O BW Fórum, realizado em São Paulo, trouxe à tona a complexidade da transição energética no setor de equipamentos para construção, com especialistas destacando a necessidade de múltiplas soluções para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
O mercado de equipamentos para construção tem buscado alternativas diversificadas para a transição energética, refletindo sobre os desafios impostos pela redução das emissões de gases de efeito estufa. Durante o BW Fórum, realizado pelo Movimento BW, especialistas reforçaram que não existe uma solução única, devido à variabilidade de demandas, configurações e aplicações do segmento.
Yoshio Kawakami, sócio-diretor da Raiz Consultoria, destacou a mudança de paradigma que o setor enfrenta, deixando para trás a hegemonia do diesel. Ele mencionou tecnologias em transição, como gás natural, biodiesel, híbridos, hidrogênio, sistemas elétricos com bateria ou capacitor, e outros, que demonstram o avanço das indústrias motoristas nesse contexto.
Luis Ferrari, da John Deere, corroborou que a transição energética exige flexibilidade, dado que cada tipo de equipamento possui necessidades específicas. Ele apontou que combustíveis líquidos ainda terão relevância devido à sua viabilidade logística e que as políticas públicas devem refletir esse cenário múltiplo.
Suellen Gaeta, da Cummins, trouxe uma visão sistêmica, destacando a importância do tripé formado por infraestrutura, regulamentação e tecnologia para soluções sustentáveis. Ela mencionou o destaque da matriz energética brasileira, com ampla disponibilidade de biocombustíveis líquidos, biometano e potencial crescente no uso do hidrogênio.
Complementando a visão sobre biometano, Thiago Brito, da MWM, reforçou o papel desse combustível como solução limpa e viável, mencionando sua produção a partir de resíduos de saneamento. Ele enfatizou que, embora o diesel ainda tenha espaço, a evolução contínua de padrões de emissões, como o Euro 6, é um marco no avanço da eficiência energética.
No cenário técnico, Marcelo Sakurai, da FPT Industrial, apresentou diferenças entre combustíveis alternativos, como biodiesel, biometano e etanol, destacando a eletrificação como foco principal no segmento rodoviário de menor porte. Para veículos maiores, outras tecnologias ainda estão em desenvolvimento.
A geopolítica também foi um ponto relevante, abordada por Camilo Adas, da SAE Brasil, que ressaltou como as diretrizes energéticas europeias nem sempre se aplicam globalmente. Ele apontou o papel do Brasil na transição, especialmente pelo histórico com biocombustíveis, como o etanol, e reforçou a importância da economia circular para dar sentido às mudanças.
O evento também contou com a palestra de Luis Gustavo Delmont, da EMBRAPII, que abordou as rápidas transformações tecnológicas e sociais como fatores que impactam a tomada de decisões na indústria, incentivando a análise de cenários para identificar oportunidades emergentes.
Organizado pela Sobratema e pelo Instituto de Engenharia, o BW Fórum reuniu líderes do setor para debater estratégias e inovações no enfrentamento da crise climática. Com o apoio de empresas como John Deere, Cummins, Case Construction e Sotreq/Caterpillar, o evento reforçou a necessidade de colaboração para transformar o setor de construção em um exemplo de sustentabilidade.