Comprar um carro novo está cada vez mais distante da realidade de boa parte dos brasileiros. De acordo com levantamento da Oficina Brasil, o preço médio de um modelo zero-quilômetro saltou de R$ 76 mil, em 2019, para R$ 141 mil em 2023 — um aumento de 85%. Esse cenário impulsionou o crescimento do mercado de manutenção e serviços automotivos.
Com veículos mais caros, a tendência foi a de preservar o que já se tem na garagem. Dados da Oficina Brasil mostram que a média mensal de atendimentos por oficina mecânica saltou de 80 veículos em 2020 para 122 em 2024, crescimento de 52,5%. Para André Simões, Diretor Executivo da Oficina Brasil, essa mudança de comportamento mostra uma nova mentalidade entre os motoristas: “O brasileiro passou a enxergar a manutenção preventiva como um investimento essencial na longevidade e segurança do veículo, e não mais como um custo.”
A elevação no número de serviços realizados também impactou positivamente o setor industrial. Segundo o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), o faturamento da indústria de autopeças cresceu 13,3% em 2024, na comparação com o ano anterior, refletindo a demanda aquecida por componentes de reposição.
Efeito pandemia e escassez de peças
O maior salto nos preços dos carros novos foi registrado em 2021, quando a alta chegou a 30% em apenas um ano. O movimento foi impulsionado por uma combinação de fatores: escassez global de peças, interrupções logísticas, inflação elevada e os efeitos da pandemia sobre a cadeia automotiva. Essa conjuntura desestimulou as trocas de veículo e fortaleceu a permanência com modelos mais antigos.
Frota envelhecida pede mais cuidados
A idade média da frota circulante no Brasil também ajuda a explicar a valorização do mercado de oficinas. Em 2019, os carros leves tinham, em média, 10,2 anos de uso. Em 2023, esse número subiu para 11,5 anos. Com veículos mais antigos, a demanda por manutenção corretiva e preventiva cresce proporcionalmente.
Esse envelhecimento da frota aquece toda a cadeia do aftermarket, que compreende oficinas, centros automotivos, fornecedores de peças e ferramentas. “Carros mais velhos pedem mais cuidados. Esse movimento aqueceu a cadeia de reposição automotiva e impulsionou os negócios em todo o aftermarket”, reforça Simões.
Oficina de confiança ganha protagonismo
Num cenário em que trocar de carro exige um investimento elevado, manter o veículo atual em condições seguras e funcionais passou a ser uma escolha estratégica e racional. Com isso, as oficinas mecânicas e os profissionais da reparação ganham papel central, sendo responsáveis por garantir desempenho, segurança e economia aos motoristas que optam por seguir com o mesmo carro.
O aumento do conhecimento técnico por parte dos consumidores e a valorização de oficinas bem estruturadas refletem a importância do setor no momento atual da mobilidade urbana no Brasil.
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Aftermarket: segmento que engloba serviços, peças e acessórios destinados à manutenção e reparação de veículos após a venda original.
Manutenção preventiva: conjunto de cuidados e inspeções programadas para evitar falhas e garantir o bom funcionamento do veículo.
Frota circulante: total de veículos registrados em uso em uma determinada região ou país.
Reposição automotiva: mercado voltado ao fornecimento de peças e componentes para veículos em manutenção ou conserto.