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Acidente nas estatísticas

Quem não conhecer alguém que já tenha sofrido ou mesmo tenha sido vítima dos acidentes de trânsito.

Vários são os fatores que fazem do Brasil o líder mundial em vítimas dos acidentes. Nos jornais as guerras muitas vezes ganham bastante espaço, mas as vítimas dos acidentes de trânsito superam esse número em nosso País.

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Vivemos uma guerra em nossas vias e você precisa tomar cuidado para não ser a próxima vítima.

Abrimos esse espaço na seção Seu Automóvel, pois precisamos conscientizar melhor as pessoas sobre os riscos que elas correm todos os dias quando saem de casa. Acompanhe essa série de matérias.

Pesquisa mostra que falhas no registro de mortes podem mascarar estatísticas de acidentes de trânsito no Brasil

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Apesar dos avanços do novo Código de Trânsito, o Brasil deve manter por muito tempo o primeiro lugar no ranking mundial de mortes nas estradas.

Uma tese de mestrado apresentada no Departamento de Enfermagem sugere que as estatísticas de acidentes com vítimas fatais são muito piores do que o público, e mesmo as autoridades de trânsito, imaginam.

A enfermeira Marilene Rocha dos Santos fez um levantamento dos casos de morte em acidentes envolvendo veículos pesados na rodovia BR-153, no trecho que atravessa o Município de São José do Rio Preto.

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Com base nas informações fornecidas pela Polícia Rodoviária Federal, Marilene teve acesso aos atestados de óbito assinados por médicos do IML e descobriu que durante todo o ano de 1998 não constava em nenhum dos documentos o acidente de trânsito como causa básica da morte.

“O correto seria que o acidente fosse apontado como causa básica e o trauma decorrente como causa terminal”, explica a enfermeira.

“Se isso ocorreu com os casos de morte no próprio local, o que acontece quando a vítima morre devido a complicações no hospital?”

A preocupação de Marilene é compartilhada por Fábio Racy, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Trânsito (Abramet).

“Temos plena consciência de que o controle estatístico dos acidentes não é confiável, tanto que costumamos trabalhar sempre com o dobro dos números fornecidos pelo governo”, afirma o médico.

Racy lembra que, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em 1998 morreram 23.400 pessoas em conseqüência de acidentes de trânsito.

“Mas é claro que o número é muito maior, porque não são consideradas as pessoas que morreram nos hospitais, por exemplo”, diz o presidente da entidade.

A solução proposta é a adoção de procedimentos padronizados para os registros de acidentes

A solução defendida pela Abramet para tornar essas estatísticas mais confiáveis é a adoção de procedimentos padronizados para elaborar registros de acidentes.

“A obrigação das autoridades de trânsito é acompanhar, durante pelo menos um mês, o estado das vítimas de acidentes graves, e, caso a pessoa não resista às complicações, registrar como causa mortis o acidente”, afirma Racy.

BR-153 registra mais acidentes e menos vítimas após nova legislação – A enfermeira Marilene Rocha dos Santos analisou todos os acidentes envolvendo veículos pesados ocorridos na rodovia federal BR-153 entre julho e dezembro de 1997 e de 1998, antes e depois da implantação do novo Código de Trânsito.

Embora o número de acidentes tenha aumentado de 103 para 114, a gravidade das ocorrências foi menor: 13 óbitos em 1997 contra 9 em 1998.

“Acreditamos que o resultado seja reflexo da nova legislação, sobretudo no que se refere ao uso de itens de segurança nos veículos”, afirma Marilene.

O presidente da Abramet, Fábio Racy, acrescenta que, além do Código de Trânsito, a evolução da indústria automobilística tem contribuído para impedir que o número de acidentes cresça na mesma proporção da frota de veículos.

Tráfego intenso – Os números analisados referem-se a um trecho de 136 quilômetros da BR-153, na altura do município de São José do Rio Preto.

“Escolhemos esse trecho por ser um dos mais movimentados, embora as autoridades não tenham fornecido os números exatos do tráfego”, explica Marilene.

O fator humano manteve-se como principal causa de acidentes nos dois anos, aumentando de 73,7% para 80,6% dos casos.

“A falta de atenção e as ultrapassagens indevidas continuam sendo as maiores causas de acidentes”, diz.

Segundo a orientadora do trabalho e chefe do Departamento de Enfermagem da Unifesp, Lucila Amaral Vianna, levantamentos como o realizado por Marilene são importantes porque fornecem subsídios para as campanhas preventivas a serem realizadas pelo governo.

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