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5º Fórum Transporte Sustentável: importante espaço de discussão de estratégias ESG

JSL, Coopercarga, MWM, Raízen, Bradesco, Marcopolo, Embraer, Scania, Maersk, Greenbrier Maxion, Grupo Vamos, Vibra, Eaton e JCA foram algumas das empresas que participam desta edição do evento.

A quinta edição do Fórum Transporte Sustentável foi realizada no dia 29 de novembro, de forma presencial, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. O evento, que a cada ano se consolida como um importante espaço de discussão de estratégias ESG, superou o número de 650 inscrições. Outra atração do encontro além dos painéis temáticos foi a área de exposição com veículos de carga e passageiros, com as mais modernas tecnologias do mercado.

Marcelo Fontana, diretor da OTM Editora e organizador do encontro, observou a evolução dos temas e discussões desde a criação do Fórum Transporte Sustentável. “Percebemos a necessidade de haver um evento com essa temática ligada à sustentabilidade no setor de transportes, com a participação de todos os modais, englobando cargas e passageiros. E temos a participação ativa das entidades e das empresas, o que resulta em um conteúdo de altíssimo nível”, comentou.

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“Nosso objetivo é inspirar o mercado com a troca de ideias, experiências e boas práticas”, disse Rodrigo Machado, organizador do evento. O jornalista Fred Carvalho, apresentador e mediador, enfatizou a importância da sustentabilidade no contexto atual de mudanças e emergências climáticas.

O 5º Fórum Transporte Sustentável discutiu os principais temas relacionados à sustentabilidade no transporte de cargas e passageiros, com apresentação de cases e iniciativas de sucesso. O Fórum contou com a participação de representantes dos grandes players do mercado e abordou temas como as perspectivas do setor de transporte, o desafio de zerar emissões, oportunidades e riscos das mudanças climáticas, novas tecnologias para o transporte sustentável, além de vários cases e experiências práticas de empresas de diversos segmentos.

Painéis sobre descarbonização e redução de emissões

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A apresentação de Fernanda Rezende, diretora-executiva adjunta Confederação Nacional de Transportes (CNT), sobre As perspectivas do setor de transportes, abriu a programação do Fórum. A executiva observou que o setor passa por uma fase de transição energética, com grandes pressões ambientais, principalmente para a redução das emissões de carbono.

“Temos diferentes fontes de energia, como biogás, biodiesel, Hidrogênio, energia elétrica, que deverão coexistir para esse processo de descarbonização. No Brasil, temos alguns desafios, pois falta uma regulamentação com metas determinadas, e não temos mão de obra especializada, nem infraestrutura”, destacou.

No painel, O desafio de zerar emissões, Henry Joseph Junior, diretor-técnico da Anfavea, e Gábor János Deák, diretor do Sindipeças, debateram a busca por soluções inovadoras e práticas para combater as emissões de carbono no transporte. Deák também acredita que diferentes tecnologias irão conviver neste caminho para a descarbonização do setor.

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Com relação à eletrificação de veículos pesados, o diretor do Sindipeças alertou para o custo total de posse (TCO) dos modelos elétricos em comparação àqueles movidos a diesel. “Nos pesados, até 2035, o veículo a diesel ainda é mais vantajoso, mesmo com os menores gastos com manutenção e operação. E temos as dificuldades de infraestrutura de abastecimento, não apenas para o elétrico, mas também para outras fontes de energia como o gás natural”, comentou.

Já Henry Joseph Junior afirmou que enxerga o cenário brasileiro futuro com “olhos otimistas”, no que se refere à redução de emissões. “O Brasil já fez avanços em regulamentação e metas. Temos o Proconve, que define os níveis de emissões do veículos pesados; o Inovar-Auto que teve como sequência o Rota 2030”, enumerou. Ele ainda lembrou que o projeto Mover, que vem para substituir o Rota 20230 e deve ser anunciado em breve, vai adotar o conceito “do poço à roda”, que controla as emissões de carbono em todas as etapas. O estímulo ao uso do etanol, a ampliação do biodiesel e do HVO também foram destaques deste painel.

Em seguida, o tema discutido foi Como diminuir a pegada de carbono. A experiência nos modais rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo. Ramon Alcaraz, presidente da JSL, contou que a companhia tem uma estratégia de sustentabilidade. “Somos muito cobrados neste sentido. E buscamos reduzir em 15% as emissões até 2030. A eficiência logística ajuda muito na redução dos impactos ambientais e o Brasil pode melhorar bastante nesse aspecto.”

Leonardo Garnica, head de inovação corporativa Embraer, afirmou que a meta da empresa é alcançar a neutralidade de carbono até 2040, enquanto a meta do setor de aviação global é chegar a esse estágio em 2050. Para isso, a empresa tem investido em novas aeronaves híbridas a Hidrogênio, SAF (combustível sustentável de aviação) e 100% elétricas – o eVTOL que deve começar a operar em 2026.

Carlos Rocha, diretor-técnico da Frota Aliança Maersk, ressaltou que o modal marítimo é o que menos emite carbono por tonelada e quilômetro. “Nosso desafio é ser net zero até 2040”, disse. A companhia lançou o primeiro navio porta-contêineres carbono neutro do mundo, em 2023, o Laura Maersk, movido a metanol.

José Rafael, da Vibra Energia, e Gustavo Tannure, da EZvolt, apresentaram a parceria das duas empresas. O case apresentado foi o primeiro posto 100% elétrico do país, o Eletroposto Anália Franco, em São Paulo, que possui capacidade para carregar até 36 veículos simultaneamente. Novos eletropostos e hubs de recarga devem ser inaugurados ainda neste ano.

Riscos e oportunidades das mudanças do clima foi o tema apresentado pelos especialistas do setor financeiro Júlio Carepa de Sousa, gerente de departamento de Riscos Climáticos do Bradesco e João Alberto de Sena Manso Filho, superintendente-executivo do Bradesco. “A agenda ambiental tem crescido do no Brasil e no mundo, mas não se pode perder o viés econômico. Isso ocorre nos países desenvolvidos, mas aqui ainda precisamos avançar”, disse Sousa.

O painel Novas tecnologias para o transporte sustentável teve Wagner Fonseca, da Netz engenharia, como mediador. Renata Tozzi, gerente de Sustentabilidade do Grupo Vamos, contou que no aluguel de empilhadeiras, a demanda pelos modelos elétricos tem sido predominante. “Na locação de empilhadeiras, de dez contratos fechados, nove são de modelos elétricos. Isso ocorre porque temos escala. Acho que o mais importante neste momento é transformar os pequenos cases em grandes projetos, como ocorre com as empilhadeiras”, avaliou.

Renata Bento Matos, Enterprise Account Manager da Raízen, informou que a empresa fornece etanol, etanol de segunda geração e biogás. “Temos seis novas plantas em construção, sendo que cinco são para etanol de segunda geração e uma para biogás, disse.

Alexandre Albacete, gerente de estratégia de produtos – Caminhões e Ônibus da Eaton, disse que a empresa tem desenvolvido tecnologia para veículos elétricos e também tem seus objetivos internos em sustentabilidade. “É importante lembrar o papel das transmissões automatizadas que otimizam a faixa de operação dos veículos pesados, reduzindo o consumo e as emissões”, afirmou.

Thiago Brito, supervisor de Novos Negócios MWM, deu maior destaque à transformação veicular ou retrofit, em que o veículo a diesel passa a usar gás e biometano como combustível, reduzindo as emissões e o nível de ruídos. “Não é uma simples adaptação: trocamos o motor. É uma solução que reduz custos e é viável, pois 85% dos componentes são similares ao do motor a diesel, o torque e a potência são os mesmos. Nós também cuidamos da regulamentação da documentação do veículo que passa pelo retrofit”, informou.

Júlio Bem, especialista de pesquisa e desenvolvimento da Vipal Borrachas, relatou as iniciativas da empresa para a produção de pneus mais sustentáveis. “Desenvolvemos compostos e desenhos de banda de rodagem que reduzem a resistência do rolamento, usamos matérias-primas de fontes renováveis e incentivamos o reuso e a reciclagem de materiais. E também estamos atentos às demandas dos veículos elétricos que têm exigências diferentes em relação aos pneus.”

Rodrigo Muniz Cordeiro, gerente de engenharia de desenvolvimento da Greenbrier Maxion, observou que o modal ferroviário é mais eficiente ambientalmente. O executivo também sublinhou que a engenharia ferroviária brasileira é de primeira linha. “Nosso objetivo tem sido reduzir a tara dos vagões, para que possam carregar mais carga com menos peso. Para isso, utilizamos novos designs e materiais”, disse.

Thiago Ferreira Veiga, gerente de desenvolvimento técnico para combustíveis e lubrificantes Vibra, afirmou que o HVO é uma alternativa tecnicamente viável para abastecer a frota de pesados, mas ainda faltam investimentos em infraestrutura para expandir sua utilização.

Experiências de sucesso

Rodoviário de cargas e passageiros – os últimos avanços foi o sexto painel do 5º Fórum Transporte Sustentável. Leandro Rocha, diretor comercial Coopercarga, contou que a empresa quer reduzir 20% das emissões de carbono nos próximos quatro anos. Quando questionado sobre a falta de condutores no mercado, o executivo informou que contornou o problema contratando motoristas mulheres.

“O ESG tem que trazer resultados. Por isso, temos que ter parâmetros para medir o impacto dessas ações”, acredita Gustavo Rodrigues, CEO do Grupo JCA. O executivo deu ênfase ao pilar social da estratégia ESG do grupo, que financia diversos programas educacionais e de capacitação para a comunidade e para os colaboradores. “Temos foco nas pessoas”, sublinhou.

Ricardo Portolan, diretor comercial mercado interno e marketing da Marcopolo falou sobre o sucesso da linha de ônibus rodoviários da Geração 8, que foi desenvolvida dentro de padrões rígidos de sustentabilidade e qualidade. “O lançamento da Geração 8 transformou o mercado brasileiro e criou novos padrões e patamares de segurança, confiabilidade, conforto, design, tecnologia.” A Marcopolo também trouxe o Attivi Integral, ônibus totalmente elétrico da marca.

Outro destaque na área de exposição foi o ônibus elétrico urbano a baterias da Mercedes-Benz. “O eO500U é uma solução que reforça o compromisso da empresa em oferecer uma alternativa sustentável para a mobilidade urbana. Os elétricos são uma opção para aplicações urbanas de ônibus e caminhões. Já para operações rodoviárias, uma alternativa seria o hidrogênio, mas ainda está distante para o Brasil”, disse Mike Munhato, gerente de eMobility da Mercedes-Benz do Brasil.

Márcio Furlan, diretor de marketing, comunicação e experiência da Scania, fez uma abordagem mais ampla sobre a estratégia de sustentabilidade da marca, que se baseia em três pilares: transporte inteligente, que possibilita uma melhor gestão da frota por meio da conectividade; eficiência energética nas frotas movidas a diesel; e eletrificação e combustíveis alternativos como gás natural e biometano.

“O diesel vai continuar relevante ainda por muito tempo. Por isso, a Scania investiu em uma nova linha de caminhões movidos a diesel, a linha Super, que apresenta redução significativa no consumo de combustível”, disse.

O último tema do evento foi Caminhos para o net zero: experiências práticas, com a mediação de Márcio D’Agosto, coordenador do PLVB. Daniel O. Toloni, diretor da BT Logística Integrada, abordou a transformação veicular ou retrofit. “Já temos muitos projetos com veículos que passaram a usar o gás natural e biometano. E também estamos avançando na eletrificação.”

Carlos Ferreira, coordenador de sustentabilidade, ESG, SSMA e Qualidade da Jomed, também focou sua apresentação na transformação veicular. A empresa já conta com 17 veículos que passaram pelo retrofit e circulam principalmente na rota entre Rio de Janeiro e São Paulo, por causa estrutura de abastecimento. “Utilizamos em 70% da operação o biometano e o restante é com GNV”, informou.

Nelson Bortoli, corporativo de Frota LOG 20, disse que 4% da frota da empresa é de veículos elétricos (39 equipamentos). “Temos boas experiências na distribuição urbana com frota elétrica. E vemos muito positivamente a questão do retrofit, que estende a vida útil de um equipamento e o torna mais sustentável”, comentou.

Guilherme Wilson, gerente de planejamento e controle da Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro (Semove), disse que a federação já testou todas as alternativas viáveis em combustíveis alternativos. “O Brasil tem uma vocação gigante para fornecer biocombustíveis e etanol. Acredito muito nessas alternativas e também na tecnologia Euro 6 que já reduz significativamente as emissões. Temos capacidade ainda de produzir hidrogênio verde, inclusive com energia eólica. Faltam programas federais para que todas essas tecnologias possam ser ampliadas e mantidas no longo prazo”, analisou.

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