Em nota oficial, a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva – manifesta preocupação diante da possível redução tarifária para kits CKD e SKD de veículos eletrificados, sem contrapartidas concretas para a engenharia local.
A decisão, prevista para ser analisada nesta quarta-feira, 30 de julho, pelo Gecex (Comitê Executivo de Gestão da Camex), envolve a diminuição das tarifas de importação para veículos eletrificados montados no Brasil a partir de kits desmontados – CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi Knocked Down). A proposta prevê alíquotas reduzidas de 5% e 10%, respectivamente, pelo período de três anos.
Segundo a AEA, a medida, embora possa facilitar a entrada de novos OEMs (fabricantes de equipamentos originais), carece de garantias quanto ao real compromisso das empresas envolvidas com o desenvolvimento da engenharia automotiva nacional e com a efetiva localização da produção no país. Para a entidade, é imprescindível que tais incentivos estejam vinculados à transferência de tecnologia, formação de profissionais e fortalecimento do ecossistema industrial brasileiro.
“É fundamental que a chegada de newcomers esteja atrelada ao investimento em engenharia local, à geração de empregos qualificados e à produção de valor no Brasil, respeitando os pilares econômico, social e ambiental”, reforça a associação em seu comunicado. A AEA alerta que, sem isso, corre-se o risco de tornar o país apenas um centro de montagem, sem fomento ao conhecimento e à inovação tecnológica.
A preocupação ganha ainda mais relevância no atual momento de transformação da indústria automotiva, com a transição para veículos eletrificados e conectados, que demandam novas competências técnicas. A ausência de políticas de incentivo à formação de engenheiros e técnicos poderá comprometer a inserção do Brasil nesse novo cenário global.
Com mais de 40 anos de atuação, a AEA é a principal entidade técnica do setor automotivo nacional. Composta por representantes da indústria, do meio acadêmico e do Governo Federal, a associação participou ativamente da formulação das políticas públicas que consolidaram o país como um dos polos automotivos mais relevantes do mundo.
Ao final da nota, a entidade reafirma seu compromisso com a cadeia de valor da engenharia automotiva nacional e destaca a importância de se preservar os avanços conquistados nas últimas décadas. “O Brasil precisa ser atrativo para o desenvolvimento local, não apenas para a montagem”, conclui a AEA.
O posicionamento ocorre em um momento estratégico para o futuro da mobilidade elétrica no país, diante do aumento do interesse de marcas asiáticas e de novos players em instalar operações no mercado brasileiro, aproveitando a abertura gradual às tecnologias limpas.
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CKD (Completely Knocked Down) – Conjunto de peças totalmente desmontadas que são importadas para posterior montagem no país de destino.
SKD (Semi Knocked Down) – Similar ao CKD, porém com menor grau de desmontagem; parte da montagem já é feita no país de origem.
OEM (Original Equipment Manufacturer) – Fabricante de equipamentos originais, ou seja, marcas que produzem veículos completos ou componentes.
Gecex (Comitê Executivo de Gestão) – Órgão da Camex responsável por decisões relacionadas à política de comércio exterior, como tarifas de importação.
