Tem motorista que chega no posto para abastecer e sai de lá com o cilindro de GNV “mais cheio” do que a capacidade do próprio equipamento. Por exemplo, tem um cilindro de 15m³, mas o marcador mostra que abasteceu com 17m³ de gás. Mas isso é possível?
Conversamos com Thiago Martins, da Vector Gás Natural que explica se é ou não possível acontecer do cilindro de GNV encher mais que sua capacidade nominal.
A capacidade nominal de 16 metros cúbicos, por exemplo, é válida para uma determinada pressão de abastecimento num cilindro de GNV.
Qual é a pressão indicada nos cilindros para considerar esse volume? 220 kgf/cm2?
O abastecimento de um tanque de GNV em um automóvel cessa quando a pressão no tanque atinge um determinado valor. A pressão máxima permitida é de 220 kgf/cm2. Portanto, se o tanque é completamente preenchido isto significa que a pressão é a máxima que a bomba abastecedora determina.
Entretanto é bem sabido que a pressão de uma amostra gasosa contida em um dado volume (neste caso a capacidade real do tanque) depende da temperatura. Para o mesmo tanque, se a temperatura é mais alta, a mesma pressão será atingida com uma massa menor de gás estocado.
Quando o cilindro é abastecido é fácil notar que a sua temperatura se eleva (um toque de mão no cilindro recém abastecido revela que ele está a uma temperatura maior do que a temperatura ambiente). Portanto, após o abastecimento ele resfria e depois de algumas horas, mesmo que não tenha saído GNV do tanque, ele pode ser reabastecido pois a pressão baixou e caberá mais gás.
Da mesma forma se a temperatura ambiente é mais baixa, cabe mais massa de GNV no tanque para a mesma pressão de 220 kgf/cm2.
Cada dez graus célsius de decréscimo na temperatura de gás no tanque determina que possa ser introduzido cerca de 3% a mais de massa de GNV no tanque.
Um abastecimento com pressão superior a normalizada pode romper a válvula de segurança do cilindro e do redutor de pressão.
Quanto maior a pressão do gás, mais gás se comprime no cilindro. Quanto menor a pressão, menos gás.
Seguindo essa lógica, o ideal seria abastecer em um dia mais frio, com o carro ainda pouco aquecido e na pressão normatizada, que é de 200 kgf/cm2 (com tolerância de mais ou menos 10%).
Mas, na verdade, o mais provável é caber menos gás no cilindro de GNV do que a sua capacidade nominal devido a fatores, como:
a temperatura durante o enchimento;
o próprio aquecimento ocorrido durante o abastecimento;
a existência de resíduos de óleo dentro do cilindro, que ocupam espaço útil, diminuindo o volume inicial.
Como vimos, quanto maior a temperatura, menor a capacidade de compressão e armazenamento do GNV. O atrito molecular do gás proveniente da velocidade de enchimento também provoca aquecimento reduzindo assim a capacidade de armazenamento de gás no cilindro.
Reforçando que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) regulamenta como pressão máxima de abastecimento do GNV o valor de 220 kgf/cm2.
Importante: alguns postos estão abastecendo com pressões superiores, o que é contrário à regulamentação e portanto é prática totalmente não recomendável e insegura.
Caso constate irregularidades no abastecimento GNV, você pode enviar denúncias anônimas para os orgãos fiscalizadores.