Se a gente pode usar a imaginação para transformar a Via Anchieta num circuito, vamos dizer que, lá pelos anos 70, um motorista de Kombi arrasou na Fórmula 1, “levantando poeira” para um dos maiores ídolos da temporada, o sueco Ronnie Peterson, que tinha dois apelidos: Suéco Voador e SuperSwede (Super Suéco).
Ele andou, em 1970, na Tyrrel P34, de seis rodas, lembram? Faleceu em razão de um acidente tumultuado em Monza (Itália), que envolveu vários carros.
Naquele tempo quando da realização da prova em São Paulo, Interlagos, Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace, o Moco, desaparecido precocemente em um acidente de avião, promoviam almoços, no Guarujá.
Lá eles recebiam amigos, entre pilotos, membros de equipes e jornalistas.
Em um deles o sueco chegou um tanto quanto furioso e dizendo algo mais ou menos assim: “agora eu sei porque o Brasil tem tantos pilotos. Agora eu sei!” Indagado sobre a razão das suas “insinuações”, ele contou que estava no volante de um carro, descendo pela Anchieta, curtindo “as curvas da estrada de Santos”, como cantou o Rei Roberto Carlos, sem radares, quando chegou naquela que é conhecida com a “Curva da Onça”.
Metros à frente, uma Kombi seguia rapidamente pela estrada. E quando Ronnie, que faleceu tempos depois, se aproximou, o cara da Kombi acelerou e entrou na “Onça” com o pé direito no fundo, e as rodas traseiras da Kombi “saltitando” como é característica do veículo em curvas fortes como aquela, um verdadeiro “cotovelo”.
O piloto de F1 bem que tentou ultrapassar a Kombi, mas, enquanto durou aquele curto trecho (ali são três curvas) de serra, não conseguiu – ou não ousou fazê-lo – e ficou vendo o “piloto” brasileiro ganhando distância e “quicando” com a sua Kombi, modelo que já saiu de produção.
Era um veículo não apropriado para curvas, mas tinha uns “loucos” imbatíveis nelas, porque ninguém tinha coragem de ultrapassá-los. Ou melhor, nem mesmo tentar.
Ninguém conseguiu, claro, identificar o “piloto” da Kombi, mas todos riram muito da ira que provocou no Ronnie Peterson.