A Ford criou o projeto do novo GT com três objetivos: testar futuras tecnologias de motores e aerodinâmica, ampliar o uso de materiais avançados e leves, como fibra de carbono, e finalmente, vencer as 24 Horas de Le Mans, considerada a principal prova de resistência do mundo.
Logo na estreia, no ano passado, ele conseguiu a vitória em Le Mans e os resultados na difusão de novas tecnologias também começam a aparecer.
Veja um vídeo do carro em testes na pista de Utah, nos EUA.
O painel totalmente digital e o modo de direção para pista fechada são exemplos de inovações do supercarro que estarão no Mustang 2018 e outros modelos da Ford.
Já outros desenvolvimentos, como a fibra de carbono, terão de esperar um pouco mais para chegar às ruas.
Versões anteriores do Ford GT também serviram como laboratório de testes. O GT 2005, por exemplo, tinha carroceria de alumínio para reduzir o peso e melhorar o desempenho.
O conhecimento que ele trouxe abriu caminho para o uso inovador de liga de alumínio de alta resistência nas atuais picapes Série F e no novo Expedition.
Aerodinâmica ativa – Cada detalhe do design do Ford GT foi aprimorado para a busca da máxima eficiência aerodinâmica.
Os objetivos principais eram reduzir o arrasto e melhorar a força descendente, que ajuda a dar estabilidade e aderência nas acelerações, curvas e frenagens.
Para melhorar a aerodinâmica em cada condição de rodagem a carroceria conta com elementos móveis: uma grande asa traseira e dutos dianteiros que abrem e fecham para equilibrar a dianteira e a traseira.
Quando a asa está levantada, os dutos se fecham para aumentar a força descendente; quando a asa está recolhida, os dutos se abrem para reduzir a força descendente.
Essa asa tem uma nova tecnologia com patente requerida pela Ford que, como os flaps de aviões, muda de ângulo e formato para melhorar em 14% a eficiência geral do veículo.
Até o motor ajuda na aerodinâmica do GT. O design compacto do EcoBoost de seis cilindros permite uma carroceria mais enxuta do que seria necessário para acomodar um V8.
O rebaixamento dos turbos e a colocação dos seus resfriadores à frente das rodas traseiras também contribui para o perfil mais enxuto.
Esse conjunto aerodinâmico garante uma força descendente positiva em todas as condições. Com a suspensão do GT elevada ou rebaixada, a força descendente tem um balanço de 30% ou 29% na dianteira, respectivamente.
Fibra de carbono – A carroceria de fibra de carbono ajuda a reduzir o peso e dar uma forma mais elegante ao GT, que não seria possível com aço ou alumínio.
A Ford pesquisa a futura produção em escala de peças desse material junto com parceiros como a Multimatic e a DowAksa.
Devido às limitações da estampagem convencional, os suportes que vão do teto aos para-choques traseiros, por exemplo, não poderiam ser feitos de aço ou alumínio.
A fibra de carbono permite desenhos complexos porque o material é cortado como um tecido e depois endurecido por cura em alta temperatura.
Motor EcoBoost – O motor EcoBoost 3.5 do Ford GT é o mais potente da família, com 656 cv. Ele foi desenvolvido junto com o motor de competição do GT e o EcoBoost 3.5 da picape F-150 Raptor, que tem quase 60% de peças em comum.
Durante os testes dos protótipos para a primeira corrida de resistência em Daytona, por exemplo, os virabrequins estavam quebrando sob condições extremas.
Com pouco tempo de preparação, o time tomou a decisão de substituir a peça por um virabrequim de produção da F-150 Raptor. E o protótipo venceu sua primeira corrida em Sebring naquele ano.
O GT usa também um novo sistema de dupla injeção direta de combustível e turbo com uma nova tecnologia “anti-lag” que aumenta a potência em retomadas.
Mesmo quando o piloto não está pisando no acelerador, ela mantém a velocidade e a carga do turbo para uma resposta mais rápida. A transmissão de dupla embreagem com sete velocidades permite mudanças quase instantâneas, com excepcional controle de direção.
Suspensão ativa – Os engenheiros da Ford focaram na redução de peso e avanços do motor para tornar o GT mais rápido e eficiente.
E, quando esse objetivo foi conseguido, “reinvestiram” parte dessa economia de peso em tecnologias inovadoras para tornar o carro ainda mais rápido e divertido de dirigir.
Um exemplo é a suspensão hidráulica que muda a altura da carroceria para cada modo de direção, ao girar de um botão. Do modo “Normal” ao modo “Pista”, o carro é rebaixado em 50 milímetros, uma diferença que o motorista pode ver e sentir.
No modo “Pista”, a calibragem das molas, o ajuste dos amortecedores e a aerodinâmica ativa também mudam: a asa traseira é levantada e os dutos dianteiros se fecham para aumentar a força descendente.
A suspensão conta também com o modo de dianteira elevada para passar em lombadas e outros obstáculos. Ele pode ser acionado com o carro em até 40 km/h e, acima dessa velocidade, o sistema retorna automaticamente para a altura normal.