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O símbolo do automóvel faz 125 anos

Vamos combinar. Ninguém sabe, com exatidão e definição, qual foi o primeiro veículo automotor. Talvez o Markus, do engenheiro austríaco do mesmo nome, em 1875.

Mas ficou apenas no protótipo e sem produção seriada, como muitos outros inquietos curiosos, técnicos, engenheiros à época iluminados por facho de inspiração fizeram surgir, mundo afora – leia-se Europa e EUA – veículos autopropelidos.

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Quem, 10 anos após o fez, e cartesianamente obteve documento formal de reconhecimento de patente foi o triciclo do engenheiro alemão Carl Benz – a Daimler-Benz insiste em grafar seu nome com “K”, mas de origem é com “C”.

Coisas de algum pai do marketing com pretensões de ter interpretação mais importante que a história.

Como inovava, sem nome para o gênero cujo registro expedido em 29 de janeiro de 1886, foi tratado de Motor Wagen, veículo a motor.

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É o símbolo do automóvel, com história ampla, a antecipar um século do que seria seu uso e seu mercado.

Na prática a criação de herr Benz para nada servia. Fazia barulho, fumaça, espantava animais, incomodava pessoas.

Tinha um registro oficial de patente mas, imóvel tralha, tomava lugar dos animais e dos veículos de tração a sangue no estábulo, a futura garagem da família Benz. Policialmente proibido de circular, em agosto de 1888, dois anos e meio após a patente, instigou dona Bertha, 39, esposa do insistente Benz, sócia nos apertos domésticos pelo desenvolvimento do veículo, cansada de ouvir críticas dos pais, vizinhos, polícia e outros idiotas cegos para o início da mudança no mundo, botou ordem no negócio.

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Num amanhecer, com seus filhos Eugen,15 e Richard, 13, empurraram o carro – uma charrete com roda dianteira – e saíram de Manheim indo parar na casa da mãe de Bertha, em Pforzeim, a 120 km de distância.

Um sacrifício. O motor, 4 tempos, monocilíndrico, deslocava 954 cm3 e produzia 2/3 de HP a 250 rpm. Charrete-wagen e motor pesavam 300 quilos e, na prática, entre peso, carga e potência equivale usar motor de Fiat Mille para mover um ônibus.

Há quem se perca nos detalhes, interprete, romantize a viagem, enfeitando-a com intervenções de dona Bertha, como utilizar os alfinetes do chapéu para desentupir o gigleur do carburador – nem um nem outro existiam então… – ou sacar a liga elástica de uma das meias e substituir mola metálica – pré-matrona do interior usava meias com ligas?; sacrificar seu cinto e o dos meninos como material abrasivo para os freios.

Romance ou não, são irrelevantes. Fato claro, a decisão de dona Bertha resolveu muitas questões: tampou o incômodo no âmbito familiar e em seu burgo: exibiu utilidade; provou – com todo o respeito, mas visto o cenário de época – até uma mulher era capaz de dirigir o tal de Motor Wagen; sinalizou o início da mobilidade, encurtando em dias a distância se percorrida a cavalo ou carroça; e deu nome ao composto químico utilizado para limpeza e que, daí em diante se chamaria, obviamente, Benzina.

Viabilizou o negócio. Os jornais das cidades cruzadas pelo pioneiro veículo deram ampla cobertura, distribuindo-a pelo telégrafo e, quando Dona Bertha e os benzinhos voltaram, já haviam encomendas.

Benz produziu outra unidade e levou-a para a Feira Mundial de Paris, em 1889 e de lá voltou com outros pedidos viabilizadores do negócio. O resto entre percalços e vitórias, está aí com a estrela de três pontas, mito e meta.

Há a considerar a coragem de dona Bertha como o grande indutor e à quebra do paradigma que mulheres não conduziam, eram conduzidas, demarrando a influência feminina sobre o mercado de automóveis, hoje entre compras próprias e influencia, projetada em 70%.

Ponto final, somou-se às evidencias geradoras de frase sintética: “ Se é para explicar, chame um homem. Para fazer, uma mulher.”

Roda-a-Roda – Mais barato – O início da produção do Fiat 500 no México baixará o preço das próximas levas enviadas ao Brasil, sem pagamento alfandegário de 35%. Não será redução aritmética, mas diminuirá dos atuais R$ 60 mil.

FF – O duplo F permite interpretações – oficialmente é Ferrari Four, mas também pode ser Ferrari Feia.

Será lançada no Salão de Genebra e a característica é ter quatro lugares e tração nas quatro rodas.

Sigla idêntica à adotada pela inglesa Jensen no meio dos anos ´60 no modelo Interceptor, quatro lugares e tração Ferguson em todas as rodas.

Valor – Quanto vale o charme sobre um produto ? Conta alta. Numa parcela, o preço do produto e noutra, o algo mais permitido pela imagem.

A Aston Martin prova isto. Compra o pequeno Toyota IQ, aplica grade estilizada, retoca o interior, muda o nome para Cygnet, cola seu embleminha na frente – e dobra o preço.

Pirou – Fontes italianas garantem, a Alfa Romeo corre para ter pronto, no Salão de Genebra, em março, protótipo de seu carro-símbolo para o mercado norte-americano. Dizem-no esportivo, baixo preço, motor traseiro.

E ? – Alguém, imprensa ou executivo, com brio, tomou o local e bom Barolo de uvas Nebiollo e os 14% de álcool fizeram efeito.

É para assustar. Em fase de tentativo equilíbrio para sobrevivência e simbiose com o gosto norte-americano para voltar ao atrativo mercado, a mudança de conceitos assusta e tem custos muito elevados.

Imagem de Alfa para uso normal é motor dianteiro; esportivo, entre eixos. Traseiro, como um pêndulo, coisa de Fusquinha e Porsche, nunca.

VW – Início de março a marca venderá o novo Jetta, trazido do México. O picape Amarok cabine simples, só no segundo semestre. Transmissão automática, principal ausência das versões mais caras, sem previsão.

Produto – A Citroën iniciou produzir a versão a ser chamada C3 Picasso. É o Aircross com personalização urbana, previsão para vendas em junho-julho, R$ 50 mil, espaço entre os R$ 38 mil do C3 e R$ 57 mil do Aircross.

Mercado – Bom dizer, não é substituto nem fará canibalismo com o C3, mais vendido dos Citroën. A marca, em janeiro, conseguiu romper a barreira de 3% no mercado, vendendo 7.284 unidades.

Versão – Versão especial e temporária do Citroën C3, a Sonora é parceria do portal Terra, com acesso gratuito ao catálogo e baixar até 3.000 em um ano. Opções superam 2M de downloads.

Lead – Líder, 68% do mercado, o Lead 110, mudou apenas cores na versão 2011. Nos 700 concessionários Honda, em metálicas preta, vermelha, amarela e rosa. R$ 5.690,00, sem frete ou seguro. Caro.

Década – Dia 1º. a PSA, holding de Peugeot e Citroën comemorou 10 anos de produção industrial no Brasil, na fábrica da insólita Porto Real, RJ. No período iniciou produzir motores 1.4 e 1.6, dobrou a participação no mercado, a 5.7%, deslocou o eixo de ações e lucros para o Mercosul.

Futuro – O motor Twin Air da FPT ganhou o prêmio Paul Pietsch da revista alemã “Auto Motor und Sport”. O revolucionário cabeçote permite diminuir cilindrada, tamanho, peso, consumo e emissões, abrindo novo caminho para o convívio ecológico.

Está no Fiat 500 e irá para o Alfa Giulieta a ser lançado nos EUA. Dois cilindros verticais, 875 cm3, turbo, faz iniciais 85 cv e quase 25 km/litro.

Hermanos – Para atender diretamente à pequena mas interessante produção de veículos no Uruguai a fábrica pernambucana de baterias Moura lá instalou filial de distribuição. Também quer consumidores privados e distinguir-se pela assistência técnica e garantia.

Campeão – Divulgado o balanço da Autotrac, empresa de rastreamento controlada pelo tri-campeão mundial Nelson Piquet. Ano de transição, passou à frente os escritórios regionais financiando-os aos antigos gerentes e ainda deu lucro de R$ 33,5 milhões, 12% do faturamento.

Retífica RN – Coluna passada equivocou-se digitalmente quanto à plataforma do New Beetle: é a da Geração IV, e deixou dúvida quanto à suspensão traseira. Disse-a semi independente, mas tecnicamente, corrigem leitores, é eixo deformável. Como resultado, mesma coisa.

Antigos – Um dos ícones da história do automóvel faz 50 anos. É o Jaguar E Type, evolução da mítica família XK.

Chassi tubular, motor L6, 4.2, dois comandos 12V, três carburadores SU, suspensão por triângulos, eixo traseiro articulado com disco de freios in board, superava 240 km/h de velocidade final. Vendeu 70 mil unidades, teve má opção de problemático motor 5.7 em V12.

Dele, dois registros importantes: expressão de design, em azul violáceo exposto em enorme e alvo cubo no MoMA, o museu de arte moderna em Nova Iorque; e comentário atribuído ao igualmente mítico Enzo Ferrari: “é o carro mais bonito que já vi.”

Voltar para capa da seção De carro por aí, com Roberto Nasser

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