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O reúso de água no setor automotivo

Artigo de Diogo Taranto*

O reúso de água – prática atualmente indispensável nos setores industriais e até dentro do cenário urbano, tem cada vez mais ganhado força por meio dos benefícios técnicos, financeiros e socioambientais que ele proporciona.

Dentre os mais diversos setores industriais, o automotivo merece ser analisado com profundidade. Esse setor está entre os que apresentam cases relevantes e impressionantes pelo reúso de água em suas operações. Puxado por pressão de grandes players, ele avançou muito nos últimos anos, mas ainda carece de expressivos investimentos, principalmente quando olhamos para a cadeia de autopeças ou de fornecedores que atuam, exclusivamente, para atender a esse mercado.

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Atualmente é muito difícil apontar uma montadora, como exemplo, que não possua reúso de água em suas fábricas. Há cases admiráveis, como o da Stellantis que em suas três fábricas no País alcança a impressionante marca de 99,17% de reúso de toda a água em circulação. O louvável patamar é fruto de investimentos na ordem de R$ 10 milhões na construção de um sistema de tratamento de efluentes e reúso da água iniciado na década de 90.

A Toyota é outra montadora com um robusto projeto de gestão de água e com metas ousadas como a de diminuir em 35% a utilização do líquido em cada automóvel produzido até 2025.

Há ainda muitas outras montadoras com projetos de reúso de água cujo volume anual economizado alcança cerca 70% do consumo bruto, causando um impacto significativo na redução do custo deste recurso nas atividades cotidianas e propiciando um rápido payback do investimento realizado.

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As aplicações da água de reúso são das mais diversas, desde a utilização para lavagem de peças e locais de produção, até aplicação na própria produção, mediante o uso de tecnologias avançadas de tratamento, que produzem uma qualidade de água que atendem aos mais elevados parâmetros requisitados, superiores, inclusive, a água fornecida pelas concessionárias públicas.

Porém, se por um lado as gigantes multinacionais caminham para ampliarem cada vez mais seus níveis de reúso e tratamento de efluentes, as indústrias periféricas ainda carecem de conhecimento técnico, incentivos e implantação de projetos eficientes.

Algumas montadoras exigem rigorosos padrões de compliance de seus fornecedores, incluindo a chamada ESG – Environmental, Social and Governance, que contempla as avaliações de políticas ambientais e gestão de água. Mas sabemos que a uniformidade em um País como o Brasil é algo extremamente complexo, algumas empresas operam aquém do que deveriam e outras, à margem da legislação.

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Mas os benefícios em trilhar o caminho correto são imensos. A aplicação de medidas sustentáveis é condição indispensável para a obtenção de certificações e incentivos fiscais, refletindo diretamente na reputação das marcas perante seus públicos de interesse.

A preservação dos recursos hídricos é uma questão urgente em âmbito global. O reúso de água no setor automotivo promove economia de milhares de litros diariamente, o que contribui com a sustentabilidade e a disponibilidade do recurso para as próximas gerações.

A indústria automotiva corre contra o tempo em uma metamorfose para produzir veículos mais eficientes e movidos a fontes de energias renováveis. A água, o bem mais precioso, precisa ser protagonista nessa nova fase industrial.

*Diogo Taranto é diretor de Desenvolvimento de Negócios no Grupo Opersan, especializado em soluções ambientais para o tratamento de águas e efluentes. diogo.taranto@opersan.com.br

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