Em 2006, o setor de pneumáticos vendeu 27,2 milhões de pneus novos, o que representou um aumento de 1,23% em relação à 2005.
A produção desses produtos também registrou um crescimento de 2,2%, atingindo a marca de 54,5 milhões de unidades, de acordo com dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).
O setor pode comemorar o crescimento razoável obtido. Mas o que fazer com esse volume de pneus colocados no mercado diariamente? Edson Maia, diretor do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (SINCODIV/DF), deve haver uma estrutura capaz de receber e dar destino aos produtos que não podem ser mais reutilizados.
“Esses pneus precisam ser distribuídos às entidades ou empresas, que estejam preparadas para processá-los e promover a reciclagem desse material. Mas esse processo precisa contar com a parceria dos governos locais de cada Estado para que seja implantado de forma eficiente e dinâmica”, considera.
De acordo com Maia, no DF, existem um mercado estruturado para a recauchutagem dos pneus que ainda podem ser utilizados.
“É uma forma de prolongar o uso desses produtos. Mas o que fazer, depois, com as carcaças?”
Atualmente, já existem algumas iniciativas desenvolvidas pelos fabricantes de pneus para a coleta e destinação desses produtos.
Uma delas é o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, criado em 1999 pela Anip. A iniciativa deu certo.
Desde que ela foi adotada, a indústria desse segmento destinou cerca de 129 milhões de pneus para a reciclagem de forma ambientalmente correta.
Nos últimos dois anos, o número de Ecopontos, responsáveis pelo processo de reciclagem, passou de 85 para 220.
Com a abrangência que o Programa teve, surgiu a Reciclanip, entidade recentemente lançada em Brasília, com o propósito de oferecer uma estrutura de gestão mais profissional para a coleta e o reaproveitamento dos pneus.
“O caminho é justamente esse. Buscar formas organizadas de se fazer a reciclagem desse material, buscando, sempre, a participação de profissionais que trabalham no setor e da própria sociedade civil”, ressalta Edson Maia.
Edson Maia percebe que as concessionárias do DF sempre se preocuparam com o destino desse material.
“Mas sem uma estrutura preparada para a coleta, o transporte, a trituração e o reaproveitamento desse material fica mais difícil”, afirma Maia.
O trabalho da entidade se baseia no transporte de pneus a partir dos Ecopontos, até as empresas de trituração ou de destinação final.
“Dessa forma, facilita a utilização dos pneus, por exemplo, na fabricação de asfalto”, considera o diretor do SINCODIV/DF.
Destinar esses pneus para a indústria de cimento é o procedimento mais usual. Mas há outras formas de aproveitar o material reciclado.
Ele pode ser reutilizado em solados de sapatos, dutos pluviais, quadras poli-esportivas, pisos industriais, tapetes de automóveis, entre outros.
Um caminho – O surgimento de pneus de borracha fez com que as rodas antigamente utilizadas fossem substituídas e o avanço dos transportes ocorresse.
Mas afinal o que fazer quando o pneu de seu automóvel já está inservível – sem condição de rodar ou reformar?
A AREBOP – Associação Nacional das Empresas de Reciclagem de Pneus e Artefatos de Borrachas – constituída em 2006, para organizar, incentivar, viabilizar e auto-regulamentar o setor, conta hoje com 12 empresas associadas, que geram 550 empregos diretos e em torno de 5 mil empregos indiretos em todo o País e, busca atingir ainda este ano 25 associadas.
Nos últimos seis anos foram investidos R$ 45 milhões de reais no setor, com capacidade de destinação de pneus inservíveis acima de 280.000 toneladas.
“Buscamos a conscientização do empresário e da sociedade da necessidade da destinação ambiental e a de preservação do meio ambiente”, diz o diretor executivo da AREBOP, José Carlos Arnaldi.
“Para facilitar o processo, um de nossos maiores objetivos é congregar e reunir as empresas cuja atividade principal é à reciclagem de pneus inservíveis e de artefatos de borracha”, completa.
Entre as diversas premissas da AREBOP está a permanente colaboração aos órgãos governamentais, atuando tecnicamente e de forma consultiva, para o efetivo cumprimento da legislação em vigor; a participação efetiva na formulação de proposições e de procedimentos, prestando suporte aos órgãos governamentais, principalmente aos responsáveis pela preservação do meio ambiente; IBAMA, CONAMA e MMA – Ministério do Meio Ambiente; e o desenvolvimento técnico e aprimoramento constante, na reciclagem de pneus de pneus inservíveis e dos artefatos de borrachas, buscando o crescimento do setor e a num futuro bem próximo a constituição um Organismo único, visando a unificação de legislações na América Latina.
A reciclagem ou a destinação de pneus inservíveis não é recente no Brasil. Atividade existente há mais de 30 anos em nosso mercado, mas até o inicio de 2.000, pouco conhecida e também reconhecida.
O processo de reciclagem ou destinação dos pneus inservíveis pode ser divido em dois tipos:
- Pneus diagonais (convencionais), através do processo de laminação temos a fabricação de diversos produtos como: passadeiras; saltos e solados de sapatos; colas e adesivos; rodos domésticos; tiras para indústrias de estofados, etc.
- Pneus radiais dependendo da aplicação é exigida a separação da borracha vulcanizada de outros componentes (como metais,tecidos, etc.). A borracha é triturada em lascas que são moídas. O produto obtido pode ser então refinado em moinhos para a produção de grânulos ou pó de borracha. Este material tem várias utilidades entre as principais podemos destacar; matéria prima para ser agregada ao concreto, ao asfalto; na fabricação de produtos de artefatos de borrachas em geral (tapetes para automóveis); aplicação em quadras esportivas e áreas de lazer, etc…
Atualmente o maior volume de pneu inservível em um percentual reduzido ou o picotado em pedaços de 2” é utilizado como combustível alternativo em forno de clinquer (cimenteira), em substituição ao carvão.
Com a reciclagem ou a destinação de pneus inservíveis estamos cuidando da saúde e do meio ambiente, sendo este um dos meios de evitar a dengue – pneus servem de criadouro para o mosquito transmissor; evitar enchentes – pneus abandonados podem entupir tubulações; e contribuir para não agravar a poluição – o pneu inservível é um resíduo – classe II (não perigoso), não inerte, conforme normas técnicas em vigor.