Por volta de 1885, quando Karl Benz, considerado o pai do automóvel, tentava fazer da carruagem puxada por cavalos um veículo movido a motor, ninguém – nem mesmo o próprio Benz – poderia imaginar que, um dia, o vidro se transformaria em item de segurança.
Com a evolução dos processos produtivos da indústria automobilística, utilizando avançados recursos tecnológicos, atualmente cada componente do automóvel é projetado para aumentar a segurança de seus ocupantes.
Surpreendentemente, os vidros exercem uma função fundamental na estrutura da carroceria do veículo e, por conseqüência, na proteção do usuário.
Além do fator segurança, os vidros também têm relação direta com o design e conforto do automóvel.
A produção de vidros automotivos evoluiu de mãos dadas com o próprio automóvel. Acompanhou a tendência do estilo dos veículos modernos e permitiu ampliar cada vez mais a área envidraçada.
Tanto assim que dos 2 metros quadrados apresentados nos automóveis dos anos 60, a marca de 4,3 metros quadrados foi superada nos mais recentes lançamentos.
Com os utilitários esportivos e minivans, há casos em que por conta das dimensões maiores, a superfície envidraçada já atinge a 6 metros quadrados. Paralelamente, foram adotados vidros curvos, de diferentes formas, garantindo mais recursos aos estilistas automotivos.
Os vidros contribuem ainda para melhorar o desempenho dos veículos e a economia de combustível, pela maior inclinação do pára-brisa e do vigia (vidro traseiro).
Dos ângulos de 30 graus de inclinação para o pára-brisa e de 13 graus para o vigia traseiro presentes nos veículos produzidos nos anos 50, os modelos atuais possuem pára-brisa com 60 graus e vigia traseiro com 28 graus, proporcionando redução significativa no coeficiente de arrasto aerodinâmico (Cx).
A introdução dos vidros colados no início dos anos 70 foi outro passo importante no desenvolvimento de vidros.
Em substituição à montagem com guarnições de borracha, o conceito de fixação por colagem possibilitou que passassem a ser soldados diretamente no carro.
Esse processo revelou-se eficiente a ponto de o vidro contribuir para aumentar a resistência estrutural da carroceria, fato levado em conta pelos engenheiros que procuravam carros cada vez mais leves, econômicos e seguros.
Como resultado, as colunas do teto se tornaram menores e a área envidraçada ampliada, o que aumentou a visibilidade do motorista em todas as direções.
O conceito de colagem de vidros funciona bem, pelo menos até que um pára-brisa, por exemplo, seja substituído. A partir daí existe um grave risco de se comprometer a integridade estrutural do veículo.
Os fabricantes de adesivos utilizados no processo de soldagem alertam que a substituição de um vidro colado não é algo simples de ser feito. Exige o trabalho de profissionais especializados, que sigam os procedimentos e utilizem materiais corretos.
Uma simples falha na fixação de um pára-brisa pode gerar uma fragilidade potencialmente fatal na estrutura do veículo, com conseqüências desastrosas para o usuário.
É o caso dos air bags que, quando acionados, apóiam-se no pára-brisa e, por isso, dependem da resistência garantida pela sua adequada fixação para que os ocupantes do veículo não venham a sofrer ferimentos ou sejam lançados através do vidro.
Percy Faro – Especial para o Diário Online