Após uma longa disputa, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) decidiu aumentar o imposto de importação de pneus de 16% para 25% para veículos de passeio, gerando reações adversas de importadores e consumidores.
A guerra de argumentos que começou em abril entre a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) e importadores culminou em uma decisão que poderá encarecer ainda mais os produtos para o consumidor brasileiro. Em sua 218ª reunião, o Gecex aprovou um aumento de 9% no imposto de importação para pneus de carros de passeio, que agora passa a ser de 25%. Para pneus de carga, o imposto permanece em 16%.
Importadores de pneus criticam a decisão, afirmando que foi baseada em dados questionáveis da indústria nacional. A Anip defendeu que muitos pneus asiáticos entram no Brasil a preços inferiores ao custo da matéria-prima, mas um estudo da consultoria Charles River Associates contestou essa afirmação, revelando que os pneus importados custam, em média, 81% a mais do que a matéria-prima utilizada na fabricação.
Ricardo Alípio, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), argumenta que a decisão é prejudicial ao consumidor e requer uma investigação aprofundada sobre os preços dos insumos na indústria nacional. Ele destaca que os custos inflacionados podem indicar uma ocultação de lucros e que a elevação do imposto é inoportuna em um cenário econômico já desfavorável, com o dólar a R$ 5,43 e fretes altos.
O aumento do imposto, que terá validade de 12 meses, poderá elevar o preço final do pneu importado em até 16%, impactando diretamente a inflação em 0,1% a 0,2% e encarecendo também os veículos e os custos de manutenção.
Samer Nasser, diretor de Relações Institucionais da Sunset Tires, critica a justificativa da Anip para o aumento, afirmando que o custo de produção de pneus no Brasil é competitivo em relação a outros países. Ele ressalta que o aumento do imposto de importação é uma medida que favorece apenas um grupo restrito de fabricantes, prejudicando a liberdade de escolha dos consumidores.
Apesar das críticas, a Camex decidiu não aumentar o imposto de importação para pneus de caminhões e ônibus, uma medida bem recebida pelos transportadores, que enfrentam dificuldades com o aumento de custos. Agora, Nasser sugere a busca por soluções que promovam um ambiente competitivo justo, beneficiando tanto a indústria quanto os consumidores.