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Híbridos triplicarão participação no mercado brasileiro em 10 anos

Coluna Fernando Calmon nº 1.248 — 25/4/23 – A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), fundada em 2004 e vinculada ao Ministério das Minas e Energia, divulgou um estudo elaborado em 2022 sobre “Demanda de Energia para Veículos Leves” em que projeta uma participação 3,6 vezes maior de modelos híbridos (convencionais e plugáveis) na frota brasileira até 2032. Significa passar de 1,9% para a 6,9%, uma projeção bastante factível.

Entretanto, a participação de carros 100% elétricos não acompanhará esse ritmo e na realidade ficará bem abaixo em termos percentuais. Note-se que não se trata de vendas, mas de participação na frota circulante por motorização (a frota real e não a simplesmente registrada pelo Denatran em que veículos fora de circulação com baixa oficial no registro são raros).

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Dentro deste cenário destaca-se a Toyota, que acaba de anunciar um investimento de R$ 1,7 bilhão em suas duas fábricas no Estado de São Paulo: Sorocaba (onde produz Yaris hatch e sedã, além de Corolla Cross) e Porto Feliz (motores). A viabilização do projeto deu-se dentro do programa estadual Pró-Veículo Verde, pois haverá um novo modelo híbrido flex.

Não se trata de um subsídio convencional, pois o governo paulista deve R$ 1 bilhão em créditos do ICMS acumulados em exportações da fabricante japonesa para 22 países. Assim, ela deixa de recolher esse imposto ao longo de quatro anos até zerar o crédito. A empresa transformará 700 empregos temporários, hoje existentes nas duas fábricas, em efetivos.

A Toyota não revelou o modelo, mas se trata do sucessor do atual Yaris na versão Cross que será lançado no segundo semestre do próximo ano. Esse modelo é diferente do homônimo europeu pois utilizará a arquitetura simplificada DNGA originária da subsidiária Daihatsu. Tudo indica que o Yaris sedã também será renovado e terá, como o Cross, motorizações convencional e híbrida flex.

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Por outro lado, o governo do Estado de São Paulo pretende reduzir ou até zerar o IPVA para modelos híbridos e elétricos a partir de 2024. Até agora apenas o município de São Paulo abriu mão dos 50% que lhe cabem no IPVA.

Indústria de autopeças conta com programa Renovar – O 4º Encontro da Indústria de Autopeças, realizado no São Paulo Expo pelo Sindipeças na véspera da Automec (de 25 a 29 deste mês), trouxe a boa notícia que o setor esperava de confirmação dos estudos finais dos programas Renovar e Rota 2030. Segundo Margarete Gandini, diretora do departamento de desenvolvimento da indústria de alta-média complexidade tecnológica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, até junho próximo o programa que pretende renovar a frota brasileira de caminhões estará regulamentado e poderá ser implantado em seguida.

Gandini acenou à possibilidade de se criarem incentivos para o carro verde de entrada. Neste caso não foi tão assertiva, pois ela acredita que na atual condição de mercado não bastam modelos mais baratos, pois terão que ser financiados e os juros ainda estão elevados. Já a extensão do programa Renovar para incluir automóveis pode se transformar numa alternativa, embora isso dependa de estudos sem prazo para conclusão.

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Representante neste encontro da Clepa (associação similar ao Sindipeças na União Europeia), Benjamin Krieger afirmou que o prazo de 2035 imposto nos 27 países é rígido demais e corre-se o risco de pessoas serem alijadas do mercado pelo preço alto dos carros elétricos.

ALTA RODA

  • Apesar de especulações sobre Ford e BYD já terem assinado contrato de compra da fábrica desativada em Camaçari (BA), o fato é que isso não ocorreu até o momento, conforme comentei aqui. A única certeza é que a marca chinesa vai se instalar na Bahia para produzir automóveis híbridos e elétricos, chassis de caminhões e ônibus eletrificados (não somente 100% elétricos), além de uma unidade de processamento de lítio para baterias. Pode ser nas instalações construídas pela Ford ou não.
    Alguns diziam que depois da visita do presidente da República à China tudo seria anunciado. Até agora, nada. BYD, na realidade, tem o tempo a seu favor, além de já haver assinado um acordo com o governo baiano para linhas de VLT e monotrilho em Salvador. Há também incentivos estaduais generosos e talvez esteja em jogo um incerto subsídio federal. O investimento de R$ 3 bilhões da fabricante oriental está garantido.
  • Audi valorizou sua presença em Salvador com a inauguração de novas instalações da concessionária local, atendendo ao recente padrão mundial da marca. O salão de vendas foi reduzido para dar lugar a atendimentos individualizados, espaços de convivência, recarga de elétricos, entrega técnica e oficina. Investimento de R$ 6 milhões em 1.250 m². Na noite de abertura destaque para a perua RS6 Avant 4.0 V-8 TFSI, 600 cv, 86,1 kgf.m e rodas de 21 pol. É o modelo mais caro da marca vendido aqui: R$ 1,2 milhão.
  • BYD Yuan Plus, SUV elétrico de porte médio-compacto (pouco maior que o Compass), tem no estilo seu ponto alto. No que seria a grade dianteira há uma solução de boa estética e leveza que se estende pela lateral com um aplique interessante nas colunas traseiras. As lanternas atrás são interligadas por uma barra iluminada, o porta-malas inclui estepe e oferece bons 440 litros.
    No interior destaques para estilosas saídas de ar-condicionado (também para o banco traseiro) e inusitadas maçanetas de abertura das portas colocada sobre protuberantes caixas de som de tweeters. Uma solução que não agrada: o pequeno quadro de instrumentos com leitura deficiente sobre a coluna de direção cujo volante não é regulável em distância. Já a tela multimídia rotacionável de 12,8 pol. tem boa resolução, mas sem AndroidAuto e AppleCarPlay (ausência grave). Alavanca seletora das posições D-N-R é discreta, mas ergonômica. Assoalho atrás totalmente plano.
    Desempenho alto e esperado de todo veículo elétrico (204 cv e 31,6 kgf.m, tração dianteira). Ao selecionar o modo Sport, a resposta ao acelerador (kick down) é tão instantânea que as rodas dianteiras chegam a patinar por décimos de segundo mesmo em asfalto seco e já com o carro em movimento. Alcance em uso urbano com ar-condicionado ligado: 330 km.

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