A aplicação do hidrogênio no tratamento térmico de peças metálicas se tornou um dos processos mais inovadores e essenciais na fabricação automotiva, garantindo que componentes como engrenagens, eixos e molas atendam aos exigentes padrões de qualidade e segurança do setor.
O avanço da indústria automotiva no Brasil vem impulsionando o uso de tecnologias modernas e precisas no tratamento de peças metálicas, especialmente aquelas que exigem alta durabilidade e resistência ao desgaste. Em março de 2024, a produção de veículos no país atingiu a marca de 195.800 unidades, consolidando um aumento de 3,2% em relação a fevereiro e acumulando um total de 538 mil veículos no trimestre, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). Esse crescimento não só beneficia montadoras, mas também uma vasta cadeia de fornecedores, que precisa seguir rigorosos padrões para garantir a alta qualidade dos componentes utilizados nos veículos.
Dentre os processos essenciais para alcançar essa qualidade, o tratamento térmico de peças metálicas ocupa um lugar de destaque. Ele consiste em um processo controlado de aquecimento e resfriamento que altera a estrutura do metal, melhorando suas propriedades mecânicas, como resistência e dureza. De acordo com Hortência Santos, engenheira de aplicações e desenvolvimento da Air Products, líder global em soluções de gases industriais, o tratamento térmico é essencial para peças como engrenagens, eixos e molas, que são submetidas a intensa pressão e atrito no uso diário de veículos.
O uso de hidrogênio como gás industrial é uma das práticas mais eficazes no tratamento térmico, por permitir que as peças metálicas alcancem uma dureza e resistência superior, sem formar camadas de óxido. Essa camada, quando presente, pode comprometer a integridade das peças e até mesmo reduzir sua durabilidade ao longo do tempo. A engenheira explica que, para obter o máximo desempenho no tratamento térmico, o hidrogênio é combinado com outros gases como o nitrogênio e o argônio, formando uma atmosfera controlada que evita a oxidação das peças.
Além de melhorar a qualidade, o tratamento térmico de metais com hidrogênio também impacta o desempenho dos veículos. Engrenagens, por exemplo, passam pelo processo para aumentar a dureza da superfície, tornando-as mais resistentes ao desgaste. Já os eixos, que precisam resistir a grandes forças, têm sua tenacidade aprimorada. Outros componentes, como bielas e virabrequins, também se beneficiam, ganhando maior resistência à fadiga e aumentando sua durabilidade. Esses ganhos são essenciais para garantir que os veículos atendam aos exigentes padrões de segurança e qualidade do setor, como os estabelecidos pela norma IATF 16949.
Outra tecnologia importante empregada no processo de tratamento térmico é o monitoramento do ponto de orvalho (Dew Point). Essa tecnologia ajuda a manter a umidade do ambiente em um nível controlado, evitando a oxidação indesejada das peças. O ponto de orvalho é a temperatura em que o vapor de água no ar condensa e se transforma em pequenas gotas. Ao monitorar esse parâmetro, a indústria garante que as condições atmosféricas estejam ideais para que o tratamento térmico atinja resultados consistentes e eficientes.
No ambiente de alta demanda por precisão e qualidade da indústria automotiva, a Air Products se destaca por oferecer soluções personalizadas e equipamentos que atendem a fabricantes de todos os tamanhos. Com o fornecimento de gases em diferentes formatos, como tanques de variados tamanhos e sistemas on-site (instalados diretamente nas fábricas), a empresa se adapta às necessidades específicas de seus clientes, garantindo que o tratamento térmico seja eficiente, seguro e de alta qualidade. Para um controle ainda mais rigoroso, a Air Products também disponibiliza serviços de detecção de vazamentos, uma medida que assegura que o processo seja conduzido sem interferências que poderiam prejudicar a qualidade final das peças.
A engenheira Hortência Santos destaca ainda que cada etapa do tratamento térmico é cuidadosamente planejada para atender a diferentes necessidades mecânicas das peças. Na fase inicial do processamento, o tratamento ajuda a moldar o material de forma que ele possa ser trabalhado com mais facilidade. A técnica de recozimento, por exemplo, é usada para reduzir a dureza do metal, facilitando processos de usinagem, além de prolongar a vida útil dos ferramentais usados na produção. Em peças finalizadas, outros tratamentos, como a têmpera e o revenimento, são aplicados para reforçar a resistência, permitindo que suportem o uso intenso a que serão submetidas nos veículos.
Assim, o uso do hidrogênio e de tecnologias avançadas de controle no tratamento térmico tornou-se não apenas uma prática essencial para garantir a qualidade e durabilidade das peças automotivas, mas também um diferencial competitivo que contribui para o sucesso da indústria automobilística brasileira e mundial. Com o compromisso de empresas como a Air Products, a produção de veículos no país se mantém em constante evolução, fornecendo produtos de alta qualidade e impulsionando a confiança no setor automotivo.