Durante décadas o mercado brasileiro viveu de lançamentos a conta-gotas. Grandes novidades ou carros inteiramente novos eram escassos por razões ligadas às instabilidades econômicas do País.
Jornalistas brincavam nos bastidores, comentado que iriam ver novas calotas e cores “aerodinâmicas”.
Em 1973, surgiu um ponto fora da curva da história. Nada menos de quatro modelos novos foram apresentados: Chevette, Brasília, Dodge 1800 e Maverick. Um automóvel inédito de cada fabricante instalado à época. A verdadeira conjugação de astros.
Os tempos mudaram, ainda bem, para muito melhor. Basta ver o que acontece em 2011. Esperam-se mais de 60 lançamentos efetivos, desconsiderando versões e série especiais, nacionais e importados (com e sem imposto aduaneiro).
Em apenas um segmento – sedãs médios-compactos – ganharão as ruas seis modelos inteiramente novos.
Renault Fluence e Peugeot 408, já à venda. O novo Volkswagen Jetta foi apresentado agora, na mesma semana que o Toyota Corolla 2012 (este recebeu retoques visuais e mecânicos apenas três anos depois da chegada da terceira geração). E no segundo semestre, Chevrolet Cruze e nova geração do Honda Civic.
A segunda conjugação de astros pode ser considerado uma coincidência, mas tem a ver com o encolhimento da participação dos sedãs médios-compactos, de 7% para 5%, entre 2008 e 2010.
Perderam espaço para os hatches do mesmo segmento e para os utilitários esporte de diferentes portes. Era preciso reagir e nada como encher os olhos do mercado.
Interessante é a estratégia da Volkswagen, trazendo do México sem imposto de importação o conceito dois-em-um no novo Jetta.
O modelo oferece diferenças mecânicas expressivas. Comfortline, por R$ 65.755, dispõe do motor flex antigo de 2 litros e 120 cv.
Na outra ponta, a quase endiabrada versão com turbocompressor, injeção direta de gasolina, 200 cv, caixa robotizada de dupla embreagem de seis marchas e suspensão traseira específica, por R$ 89.520.
Embora falte fôlego à versão Comfortline, deixando-a inferiorizada frente aos concorrentes, a Highline, ao contrário, supera-os de longe.
Desenhado pelos gêmeos Marcos e José Pavone, “exportados” do centro de estilo do Brasil para o da Alemanha, o carro é harmonioso e cresceu em todas as dimensões O espaço interno e o cuidado com os materiais de acabamento são pontos altos.
A fábrica também procurou oferecer mais equipamentos de série, mesmo no Jetta de entrada.
A Toyota fez uma aposta mais modesta no Corolla, confiando na sua liderança. Será difícil mantê-la, depois que todos os novos concorrentes alcançarem plena oferta.
As sutis mudanças estéticas na frente e traseira estão acompanhadas por pequeno aumento de potência (8 cv) e de torque (mais 1,5 kgf.m) no motor 1,8-litro, além de discreta redução de consumo de combustível, segundo o fabricante. Para esse motor, o câmbio manual agora tem seis velocidades.
A caixa automática (80% das vendas), apesar de pequenos aperfeiçoamentos, continua com quatro marchas, inclusive na versão-topo Altis, de motor 2-litros/153 cv.
A Toyota tem disponíveis câmbios melhores no Japão. Preços da linha 2012 aumentaram pouco, enquanto o Altis baixou, antevendo o Jetta Highline.
RODA VIVA – SALÃO de Buenos Aires, em junho próximo, será o salão das picapes, segundo fontes do país vizinho.
Tanto a nova Ranger, como a nova S10 (esta um pouco disfarçada) estarão em exibição no centro de exposição La Rural. Vendas, porém, só em 2012.
A fim de aumentar tensões e ansiedades, a Toyota deverá mostrar retoques externos e internos da Hilux.
ENQUANTO a cotação do real estiver nessa faixa de valorização, não há a menor chance de a onda chinesa refluir no mercado brasileiro.
Resultados da JAC, nas primeiras semanas, apontam vendas superiores ao esperado pelo importador SHC.
É preciso, porém, esperar até o fim do ano, quando arrefece o efeito da campanha de lançamento e o impacto da novidade.
CHERY usa a estratégia de preço baixo para competir. Ainda em abril, chega, com grande atraso, o que a marca oriental já classifica como o mais barato automóvel à venda no Brasil.
O subcompacto QQ, previsto há quase um ano, promete surpreender até o Effa M100, da também chinesa Changhe, que tem a colaboração da japonesa Suzuki, especialista nesse segmento.
CHINESES estão, de fato, encantados com o País. Até a Lifan decidiu estabelecer aqui um centro de desenvolvimento.
A ideia é projetar um modelo específico para a América do Sul. A instalação no Estado de São Paulo, a primeira da marca fora da China, objetiva captar os eflúvios dos consumidores da região. Mas, sem planos de construção de fábrica.
REPERCUTIU mal a intenção – apenas isso – de a União Europeia expulsar carros com motores a combustão de centros urbanos europeus até 2050.
Haja dinheiro para estímulos fiscais. Pior ainda: se querem mesmo controlar emissões de CO2, o que vão colocar no lugar das usinas atômicas, as únicas competitivas nesse mister?