Imaginem partículas 10 milhões de vezes menores que um milímetro. Partículas que se auto-juntam, usando para isso precursores poliméricos cerâmicos.
Que geram remédios contra aids, câncer e qualquer outra doença; que agregadas de outra maneira criam um ‘veículo’ micromilimétrico que entra em seu corpo e leva esses remédios exatamente onde está o foco da doença. Nanobiotecnologias que matam tumores.
Imaginem nanotubos peptídeos (conjugação de dois ou mais aminoácidos) que geram desde hidrogéis até telas finíssimas de televisão; ‘fazendas’ geradoras de cristais; nanofluidos que gerenciam temperatura em casas e motores; tintas cerâmicas que não riscam – e elas já existem, estando em automóveis Mercedes-Benz e Audi A8, com 5% de nanopartículas cerâmicas, breve também em veículos comerciais; roupas que aquecem no inverno e refrigeram no verão, protegem contra os raios solares infravermelhos e que impedem que a pessoa se afogue. Meias especiais para pessoas que ficam horas seguidas em pé.
Plásticos biodegradáveis; chips nanofluídicos, maleáveis, condutores de eletricidade, verificadores do nível de glicose no sangue; pastas e escovas de dentes que acabam com germes, bactérias, fungos – e até quem sabe venham a fazer reparos de cáries.
Nanoendoscópios que fotografam a gente por dentro, monitorados por médicos especialistas.
Embalagens de produtos comestíveis com ‘janelas’ que ‘conversam’ com a embalagem, e dizem se a saúde do alimento está em ordem.
Quarenta e oito milhões de lençóis e noventa e seis milhões de travesseiros já estão em mãos de usuários no Exterior, anti-bactérias, anti-fungo, num total de 250 milhões de dólares.
Brincadeira? Não, realidade de um futuro relativamente próximo. Coisas pequeninas criando um grande futuro.
Pensem no seguinte: há pouco mais de um século não existia o uso da energia elétrica, e há pouco mais de três décadas não se imaginava um computador pessoal e muito menos ainda a comunicação universal chamada Internet.
Já imaginaram viver sem eles? Ou sem máquinas médicas, motocicletas, automóveis, caminhões, ônibus, aviões, barcos, navios, televisões, cinema, ventiladores, geladeiras, batedeiras, liquidificadores etc etc.
A nanotecnologia está batendo às nossas portas.
Novos paradigmas estão encolhendo o mundo, com inovações que juntam os até aqui estanques universos da engenharia, da física, química, biologia, biotecnologia, medicina, tecnologia da informação e incontáveis outros campos de conhecimento, abrindo e acelerando novos rumos de pesquisa e desenvolvimento, tecnologias de transferência e de comercialização de produtos nanoestruturados, até hoje inimaginados.
O trabalho é em nível atômico, lidando com átomos e moléculas, os tijolos da natureza.
As chamadas nanoesferas, que foram os primeiros experimentos com átomos de carbono, deram lugar aos nanotubos, que formaram gaiolas, tão pequenas que passam pela membrana celular. Depois delas, as nanopartículas.
Suas ligações atômicas são tão fortes como as de diamantes, embora 100 mil vezes mais finas que um fio de cabelo.
A nanotecnologia está entrando com força quase desesperada nos laboratórios de universidades e megaempresas através do mundo, alterando completamente o planejamento estratégico e a definição de riscos, tudo isso significando um novo universo de negócios.
Como não podia deixar de ser, está também gerando alianças políticas e fortes rivalidades internacionais.
No ano passado, governos, corporações e capitais de risco moveram mais de 10 bilhões de dólares em pesquisas de nanotecnologia e mais de 30 bilhões em itens nanoestruturados.
Neste ano, esses números devem ser multiplicados. Nos Estados Unidos, os investimentos em nanotecnologia só podem ser comparados aos da Apollo 11.
Só para se ter uma idéia: este ano a nanotecnologia está sendo objeto de nada menos de 490 congressos e feiras mundo afora, quase um e meio por dia.
A previsão de crescimento é fantástica: para o ano 2014, os produtos nanoestruturados venderão pelo menos 2,4 trilhões de dólares – talvez bem mais do que isso.
De 25 a 26 de setembro passado, teve lugar uma conferência sobre as oportunidades de comercialização de nanociência, nanotecnologia e campos correlatos no Rensselaer Polytechnic Institute, na cidade de Troy, estado de Nova York, à qual compareceram 200 dos principais pesquisadores de indústria, governo e universidades de praticamente o mundo todo.
Infelizmente, ainda estamos muito longe de pertencer a esses quadros: mesmo juntando o Brasil e a Argentina, centros sul-americanos de tecnologia, o valor dos produtos nanoestruturados fica em 10 milhões, uma quantia patentemente ridícula.
Já tivemos, porém, dois congressos e feiras de nanotecnologia, ambos realizados em São Paulo, o deste ano, em 6 de novembro, abrindo espaço para o empresariado.
A Suzano Petroquímica é a empresa brasileira pioneira e provavelmente a mais avançada nesta área.