Quando o assunto é carro elétrico, o Brasil está acelerado. O Projeto Veículo Elétrico, desenvolvido por Itaipu em parceria com empresas brasileiras e estrangeiras, colocou o país na vanguarda das pesquisas sobre essa tecnologia, que já chegou ao estágio de construção de protótipos.
O primeiro modelo, encomendado pela Eletrobrás, todo montado no Brasil, será apresentado em julho, nos Jogos Pan-Americanos. Mas os testes com veículos elétricos (VEs) nas ruas do Rio de Janeiro já começaram.
“No ano passado, Itaipu e Fiat produziram, já como parte do projeto, cinco veículos elétricos, que foram transformados, de à combustão para elétrico, na Europa. Destes, dois estão na Itaipu, um com a Fiat e os outros dois foram para CPFL e Ampla”, explica Celso Novais, engenheiro da subsidiária da Eletrobrás responsável pela coordenação do projeto.
As empresas que o apóiam não estão dispostas a estacioná-lo – já encomendaram 15 veículos e planejam até exportar o produto no futuro. Segundo pesquisadores, daqui a quatro anos os VEs brasileiros terão as mesmas características e preço dos carros populares, com a vantagem de não emitir nenhum tipo de gás poluente, ou seja, sem aumentar o aquecimento global.
Na estrada – Um Palio e uma moto equipados com motores movidos a eletricidade fazem parte da frota da Ampla – composta de 1500 veículos – e começam em breve a ser utilizados em serviços da distribuidora.
“O carro elétrico será utilizado em atividades reais da empresa, nas quais são usados hoje carros a gasolina ou álcool. Serão realizadas diversas medidas para avaliar o comportamento dos VEs em serviço e em recarga das baterias, visando substituir, se possível, toda a frota”, informa Acácio Barreto, responsável pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa.
Vários motivos levam a Ampla a apostar nessa tecnologia, desde a vantagem de poder obter o combustível para os veículos por preços mais baixos até os ganhos ambientais do processo.
Nesse campo, a empresa pretende, por exemplo, negociar créditos de carbono via Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado pelo Protocolo de Quioto.
De acordo com o MDL, os países industrializados não precisam diminuir suas emissões de carbono na atmosfera desde que invistam em projetos ambientalmente limpos, como o dos VEs.
“Veículos elétricos a bateria são eficientes e não poluem, resultando em melhor qualidade de vida para a sociedade, uma vez que não há combustão e as baterias não poluem o meio ambiente durante sua vida útil, além de poderem ser 100% recicladas. Quando substituímos um veículo convencional por um veículo elétrico há grande redução das emissões de CO2, o principal causador da elevação da temperatura média da Terra”, explica Barreto. O executivo da Ampla acredita que a companhia lucrará também com o aumento da demanda por eletricidade causada pelos VEs.
Economia – Para Celso Novais, de Itaipu, os VEs serão atrativos e econômicos também para os consumidores residenciais.
“Quando comparados com motores movidos à combustão, os motores elétricos são de três a quatro vezes mais econômicos.” O Projeto Veículo Elétrico foi firmado com o objetivo de produzir um protótipo partindo da tecnologia existente.
“O modelo atual tem uma autonomia de 120 km, velocidade máxima de 130 km/h e bateria com tempo de recarga de oito horas”, informa Novais. Segundo o engenheiro, a meta é, em cinco anos, construir um veículo com custo similar ao de um veículo popular de hoje, com autonomia de 450 km, velocidade máxima de 150 km/h e tempo de recarga das baterias de 20 minutos.
A visão de Novais sobre o futuro com os VEs parece saída do desenho “Os Jetsons”. O dono do carro carregaria o veículo com uma tomada igual a dos computadores ou de uma maquina de lavar roupas.
“Isso seria possível porque os VEs atuais funcionam na tensão de 90 a 250 volts nas freqüências de 50Hz ou 60Hz”, explica o engenheiro. Ele avalia que mesmo com uma demanda maior por eletricidade em um primeiro estágio, não haverá aumento do preço da energia.
“As baterias dos VE´s poderiam ser programadas para serem carregadas fora do horário de pico, quando dispomos de energia em excesso”, diz o especialista.
Além disso, segundo Novais, quando queimamos petróleo em um veiculo a combustão temos uma eficiência de aproximadamente 25%.
O mesmo petróleo queimado em uma usina térmica de ciclo combinado pode produzir energia com eficiência de até 65%, havendo, portanto, mais energia.
“Considerando a eficiência do motor dos veículos elétricos e de cerca de 85%, teríamos maior disponibilidade de energia, o que, em tese, contribuiria para a redução do custo da energia”, explica o engenheiro de Itaipu.