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Estudos com parâmetros distintos sobre ciclo de vida de veículos elétricos e híbridos prejudica análises comparativas de descarbonização

Em evento internacional, especialistas discutem os desafios e oportunidades da descarbonização na mobilidade, destacando as vantagens e desvantagens de veículos elétricos, híbridos e biocombustíveis.

Em meio a uma intensa disputa por soluções sustentáveis para a mobilidade, a questão de qual tecnologia oferece a melhor descarbonização dos automóveis continua a gerar polêmica entre especialistas. O debate será um dos destaques da BBEST & IEA Bioenergy Conference, que ocorrerá em São Paulo de 22 a 24 de outubro.

A descarbonização da mobilidade é um tema urgente e cada vez mais discutido globalmente. Duas tecnologias principais emergem como candidatas para essa transformação: os veículos elétricos à bateria (BEVs) e os veículos híbridos. Os BEVs são conhecidos por não emitirem gases poluentes durante o uso, o que os torna atraentes em regiões com fontes de energia renováveis. No entanto, sua produção, especialmente as baterias, gera um impacto ambiental significativo, especialmente onde a eletricidade ainda é gerada a partir de combustíveis fósseis.

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Por outro lado, os veículos híbridos, que combinam motores elétricos e de combustão, oferecem uma flexibilidade notável. Eles podem funcionar com combustíveis como etanol, uma alternativa que reduz as emissões de gases de efeito estufa. Isso é especialmente relevante no Brasil, onde a produção de etanol é robusta. Especialistas apontam que, em muitas situações, os híbridos são uma solução de transição mais viável, já que utilizam menos recursos minerais e são mais eficientes em termos de emissões de carbono ao longo de seu ciclo de vida.

A diversidade de estudos sobre o tema tem gerado resultados conflitantes, refletindo a complexidade das análises. Um estudo recente considerou um ciclo de vida de 160 mil km para BEVs, enquanto outro avaliou 288 mil km, resultando em conclusões opostas sobre a eficiência de cada tecnologia. Essa disparidade se deve a fatores como as emissões de CO2 associadas à produção de biocombustíveis e baterias, que variam significativamente entre as análises.

Durante a conferência, os especialistas buscarão definir critérios objetivos para avaliar a descarbonização, considerando não apenas a eficácia técnica, mas também os impactos sociais e ambientais. A sustentabilidade emerge como uma preocupação central, com a necessidade de equilibrar eficiência energética e responsabilidade ambiental.

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As discussões da BBEST & IEA Bioenergy Conference prometem iluminar o caminho para a mobilidade sustentável, oferecendo insights sobre quais tecnologias podem realmente ajudar na redução das emissões e na transição para um futuro mais verde.

Verdades e mentiras – Para Ricardo Simões de Abreu, engenheiro, doutorando da Unicamp e consultor de mobilidade sustentável, mesmo com o uso de protocolos aceitos pela ampla maioria da comunidade científica, o uso de dados e critérios diferentes abre brechas para que estudos sobre descarbonização da frota apresentem resultados muitos díspares. “Como dizem, é possível contar uma grande mentira falando apenas verdades”, alerta.

Para Abreu, Infelizmente na questão dos automóveis, muitos países desenvolvidos optaram por deixar em segundo plano os fatores social e ambiental da sustentabilidade. O foco é claramente econômico e na busca de segurança energética.

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De acordo com o consultor de mobilidade, esses países dispõem de tecnologia para tornar mais limpas suas matrizes elétricas com uso de fontes renováveis e reduzir, em muito, a dependência energética de outros países. “A partir disso, para eles, o veículo elétrico é uma excelente oportunidade, mas isso não justifica empurrarem essa tecnologia para o resto do mundo”, avalia.

Mas em meio à discussão sobre os critérios adotados pelos estudos, seria possível apontar uma melhor opção para descarbonização dos automóveis? Para Abreu, sim.

O especialista diz que há diversos estudos realizados por pesquisadores ou entidades autônomas, ao redor do mundo, inclusive na Europa, que indicam que os veículos híbridos, que utilizam motores elétricos em conjunto com motores à combustão, principalmente quando usam combustíveis de baixo carbono, são atualmente, no médio e, para muitos lugares, talvez até no longo prazo, a melhor e mais sustentável opção de descarbonização dos automóveis. “Já há entidades europeias que estão questionando fortemente a opção única pelos veículos elétricos”, pontua.

Clareza nas escolhas – Marcelo Gauto, doutorando, pesquisador e especialista em bioenergia, que coordenou estudo sobre descarbonização de veículos realizado no âmbito do Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Bioenergia da USP/UNICAMP/UNESP, também considera que a questão da sustentabilidade deve ser fator preponderante na escolha das tecnologias de mobilidade.

Para ele, todas as tecnologias disponíveis são importantes e válidas no processo de transição energética, porém é oportuno que se saiba exatamente o nível de benefícios agregados a cada uma delas e cabe a cada país buscar as soluções que sejam mais adequadas à sua realidade. “O importante é ter clareza sobre as escolhas e seus motivos. Bases científicas sólidas contribuem para a tomada de boas decisões”, pondera.

Apesar da divergência no resultado dos estudos, o pesquisador e doutorando da Unicamp considera que alguns institutos independentes têm produzido bons trabalhos que indicam que, quando considerada toda emissão de GEE no processo de fabricação, especialmente das baterias, os veículos puramente elétricos atualmente são menos efetivos na descarbonização.

Para Gauto, pode-se discutir a disponibilidade atual de biocombustíveis em diferentes regiões do mundo mas, em termos de descarbonização, os veículos híbridos, com uso de biocombustíveis sustentáveis, são as melhores opções. “Temos informações disponibilizadas por uma das maiores montadoras de automóveis do mundo, que indicam que, em média, com os metais utilizados para a produção de uma bateria para um veículo 100% elétrico de grande porte, é possível produzir seis baterias para veículos híbridos plug-in (PHEV) ou mais de 90 para veículos híbridos não plug-in (HEV)”, contabiliza e complementa: “Isso indica que, no longo prazo, a opção pelos híbridos é a que apresenta melhor equilíbrio entre o uso racional dos biocombustíveis e das reservas minerais”.

Participe!
BBEST & IEA Bioenergy 2024
São Paulo (SP), Hotel Renaissance
22 a 24 de outubro
Programa da Conferência – Ele pode ser conferido neste link.

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