NFS: Underground segue à risca o estilo do filme Velozes e Furiosos, focando nos rachas noturnos dentro das cidades entre carros mais normais, porém totalmente modificados para corrida.
Aqui não existe Ferrari, Porsche ou Lamborghini, e sim Golf com spoilers gigantes, Peugeot 206 com neon e Focus com rodas aro 19, com espaço também para alguns esportivos mais agressivos como o Toyota Supra e o Nissan Skyline R34.
Ao som de hip hop e rock alternativo, seu objetivo principal é ir derrotando os adversários nas ruas e torrando a grana das apostas no tuning de seu possante.
São diversas opções de incrementos, tanto estéticos quanto de performance, que tornarão seu carro cada vez mais potente e imponente.
Visualmente, temos opções de pára-choques fronteiros e traseiros, saias laterais, spoilers, modificações no capô e teto, rodas, neon, escapamentos, cor da lataria e demais partes, escurecimento dos vidros, máscaras para faróis e lanternas traseiras, adesivos e pinturas personalizadas.
Em termos de mecânica, temos modificações no motor, caixa de marchas, suspensão, sistema de injeção de combustível, pneus, redução de peso e freios, e adição de turbo e nitro.
Cada um dos itens citados pode ser encontrado em modelos e marcas diferentes, o que torna o leque de customização enorme. No final das contas, com tudo isso instalado, seu veículo vira uma super-máquina veloz e cafona.
Modos e pontos – Need for Speed: Underground tem basicamente 3 modos de competição, interessantes para variar o jeito de jogar: Drift, Drag e Corrida.
O primeiro é uma espécie de campeonato de derrapagens, que pontua pelas curvas feitas de lado; O segundo é o quilômetro de arrancada, no qual só importa pisar fundo e trocar as marchas na hora certa;
E o terceiro é o modo de pega, que pode ser subdividido em Sprint (trajeto único, com começo e fim), Tournament (conjunto de várias pistas), Circuit (uma pista só), Lap Knockout (cada volta um adversário é eliminado, ficando apenas um no final) e Time-Trial (igual ao Sprint, porém se corre sozinho, contra o tempo).
O modo principal, o Underground, começa com pouquíssimas opções de carros e quase nenhum tipo de upgrade disponível.
A liberação destes equipamentos extras para os veículos vai acontecendo à medida que alcançamos determinados pontos de estilo, que funcionam como a experiência de um jogo de RPG.
Estes pontos de estilo são conseguidos de acordo com a maneira que o jogador se comporta nas corridas, algo que lembra o sistema de pontuação por Kudos de Metropolis Street Racer ou Project Gotham. Para você ter uma idéia, vou citar as ocasiões que nos bonificam com pontos:
Head Start: Largar na frente dos adversários;
Clear Section: Completar uma parte da pista sem trombar;
Power Slide: Fazer curvas jogando a traseira do carro;
Victory: Ganhar a corrida;
Short Cut: Pegar um atalho;
Near Miss: Desviar ou passar bem perto do tráfego;
Drafting: Ficar no vácuo de um adversário;
Hang Time: Ficar no ar em um salto;
Lead Lap: Completar uma volta na primeira colocação.
No final das corridas, estes pontos de estilo são somados e multiplicados pelo seu grau de reputação (vai de 1 a 5), que é definido pelo número de incrementos que você tem no veículo.
Por exemplo, se colocamos rodas aro 18, saias e um spoiler no carro, sua reputação atinge o nível 2, assim todos os pontos de estilo que ganhamos nas pistas são multiplicados por 2.
Essa é uma maneira interessante de incentivar os jogadores a equiparem seus veículos com o que há de mais moderno, em uma forma de buscar ganhar sempre mais pontos para liberar ainda mais partes bacanas e outras coisas, como pistas para o modo Quick Race e Free Run, mais carros e reconhecimento – a medida que evoluímos, vamos aparecendo em várias capas de revistas de automobilismo e tuning.
Outro tipo de bonificação existente no jogo – e que por sinal não foi muito bem implementado – é o dinheiro, que é utilizado para comprar os carros e peças liberados através do acúmulo de pontos de estilo.
Entretanto nunca falta dinheiro, ele é uma pontuação descartável, uma vez que podemos comprar as peças que quisermos sempre.
Não existe aquela necessidade de correr por dinheiro, basta ir chegando na primeira colocação no modo de dificuldade médio (falarei da dificuldade mais adiante) que sempre teremos um montante que dá e sobra para adquirir tudo que será liberado na próxima vez.
A EA até tentou consertar um pouco o sistema de pontuação por dinheiro criando uma maneira de fazer com que o jogador continue valorizando o elemento financeiro até depois que comprou tudo que está disponível na loja: trocando de carro.
É possível ter apenas um carro na garagem por vez, ou seja, quando chegar numa competição onde outro carro cairia melhor, é necessário vender o atual e pagar a diferença para a aquisição do outro. Na minha opinião, um remendo para tentar limitar um sistema mal elaborado.
Jogabilidade – Apesar de ser um jogo arcade, fácil, Need for Speed: Underground prefere se manter um pouco mais próximo da realidade, fazendo assim com que não existam aqueles exageros em trombadas e saltos.
O comportamento dos carros nas pistas é fisicamente coerente ao que seria em uma corrida de verdade, ao mesmo tempo em que o jogo não exige do jogador grande conhecimentos de pilotagem. Ou seja, é bastante amigável.
Os três modos de jogo citados mais acima ajudam bastante o jogo não cair na mesmice. Enquanto o modo de corrida é o básico, o Drift e o Drag trazem jogabilidades bem distintas, que obrigarão o jogador a se tornar um expert em técnicas diferentes de pilotagem.
Na primeira, o carro fica com menos aderência à pista e temos que fazer curvas jogando a traseira para os lados, derrapando e ganhando pontos.
Muito divertido. Na segunda, o carro fica obrigatoriamente com as marchas manuais e temos que acertar o tempo de troca para conseguirmos sugar o máximo da potência do motor.
Neste modo não fazemos curvas, só desviamos do tráfego que aparece de maneira automática – um toque para esquerda ou direita faz o veículo mudar de pista.
O nível de dificuldade pode ser ajustado a cada competição, mas, no geral, o jogo pode ser considerado fácil, pelo menos até cerca de 60% dele. A grande maioria das curvas pode ser feita em alta velocidade e dá para ganhar tudo no modo mais difícil sem grandes problemas.
Acontece que, de uma hora pra outra, as coisas começam a ficar complicadas devido à velocidade muito grande, que torna os erros mais graves, e os adversários, que ficam mais precisos e agressivos.
As derrotas começam a surgir com freqüência a partir daí e a seleção dos modos médio começa a se tornar constante – o modo fácil é só em casos extremos.
Belos e enjoativos cenários – Tecnicamente, Underground não é um espetáculo, mas também não deixa de ser extremamente competente.
Como as corridas acontecem sempre à noite, há um show de iluminação o tempo todo, seja pelas luzes dos postes ou pelos faróis dos carros, que tem um ótimo efeito.
O reflexo também aparece o tempo todo e chega até a exagerar, fazendo com que os carros brilhem demais, o que fica pouco real. Abaixar o nível de reflexo nas opções é uma boa opção.
O maior destaque na parte visual, sem sombra de dúvidas, é o efeito de motion blur que vai ficando cada vez mais intenso à medida que aceleramos os veículos.
Tem gente que pode até não gostar dele (uma opção permite desligá-lo), mas tal efeito é responsável por uma sensação de velocidade única.
Se colocarmos a visão em primeira pessoa então, parece que estamos jogando F-Zero, de tão rápido que fica.
Essa velocidade extrema, somada ao visual dos veículos que circulam na cidade, cria várias situações que merecem ser apreciadas várias vezes.
Uma pena que, para isso, você vai ter que gravar suas corridas em fita de vídeo cassete, pois Underground não tem opção de replay.
Dá para acreditar? Não tem nada, nem aqueles replays automáticos, que mostram um pedaço da corrida, nada, nada…
Outro ponto negativo é que os cenários, que sempre foram uma das características mais marcantes de NFS, estão limitados ao ambiente urbano e noturno. Enjoa muito.
Os sons também são legais, mas estão longe de serem bem realistas. Os roncos dos motores, apensar de bons, não variam muito de um modelo para o outro. As derrapagens, trombadas e demais ruídos são convincentes.
Need for Speed: Underground é uma ótima adaptação da mania dos pegas urbanos e “tuning” popularizados pelo filme Velozes e Furiosos.
Em relação aos jogos anteriores da série é uma mudança radical de estilo, muito bem vinda, ainda que muitas vezes um tanto repetitiva e com espaço para melhoras.
Prós:
+ Personalização dos veículos é bacana. As possibilidades são imensas;
+ Modos Drag e Drift muito divertidos;
+ Ótima sensação de velocidade. O uso do motion blur é perfeito;
+ Bom sistema de pontuação por estilo encoraja o jogador a equipar seu carro com as novas peças que se tornam disponíveis;
Contras:
– Grande parte do tempo é bem fácil. De uma hora pra outra, fica difícil demais;
– Como um jogo de corrida pode não ter a opção de replay?
– O dinheiro no jogo é quase inútil. Nem precisava existir
Distribuidor: Electronic Arts
Programador: EA Games
Categoria: Corrida
Plataforma: PC