança tornará caro demais fazer adaptações. Produção seguirá até 31/12/2013 e as vendas, enquanto durar o estoque.

TRÊS pesquisadores brasileiros conseguiram desenvolver acessório eletrônico que comuta luz alta e baixa dos faróis automaticamente, sem comando manual, a preço acessível.

Depois dos testes e da homologação no Denatran, recebem agora a confirmação de que a Magneti Marelli produzirá esse dispositivo de segurança aqui. O sucesso é estímulo a outros.

PEQUENOS reajustes de preço dispararam a safra de modelos 2012, em pleno mês de fevereiro. Celta e Prisma passaram a dividir com o Classic o visual semelhante da grade.

Outros retoques externos e internos complementam as mudanças cosméticas. Na Argentina tal recurso de marketing é coibido: ano-modelo adiantado, só a partir de agosto, nunca no primeiro semestre.

APROXIMAR pesquisas acadêmicas ou até independentes da indústria automobilística é uma das metas do novo presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Franco Ciranni.

Ajudaria a aumentar a competitividade, hoje bastante prejudicada pela carga tributária, aumento de custos e infraestrutura ruim. Pretende estimular talentos.

FACILIDADE de retirar e colocar os motores VW refrigerados a ar levou oficinas desonestas a burlar a inspeção ambiental na cidade de São Paulo.

Por R$ 300,00 alugam motores bons e prontos para aprovação nos testes. Depois, a troca é desfeita e o antigo volta a circular poluindo. Pelas contas dos “espertos” uma reforma custaria R$ 1.500,00.


fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

Alta Roda – Edições de janeiro

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