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Executivo brasileiro escreve mal

Muitos executivos se preocupam com o inglês, mas esquecem por completo a importância de escrever bem na própria língua

Recife (PE) Com assessoria da e-Press Comunicação
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A importância crescente da comunicação e a redução do número de secretárias nas empresas levou à necessidade de muitos executivos começarem a escrever suas próprias cartas, e-mails e apresentações.

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E o resultado disso tem sido um desastre de grandes proporções: os executivos brasileiros escrevem mal e a culpa é da escola.

Há poucas pesquisas a esse respeito, até porque pouca gente assume a autoria de textos ruins, mas uma pesquisa realizada pela Associated Press há duas décadas já mostrava a dura face do problema: ouvidas mais de 400 empresas, em 80% delas havia a certeza de que os executivos eram péssimos na produção de textos.

Segundo Carlos Faccina, ex-Diretor de RH da Nestlé e consultor, “durante bom tempo a prática de escrever bem andou ligada à idéia de cultura inútil, que não era fundamental para a produtividade”:

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“Mas de uns sete ou oito anos para cá, quando as empresas passaram a dar mais ênfase à comunicação como um todo, ficou visível o total despreparo dos executivos para redigir um texto”, alerta.

Para Marcelo Maron, Diretor Executivo do Grupo PAR, de Brasília, além de consultor e professor da UniEURO, muitos executivos se preocupam com o inglês, mas esquecem por completo a importância de escrever bem na própria língua:

“Escrever corretamente e dominar seu próprio idioma é condição básica para crescer na vida profissional. Salvo raras exceções, não há pessoas que cresçam em suas carreiras sem saber redigir boas correspondências, projetos ou mesmo contratos. Há quem diga que para tanto servem os assessores, advogados e secretárias. Com certeza é muito desejável que eles também saibam, mas um verdadeiro profissional tem de saber colocar suas ideias no papel, com clareza e objetividade. Caso contrário, não fará uso adequado de suas próprias aptidões”, assinala Maron.

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O executivo, que aplica teste de redação nos processos de seleção dos profissionais que contrata, diz-se impressionado com a quantidade de candidatos a cargos gerenciais que simplesmente não escrevem com clareza ou mesmo precisão: “Não me refiro ao português formal e absolutamente irretocável, mas ao domínio da língua de uma forma correta, limpa e clara, mesmo que um tanto coloquial. É o mínimo que se pode exigir de alguém que ocupe um cargo de liderança. Isso não quer dizer que aqueles que não têm cargos de chefia podem relaxar no que diz respeito ao bom português, porque escrever é básico, é cartão de visita de qualquer pessoa, física ou jurídica. Muitas coisas ali são reveladas, tais como equilíbrio, preparo, capacidade de exposição e síntese, imagem, objetividade, criatividade, entre muitas outras qualidades e até problemas”, explica Maron.

A clareza no uso do idioma, assinala Maron, que contrata em média 350 profissionais por ano, é fator decisivo para o sucesso em uma carreira, seja ela onde for: “Infelizmente, é muito comum encontrar comunicados empresariais que dariam vergonha a qualquer bom aluno de ensino fundamental.

As mensagens eletrônicas, tão utilizadas hoje em dia, são de uma pobreza linguística que causa tristeza. Embora curtos e muito focados, os ditos e-mails já revelam a qualidade da linguagem do seu autor. Erros de ortografia e concordância são muito comuns.

Erros de pontuação estão quase sempre presentes e, no meu entender, são os piores, uma vez que dificultam a interpretação e podem mudar completamente o sentido das frases. Mas sobretudo, falta às pessoas a clareza necessária para se fazerem entender na linguagem escrita.

Difícil encontrar quem construa um texto de forma adequada aos seus objetivos, mesmo com “erros perdoáveis”.

Possivelmente por terem pouca carga de leitura ao longo da vida, aliada à falta de prática, há muitas pessoas potencialmente competentes, mas que pecam na escrita. Vivemos nas empresas um verdadeiro apagão linguístico.

São raras as empresas que possuem empregados que efetivamente saibam escrever, e já vivi casos em que profissionais problemáticos mantinham seus empregos pelo simples fato de dominarem a linguagem escrita”, revela Maron, que recomenda a aplicação de redações em português nos processos de seleção.

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