Os projetos da GM Hy-wire e Hidrogen 3 antecipam aquilo que poderá ser a realidade em 2010, no que toca aos automóveis.
Foi no circuito de Mônaco que a GM apresentou os dois protótipos.
Que tal conduzir um veículo apenas utilizando as mãos? Com certeza antes dessa matéria você até duvidaria dessa possibilidade.
Mas a General Motors mostrou que isso é possível através do protótipo Hy-wire, que consome como combustível o hidrogênio, e além das diversas novidades tecnológicas incluídas, não existem pedais.
Mas não faltam apenas os pedais. Os espelhos retrovisores foram substituídos por micro-câmeras colocadas no exterior do veículo; as portas abrem de forma assimétrica e o volante pode ser deslocado do lado esquerdo para o lado direiro sem qualquer problema.
A plataforma de desenvolvimento desse projeto revolucionário, foi desenvolvida em parceria com a Bertone, responsável pela estrutura e carroçaria do veículo. Esta plataforma é denominada skateboard – pela sua forma plana – e tem a particularidade de alojar todos os componentes das fuel-cells (células de combustíveis) que são responsáveis pelo sistema de propulsão e controle do Hy-wire.
O interior estilizado conta com uma elevada superfície vidrada, e quase nenhum comando visível
Na prática, e num futuro que já não está longe, este tipo de solução permite montar inúmeras possibilidades de carroçarias na mesma estrutura base.
Num exercício de pura imaginação, será possível andar de esportivo num dia, e em outro trocar por um carro familiar ou um monovolume, sempre com a mesma estrutura base, alterando apenas as configurações eletrônicas da suspensão.
É claro que, até lá, ainda há muito para aperfeiçoar, mas, neste momento, este é o primeiro veículo a fuel cells que não recorre à solução tradicional de as montar no mesmo local onde costumam estar os comuns motores de combustão.
Como se pode perceber, o Hy-wire reúne várias vertentes do desenvolvimento do automóvel, o que fez com que a GM tivesse vários colaboradores interessados no seu desenvolvimento.
Um deles é, precisamente, a SKF, empresa sueca que trabalha há vários anos com tecnologias by-wire na aeronáutica e é responsável pelo controle do veículo.
O volante tipo avião, desenvolvido pela empresa nórdica, permite controlar a caixa de velocidades com um simples toque de botão, o acelerador com a rotação dos punhos, os quais acionam também os freios quando são “apertados.”
A chuva insistente, num aeródromo nos arredores de Nice, obrigou a um contato com este concept dentro de um dos hangares, o que limitou o teste a umas centenas de metros.
Mesmo assim, foi possível sentir o trabalho feito pelos engenheiros do projeto, nomeadamente na direção, que, voltamos a lembrar, não tem qualquer ligação mecânica entre o volante e as rodas.
Para tal, foi desenvolvido um sistema eletrônico que simula o feedback de uma direção normal, para o condutor ter uma noção correta daquilo que se passa com as rodas dianteiras.
O interior é pleno de estilo, com um ambiente minimalista e uma ampla superfície vidrada, que resulta de um trabalho da Bertone, a qual se interessou por este projeto precisamente pelas possibilidades que um veículo by-wire abre no que diz respeito ao design.
Recorrendo à filosofia de um familiar de grandes dimensões, este automóvel tem um aspecto apelativo, para o qual constribuem as enormes jantes de 20 polegadas, à frente, e 22 atrás.
HydroGen 3
Apesar do Hy-wire ter sido a estrela desta apresentação, isto não impediu a Opel de apresentar a terceira geração do Zafira HydroGen.
A GM, em parceria com a Toyota, continua a apostar forte nas energias alternativas, não só por uma questão ambiental, mas também pelas possibilidades que o hidrogênio abre, no sentido de acabar com a depedência do petróleo.
É óbvio que, para se tomarem decisões desta importância, é necessária uma grande vontade e coragem políticas, pelo que uma rede de armazenamento e distribuição de hidrogênio terão sempre de passar pela participação ativa das empresas petrolíferas, que constituem nesta matéria um lobby com muita força.
As pedras basilares para a GM com este Zafira são desenvolver um veículo que seja apelativo, acessível no preço e na manutenção e, ao mesmo tempo, lucrativo para o construtor.
Neste momento existem dois tipos de Zafira a hidrogênio. Um em que o armazenamento do mesmo é feito sob forma líquida; e outro em que o gás é comprimido em cilindros de plástico envolvidos em carbono, capazes de aguentar à pressão de 700 bar à qual estão sujeitos.
O Zafira hidrogênio já vai no seu terceiro estágio de evolução. A plataforma plana do Hy-wire permite alojar todos os componentes e pode receber ínumeras variedades de carroçarias.
A primeira solução permite uma autonomia de 400 km, mas apresenta problemas relacionados com a temperatura do hidrogênio, que começa a condensar assim que esta sobe acima dos 253 graus negativos.
Com a segunda hipótese, os problemas da temperatura são atenuados pela resistência ao calor dos cilindros, que também são à prova de bala, mas a autonomia não vai além dos 270 km.
Segundo os responsáveis da marca, a solução ideal passa pela junção das duas opções, pelo que as investigações continuam nesse sentido.
Quanto a produção deste modelo e do Hy-wire, as previsões mais otimistas acreditam que esta pode acontecer ainda antes de 2010.
Tarcisio Dias