Algumas pessoas só descobrem deficiências visuais no trânsito. Não pense que dirigindo você pode fazer o mesmo gesto utilizado na leitura.
Quando as letras começam a embaralhar, a solução costuma ser aproximar (miopia) ou afastar o papel (hipermetropia). Porém, o ato de dirigir exige reações rápidas e, antes de se certificar da distância de outro carro, um motorista com problemas de visão já poderá ter causado um acidente.
Só para se ter uma idéia, a 60 km/h, um motorista emétrope (de visão perfeita) consegue avistar um obstáculo a 20 metros de distância.
Espaço suficiente para dar tempo de colocar o pé no freio e parar. Com apenas um grau de miopia, a pessoa poderá não garantir a reação necessária.
Se o defeito for hereditário, menos ruim, já que a pessoa deve ter conhecimento de causa. É difícil identificar a chegada de um defeito de visão.
Ele surge aos poucos e se agrava num ritmo tão lento que a pessoa acaba se acostumando com a desfocalização, sem se dar conta do inconveniente.
O condutor também não percebe a deficiência caso enxergue bem apenas com um olho ou se tiver estrabismo. Apesar de parecer clara, a visão fica prejudicada, mas não totalmente.
“O cérebro trabalha deixando de lado a ajuda do olho prejudicado, como se ele não existisse. Neses casos, a pessoa continua tendo o direito de dirigir”, diz a oftalmologista Ana Catarina de Souza.
Deficiência – Segundo Ana Catarina, o condutor consegue ler placas de sinalização normalmente, mas passa a ter uma vaga noção de profundidade.
Numa ultrapassagem, por exemplo, fica difícil saber que tipo de veículo se aproxima e qual é a sua distância. Entretanto, esses motoristas não podem ser enquadrados na classe profissional. Isso por causa da deficiência da visão.
Os portadores de catarata (nível adiantado) têm visão desfocada em qualquer distância, como se olhassem através de um vidro embassado.
O problema ainda é pior em estradas, quando a velocidade é maior e as placas e obstáculos surgem mais depressa.
Como a média de aceleração nas rodoviasfica em torno dos100 km/h, o motorista é forçado a planejar com mais antecedência suas ações no trânsito.
Exame é uma inspeção clínica
A aprovação no exame do Departamento de Trânsito não garante 100% de visão saudável. Segundo o oftalmologista credenciado ao Detran, Antônio Carlos Marques, o teste não substitui o exame de vista que deve ser feito anualmente.
“O Detran instrui os médicos a clinicarem de acordo com os pré-requisitos da boa dirigibilidade”. O Detran exige uma inspeção clínica geral e não apenas visual.
Além do carro, os motoristas têm que se preocupar com sua saúde e ficar atento às revisões. Os olhos refletem a saúde da pessoa.
“Doenças como diabetes ou hipertensão, se forem mal controladas, podem trazer graves lesões à visão”, diz Antônio Carlos.
A inspeção acompanhou o rigor das leis de trânsito a partir da sua reformulação em 1997. “O número de reprovações por deficiência visual diminuiu, já que as pessoas têm se preocupado em fazer exames antes de ir ao Detran.
Além da qualidade do atendimento ter melhorado: agora atendemos apenas três pessoas por hora, o que dá margem para uma análise mais detalhada”, afirma. Asrevisões oficiais devem ser feitas a cada 5 anos durante o período da renovação da carteira de motorista.
A partir de 65 anos, o prazo diminui, fazendo-se necessário a cada 3 anos, ou dependendo da deficiência de cada um.
Os analfabetos estão fora da lista dos motoristas brasileiros portadores da carteira de habilitação regulamentada. Isso porque eles não leêm placas informativas, e não são instruídos no trânsito, podendo vir a causar algum acidente.
Um daltônico enxerga bem, entretanto costuma confundir as cores verde e vermelho.
Como a posição dos semáforos não segue um padrão internacional, na Lei de Trânsito Brasileira, o daltônico está impedido de dirigir, porque ele não distingue a hora certa de seguir ou parar diante de um semáforo.