Com a proximidade das férias e do verão, muitas famílias começam a planejar suas viagens.
Muitas delas, inclusive, lembram de realizar uma revisão no veículo checando óleo, freio, injeção eletrônica, filtro, etc.
Mas, raramente alguém lembra dos pneus. Saiba como verificar e como dirigir melhor!
Para ajudar o motorista, o Gerente Geral de Engenharia de Vendas da Bridgestone, José Carlos Quadrelli, conta os principais cuidados que o motorista deve ter com seus pneus.
Como o motorista percebe que o pneu está “careca”, ou seja, a profundidade do seu sulco não é mais segura?
QUADRELLI – O limite de segurança é de 1,6 mm de profundidade dos sulcos. Ou seja, em muitos casos, o pneu pode estar “careca”, embora os sulcos ainda sejam visíveis.
A profundidade mínima dos sulcos foi definida por órgãos reguladores internacionais e estabelece um padrão mínimo para que o pneu possa escoar a água quando roda em piso molhado.
Caso o motorista não possua um medidor de profundidade de sulco, ele pode observar esta especificação por meio de pequenos ressaltos presentes na base dos sulcos, o TWI.
Eu recomendo fortemente que todo usuário identifique a marca do TWI e passe a controlar o desgaste do pneu.
Um pequeno cuidado como este poderá significar a diferença entre sofrer ou não um acidente.
Além de colocar a segurança do motorista em risco, trafegar com o pneu abaixo do limite de segurança pode causar outros riscos?
QUADRELLI – Sim. A resolução do Contran 558/80 estabelece que trafegar com pneus abaixo do limite é ilegal. Com isso, o veículo pode ser aprendido.
Sabemos que a pressão do pneu é um fator importante para garantir sua vida útil. O que pode acontecer, caso o motorista trafegue com o pneu com baixa pressão?
QUADRELLI – A baixa pressão é um dos principais inimigos do pneu. À medida que ela diminui, aumenta a temperatura interna do pneu, que pode chegar a valores críticos que provoquem a deterioração da estrutura do pneu e sua eventual falha.
Além disso, ela causa diversos problemas como um rápido desgaste do pneu, já que os seus ombros passam a receber uma carga maior.
Ocorre ainda um maior consumo de combustível, perda de estabilidade nas curvas, direção pesada e perda da capacidade de manejo.
E o excesso de pressão nos pneus, pode causar algum problema?
QUADRELLI – As conseqüências do excesso de excesso de pressão são bem menores do que a falta de pressão, porém, podem causar desgaste mais acentuado no centro da rodagem, perda de estabilidade em curvas, rachaduras na base dos sulcos, maior propensão a estouros por impacto e maior facilidade de penetração de objetos.
E o rodízio de pneus? Ele é realmente importante?
QUADRELLI – O rodízio de pneus tem por função equalizar o desgaste dos pneus e garantir uma vida longa e uniforme a eles.
Ele deve ser realizado segundo a recomendação que consta no manual do veículo ou na falta desta a cada 8.000 quilômetros.
Caso o motorista não possa comprar quatro pneus novos, qual a recomendação a ser feita neste caso?
QUADRELLI – Neste caso, a recomendação é que seja efetuada a troca de dois pneus e os mais novos devem ser instalados sempre no eixo traseiro, e não na frente como muitos pensam.
Isto porque, o risco de um acidente pela perda de aderência dos pneus traseiros é sempre maior, visto que o veículo tende a perder a estabilidade, condição de mais difícil controle do que quando o pneu perde a aderência nos pneus dianteiros o que pode causar a perda momentânea de dirigibilidade.
O alinhamento e o balanceamento do pneu fazem parte da revisão de férias?
QUADRELLI – Com toda a certeza. Além de evitarem um desgaste irregular dos pneus, eles garantem a estabilidade e melhor dirigibilidade do veículo. Juntamente com a calibragem, esses itens são fundamentais para a utilização segura e econômica dos pneus.
Outro fato comum quando as famílias vão viajar, é carregar o veículo com bagagem. Quais os cuidados que devem ser tomados com os pneus?
QUADRELLI – Neste caso, o motorista deve atentar-se à capacidade de carga recomendada pelo fabricante, especificada no manual do veículo e calibrar o pneu de acordo com a carga. Isso vai evitar uma maior probabilidade de falhas ou estouros, além de não prejudicar a dirigibilidade do veículo.
Já que nem muita nem pouca pressão faz bem ao pneu, como proceder quando a calibragem é realizada em um posto de estrada, onde o estado e a qualidade do equipamento provocam dúvidas quanto à sua precisão?
QUADRELLI – A melhor decisão é procurar um equipamento em melhores condições. Caso isto não seja possível, procure calibrar com uma libra a mais do indicado—é mais seguro evitar o aquecimento do pneu devido à pressão baixa.
Mas, assim que possível, encontre um equipamento melhor e realize a calibragem adequada.
Outra boa alternativa é ter consigo um daqueles calibradores tipo caneta, cuja aferição já tenha sido comparada com a daquele posto onde você rotineiramente faz a calibragem dos pneus do seu carro.
Em situações de emergência em que o equipamento não tem qualidade, eles se tornarão uma referência importante para a calibragem exata.
No caso de furo de pneu, quais os cuidados que devem ser tomados no seu reparo? O “macarrão” é uma forma segura de reparo?
QUADRELLI – O conserto dos pneus deve ser feito definitivamente. Consertos temporários como o denominado “macarrão” são apenas provisórios e podem trazer danos aos pneus em curto prazo.
Tem sido alarmente o número de consumidores que rodam indefinidamente com um conserto provisório com conseqüências imprevisíveis para o pneu, bem como para o carro e seus ocupantes.
Qual é o risco de se calibrar um pneu após ter rodado alguns quilômetros? O que deve ser feito nesses casos?
QUADRELLI – Nesse caso, o pneu já estará com a sua temperatura interna maior e o aumento de temperatura provoca um aumento da pressão interna.
Assim, ao se verificar a pressão nessas condições, poderemos encontrar uma pressão maior do que a recomendada pelo fabricante do veículo e acabar retirando ar para baixar a mesma.
Com isso, o pneu acabará trabalhando com uma pressão abaixo da recomendada pois as especificações de pressão de inflação sempre consideram a pressão a frio e a mesma naturalmente irá aumentar com a temperatura.
Se você tiver de inflar o pneu a quente, adicione 4psi à pressão recomendada pelo fabricante, mas verifique novamente a pressão quando o pneu estiver frio.
Qual é o segredo para se chegar ao final de uma viagem com os pneus preservados?
QUADRELLI – Além das recomendações já citadas, é fundamental que todo o conjunto pneu-veículo-motorista atue em harmonia e de forma adequada em relação ao piso onde se está rodando.
De nada adianta colocar pneus novinhos, se a suspensão e outras partes do veículo não estejam em bom estado.
Uma suspensão mal calibrada e com peças desgastadas é o primeiro passo para o desgaste prematuro dos pneus.
Da mesma forma, de nada adianta viajar com um veículo zero, com pneus novos, se o motorista não toma os cuidados básicos da direção segura, evitando o choque dos pneus em lombadas, guias ou buracos, ou se acelera e freia bruscamente.
Dirigir com cuidado e responsabilidade é um dos procedimentos para se utilizar o pneu de forma inteligente (veja abaixo os 10 Mandamentos para o Uso Inteligente do Pneu).
Sobre a Bridgestone – A Bridgestone é a maior fabricante mundial de pneus e artefatos de borracha, com vendas de US$ 22,8 bilhões em 2005.
Emprega 114 mil funcionários no mundo e mantém operações em 23 países, com 142 fábricas, das quais 49 são fábricas de pneus e 93 fábricas de produtos diversos (autopeças, semicondutores, equipamentos para golfe e tênis, bicicletas).
No Brasil, a empresa produz pneus para todos os segmentos em sua fábrica de Santo André, que tem capacidade para produzir mais de 33 mil pneus/dia.
Em 2005, faturou R$ 1,600 bilhão. Entre 2000 e 2007, a empresa terá investido cerca de US$ 460 milhões, para a instalação de uma nova fábrica no Brasil, em Camaçari (BA) e para a modernização da unidade já existente, em Santo André (SP), e de sua rede de revendas no país, composta por cerca de 600 pontos de vendas.
10 Mandamentos para o uso inteligente do pneu
1) Calibrar os pneus semanalmente de acordo com a indicação do manual do fabricante do veículo.
2) Fazer o rodízio de pneus. Veículos com pneus radiais a cada 8.000 km e veículos com pneus diagonais a cada 5.000 km rodados.
3) Evitar sobrecarga no veículo. Excesso de peso compromete a estrutura do pneu e aumenta o risco de danos ou de alterações estruturais importantes.
4) Fazer a manutenção preventiva de todo o veículo. Amortecedores, molas, freios, rolamentos, eixos e rodas atuam diretamente sobre os pneus.
5) Utilizar as medidas de pneus e rodas indicadas pelo fabricante do veículo. As partes do carro foram projetadas para interagirem de forma equilibrada. A utilização de pneus e rodas diferentes altera o equilíbrio.
6) Alinhar o sistema de direção e suspensão e balancear os pneus conforme indicado pelo fabricante do veículo ou, pelo menos, a cada 10.000 km, e sempre que o veículo sofrer impactos fortes; ocorrer a troca de pneus; os pneus apresentarem desgastes irregulares; forem substituídos os componentes da suspensão; e o veículo estiver “puxando” para um lado.
7) Utilizar o pneu indicado para cada tipo de solo. Rodar na cidade com um pneu destinado ao uso em terra (fora de estrada) provocará perdas no consumo de combustível, nas estabilidade e na durabilidade das peças do veículo.
8) Observar periodicamente o indicador de desgaste da rodagem (TWI). Este indicador existente em todo pneu mostra o momento certo para se efetuar a troca, reduzindo o risco de rodar com o pneu careca.
9) Não permitir o contato do pneu com derivados de petróleo ou solventes. Estes produtos atacam a borracha fazendo com que ela perca suas propriedades físico-químicas e mecânicas.
10) Evitar a direção agressiva, com freadas fortes e mudanças bruscas de direção. Nunca ignore a existência de lombadas, buracos e imperfeições de piso. Os melhores pilotos de competição são aqueles que, mesmo rápidos, sabem poupar seus carros e pneus.