Os Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista (ADAS) funcionam como um segundo par de olhos e um cérebro extra para o seu carro, ajudando a prevenir acidentes. Eles usam uma rede de sensores e softwares para monitorar o ambiente e, quando necessário, intervir na direção.
No entanto, o que muitos motoristas não sabem é que esses sistemas dependem da calibração perfeita de seus componentes. Uma simples manutenção mecânica, como a troca de amortecedores ou um alinhamento, pode desajustar a “visão” do carro, comprometendo a segurança e o correto funcionamento das tecnologias.
As soluções de assistência, que parecem invisíveis ao condutor, são, na verdade, cruciais para a segurança. Compostas por radares, câmeras e sensores, as tecnologias ADAS são modulares e podem atuar de forma independente ou integrada. Há alguns anos, esses sistemas eram exclusivos de modelos premium, representando menos de 1% dos veículos vendidos no Brasil. Hoje, a presença das tecnologias ADAS já alcança cerca de 22% do mercado e se estende por diversos segmentos, tornando a segurança mais acessível.
Entre as funções mais conhecidas e benéficas, destacam-se:
- LDW (Lane Departure Warning) e LKA (Lane Keeping Assist): Ajudam a evitar acidentes causados por desvios involuntários de faixa. O LDW alerta o motorista com sinais visuais, sonoros ou táteis (vibração no volante) quando o veículo começa a sair da pista. O LKA vai um passo além, intervindo automaticamente no volante para manter o carro na faixa.
- AEB (Automatic Emergency Braking): Essencial para prevenir colisões traseiras, o sistema AEB pode evitar até 72% desses acidentes. Quando um radar ou câmera detecta um obstáculo à frente, o sistema alerta o motorista. Se não houver resposta, ele aplica uma frenagem parcial. Caso o perigo de colisão seja iminente e o motorista não reaja, o sistema executa uma frenagem de emergência total para evitar ou mitigar o impacto.
- ACC (Adaptive Cruise Control): O ACC ajusta a velocidade do veículo para manter uma distância segura e pré-definida do carro à frente, adaptando-se ao fluxo do trânsito. O sistema funciona com alta eficiência em diferentes condições, inclusive à noite ou em neblina, proporcionando mais conforto e segurança ao motorista e aos passageiros.
O problema de uma calibração inadequada pode ser comparado a dirigir com óculos de grau errado: a visão está comprometida e o foco fica distorcido.
Os sistemas ADAS são uma cadeia complexa composta por sensores (câmeras, radares, lidar), processadores, unidades de controle e atuadores. Os sensores captam as informações do ambiente, o processador as interpreta e a unidade de controle decide a ação. Se um componente mecânico altera a posição de um sensor, toda essa cadeia é comprometida, podendo gerar alertas falsos ou, pior, falhar em um momento crítico.
A suspensão é um ponto crítico. A troca de amortecedores ou molas altera a altura e o ângulo da carroceria, modificando a perspectiva dos sensores.
Uma câmera frontal, por exemplo, foi projetada para ler faixas de rolamento e placas de trânsito a uma altura específica. Qualquer desvio nessa referência pode comprometer a leitura, afetando o Alerta de Permanência em Faixa (LDW) e o reconhecimento de placas de velocidade.
Com a crescente complexidade dos veículos modernos, a manutenção deixou de ser um processo puramente mecânico. A integração entre mecânica e eletrônica exige que os profissionais da área tenham conhecimento técnico e ferramentas específicas para lidar com softwares e hardwares complexos. A simples substituição de uma peça não é suficiente; é preciso assegurar que o novo componente não interfira na comunicação e na calibração de todos os sistemas de segurança.
A legislação brasileira acompanha a evolução tecnológica para tornar os veículos mais seguros. Em 2014, o airbag frontal e o ABS passaram a ser obrigatórios. Em 2019, foi a vez do ABS para motocicletas acima de 300cc.
Desde o início de 2024, o Programa Eletrônico de Estabilidade (ESP) tornou-se item de série. Atualmente, está em discussão a obrigatoriedade dos sistemas AEB e LDW para veículos produzidos no Brasil, bem como a adoção do ABS para motocicletas de baixa cilindrada, o que representará um avanço significativo para a segurança nas estradas.
A segurança na estrada é uma responsabilidade compartilhada entre o motorista, a tecnologia e a manutenção. Ao levar seu carro à oficina, é fundamental que você pergunte sobre a calibração dos sistemas ADAS após a realização de qualquer serviço que afete a suspensão, o alinhamento ou a direção. Cuidar desses detalhes é a garantia de que a tecnologia a bordo do seu carro funcionará da forma correta, oferecendo a precisão necessária para uma condução segura.
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ADAS (Advanced Driver-Assistance Systems) – Sigla para Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista, um conjunto de tecnologias que ajudam o condutor a evitar acidentes ou a mitigar seus efeitos.
ABS (Sistema Antibloqueio de Frenagem) – Sistema de segurança que impede que as rodas travem durante uma frenagem brusca, permitindo que o motorista mantenha o controle direcional do veículo.
ESP (Programa Eletrônico de Estabilidade) – Tecnologia que ajuda a manter o carro sob controle em situações de perda de aderência, atuando nos freios e na aceleração para evitar que o veículo derrape ou saia de sua trajetória.
Calibração – Processo de ajuste de sensores e câmeras para que suas leituras e posicionamento estejam perfeitamente alinhados com as referências do veículo, garantindo o funcionamento preciso dos sistemas eletrônicos.