Com o aquecimento da economia e a demanda interna por produtos siderúrgicos, o País está atravessando uma fase incomum que talvez nem todos tenham consciência, principalmente as universidades: há falta de profissionais de engenharia no mercado.
A constatação foi feita na abertura do VIII Seminário de Automação de Processos, que aconteceu em Belo Horizonte.
“As indústrias estão trabalhando à exaustão e a carência de profissionais de engenharia já é uma realidade”, afirmou Luiz Eduardo Ganem Rubião, diretor geral da Chemtech Siemens, empresa anfitriã do evento.
Ele não fala apenas pela experiência de sua empresa. O executivo comentou que na Rio Oil & Gás, que aconteceu no Rio de Janeiro e da qual a sua empresa também esteve participando, o assunto também ocupou parte das discussões.
“Pelo cenário, vamos ter que importar profissionais. Não que isso seja negativo, mas temos que formar nosso próprio quadro de Engenharia”, salientou Rubião.
Segundo ele, é preciso fazer um trabalho para mudar o conceito de que não há mercado para o número de engenheiros formados anualmente pelas universidades, como até duas décadas atrás.
“Hoje a situação é inversa. Por isso, vejo com muita satisfação o trabalho que a ABM vem realizando junto às universidades para alertar sobre o problema e passar uma nova mensagem de incentivo aos futuros colegas. Esse é um desafio que precisa ser transposto, sob risco do Brasil perder novamente o trem da história”.
Em sua mensagem de boas-vindas, Horacídio Leal Barbosa Filho, diretor-executivo da ABM, disse que, em função do aumento da produção das usinas,realmente está faltando engenheiro metalurgista no mercado.
O quadro vai se agravar com as expansões previstas até 2008, alcançando 44 milhões de toneladas de aço por ano. Ou seja, um crescimento de 30% em relação ao patamar atual.
Para exemplificar, ele citou que só a Companhia Vale do Rio Doce vai investir em três usinas siderúrgicas no Maranhão e que precisará de profissionais capacitados.
“O mais grave é que os cursos de Engenharia Metalúrgica estão se transformando em Engenharia de Materiais e são poucas as faculdades que mantêm a fidelidade a essa cadeira”, alertou.
Especificamente na área de Automação, Leal lembrou que as siderúrgicas deverão investir recursos da ordem de US$ 116 milhões.
“Da mesma forma que foi um dos fatores fundamentais para a competitividade da nossa siderurgia, a Automação também deverá dar sua contribuição para assegurar mais qualidade aos produtos, redução dos custos e das perdas da produção”, afirmou ele, desejando bom trabalho aos participantes do seminário, que prevê a apresentação de 48 contribuições técnicas.