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Poluição do ar também afeta o coração

Pesquisa do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP revela que a mortalidade por problemas cardiovasculares cresce até 14% em dias de inversão térmica

A poluição atmosférica é responsável pelo aumento no número de mortes e atendimentos por complicações cardíacas na região metropolitana de São Paulo.

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Segundo estudos do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o índice de mortalidade provocado por problemas cardiovasculares tem acréscimo de até 14% em dias de inversão térmica.

O resultado da pesquisa vem se somar aos já conhecidos efeitos da poluição nas vias respiratórias do paulistano. Nos dias mais poluídos, há um aumento de 45% nos atendimentos em prontos-socorros na capital.

A maioria com bronquite ou pneumonia. Idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios crônicos são os que mais sofrem.Inicialmente, o estudo do pesquisador-médico Chin An Lim buscava dar seqüência a suas pesquisas sobre efeitos da poluição no aumento da mortalidade entre pacientes com problemas respiratórios.

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Mas, para sua surpresa, o número de atendimentos e mortes relacionados a cardíacos era proporcionalmente maior.

“Sabíamos da relação entre poluição e problemas cardíacos, mas não era esperada nessa proporção.

“Os dados que serviram de base ao trabalho foram obtidos pela análise do número de atendimentos a pacientes cardíacos, na faixa etária de 45 a 80 anos, no Instituto do Coração (Incor), nos dias críticos de inversão térmica em 1999 – um período de dois meses, entre maio e agosto.

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Londres – Um recente estudo do St. George Hospital Medical School, em Londres, sugere que o monóxido de carbono e outros poluentes, como o dióxido de nitrogênio, fumaça e dióxido de enxofre, podem ser responsáveis por um em cada 50 ataques cardíacos.O monóxido de carbono representa grande perigo para o coração.

O gás tóxico inutiliza a hemoglobina, cuja função é levar o oxigênio pelo corpo. Doentes cardíacos crônicos têm reduzido o fluxo de oxigênio para o coração, o que pode levar a uma parada cardíaca.

O impacto de materiais particulados e do ozônio, este em crescimento, também tem sido considerado como um dos fatores mais nocivos sobre a saúde humana.”A presença dos poluentes ainda é alta, principalmente materiais particulados e ozônio.

“De acordo com Lim, a propagada diminuição, pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), dos índices de monóxido de carbono não significa que o risco à saúde esteja diminuindo.A causa do problema está relacionada à quantidade de veículos na metrópole.Há cerca de 6 milhões de veículos em circulação, lançando milhares de toneladas de monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de enxofre e de nitrogênio, aldeídos, vapores e partículas. Os congestionamentos agravam ainda mais as emissões.

A Cetesb, responsável pelo monitoramento dos poluentes na atmosfera, estima que cerca de 12 mil toneladas de materiais particulados são emitidos anualmente na cidade.

Essa quantidade é lançada, principalmente, pela fumaça preta emitida por uma frota de aproximadamente 400 mil veículos, movidos a óleo diesel, composta por ônibus, caminhões e caminhonetes.

Responsáveis por 90% da poluição do ar da região metropolitana de São Paulo, os cerca de 6 milhões veículos em circulação despejam algo em torno de 3 mil toneladas de substâncias tóxicas.

Transporte – Ambientalistas e pesquisadores são unânimes em apontar a deficiência dos serviços de transporte públicos como causas do problema.

Para a professora Maria de Fátima de Andrade, do Instituto Astronômico e Geofísico da USP, a emissão de poluentes por veículos é um grave problema, ainda não adequadamente tratado.”O problema do monóxido ainda não foi resolvido”, afirma.

Se houvesse um serviço de qualidade, que utilizasse mais fontes não poluentes, como metrô, trens e ônibus a gás, o problema seria menor. “Fizeram uma opção errada de transportes.

“A demora na criação do programa de inspeção veicular pode pôr a perder as conquistas obtidas com a redução na emissão de poluentes por veículos fabricados a partir de 1997 com catalisadores. “Em breve, esses veículos estarão poluindo muito, se não forem inspecionados”, afirma Maria de Fátima.

Já o ambientalista Délcio Rodrigues, do Greenpeace, critica a falta de vontade política de levar em conta os problemas ambientais no planejamento de política de saúde e transporte.

Para Rodrigues, o avanço da Cetesb em detectar os problemas ambientais não teve contrapartida numa ação governamental correspondente à gravidade do problema.

O secretário de Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, diz que a questão foi prejudicada pela falta de diálogo entre os poderes públicos, mas se defende: “O governo estadual tem ampliado a rede do metrô e está criando uma interligação com os trens.

“Inspeção veicular – Para tentar reduzir o problema, Tripoli aposta na inspeção veicular a ser adotada em 2001.

Após quase dez anos na gaveta, o programa foi regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito em maio.

Os governos estaduais ficaram responsáveis pela escolha das empresas que farão a inspeção, com supervisão e controle dos Departamentos Estaduais de Trânsito.Todos os 11 milhões de veículos que circulam no Estado passarão por inspeção.

Aprovados, vão receber um certificado que os autoriza para licenciamento.Vítimas – Enquanto a inspeção não vem, a médica Maria Antônio Figueiredo diz que o atendimento aumentou em cerca de 50% a partir de maio, no Hospital Menino Jesus, onde trabalha. “As principais vítimas são as crianças de até 3 anos.

“A passadeira Santa Rodrigues da Silva, de 34 anos, já perdeu a conta das vezes em que precisou levar sua filha Jennifer Barraldine às pressas para o pronto-socorro. Situação semelhante vive o enfermeiro Elaci Salles da Silva, de 31. Seu filho Erick, de 1 ano e 8 meses, precisa de constante socorro hospitalar.A dona de casa Raquel Cardoso dos Santos cuida de sua prima, Laudicéia Santos, de três meses – que tem crises há dois. “É duro vê-la nesse estado e não poder fazer nada.”

Texto: José Gonçalves Neto

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