Eles prezam pela experiência em detrimento da posse. Em vez de comprar aquele lançamento do ano, a geração Y prioriza o serviço que oferece acesso ao produto com total praticidade. Os jovens nascidos entre 1980 e 1999, os chamados millennials, estão redefinindo as relações de consumo ao seguirem rotas alternativas aos padrões que foram estabelecidos por décadas.
Fica a pergunta: a paixão pelo carro mudou? Na hora de comprar um veículo, este público espera que os modelos ofereçam as mesmas comodidades que são encontradas numa sala de estar, afinal eles conseguem trabalhar, conversar com amigos no smartphone e ouvir músicas, tudo isso ao mesmo tempo. Além de serem multitarefas, são multiconectados.
Diante de tantos desafios, empresas investem cada vez mais em pesquisas de mercado para identificar tendências como o atual peso da conectividade nas decisões de compra. Hoje ao entrar numa concessionária o jovem costuma olhar primeiro o carro por dentro – aqui, leiam-se as modernas tecnologias do painel – para depois checar outros aspectos do veículo.
Talvez a paixão por dirigir também não seja tão latente entre esses jovens, que valorizam a mobilidade e a sustentabilidade. Este cenário tem estimulado empresas a apostarem fortemente em veículos autônomos, nos quais as pessoas podem se locomover e usar o tempo em que estão livres da direção para usufruir da conectividade e fazer outros trabalhos.
Uma característica observada é a economia. Os millennials avaliam muito bem os seus recursos, a qualidade e aspectos ambientais. Se para gerações mais antigas o carro representa símbolo de status, para eles alternativas de transporte podem suprir a necessidade de ter um veículo. Em virtude deste cenário, o mercado também trabalha para que o carro seja o mais econômico possível.
Quando deseja comprar um veículo, independentemente das novas opções de mobilidade, a geração Y não se dirige à concessionária logo de cara, mas faz uma análise profunda, conversa com amigos e pesquisa em todos os meios que sejam possíveis para depois tomar uma decisão. O novo comprador vai à loja com uma ideia muito clara do que deseja.
Na reparação, esses jovens também prezam muito pelo atendimento multicanal, sem deixar de lado a qualidade do serviço e o rápido atendimento. Nesta linha, as empresas precisam estar muito atentas aos diferentes meios de interação, como aplicativos de serviços, redes sociais e sites, para manter proximidade com esse público.
É inegável que o mercado esteja mais complexo com o avançar das gerações, cada uma com suas demandas específicas. São diferentes os requisitos que norteiam uma decisão de compra e as percepções de utilização do veículo. Cabe à indústria buscar estratégias para atrair cada vez mais a geração Y, que já nasceu pronta para novas experiências aliadas à tecnologia.
*Ingo Pelikan é presidente do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva