Com mais de 42 milhões de veículos flex em circulação no Brasil, o etanol hidratado se consolida como uma alternativa viável e econômica para reduzir emissões e fortalecer a independência energética do país. De acordo com a Copersucar, políticas públicas e conscientização do consumidor devem impulsionar o uso do biocombustível nos próximos anos.
Etanol: solução acessível e eficiente para a descarbonização
O Brasil, pioneiro no desenvolvimento do etanol e do carro flex, vive um momento estratégico para expandir o uso de biocombustíveis. Segundo um estudo da Copersucar, o consumo de combustíveis do Ciclo Otto (motores a gasolina e etanol) deve ultrapassar 70 bilhões de litros por ano na próxima década, criando uma grande oportunidade para o etanol hidratado ganhar participação na matriz energética nacional.
Atualmente, 83% da frota brasileira é flex, mas mais de 70% dos motoristas ainda optam pela gasolina, apesar dos benefícios ambientais e econômicos do etanol. A expectativa é que esse cenário mude com a implementação de novas políticas públicas e o crescimento da conscientização sobre os impactos positivos do biocombustível.
Mudanças na mobilidade brasileira impulsionam consumo de combustíveis
O estudo também revela uma mudança no perfil da mobilidade urbana no Brasil nos últimos sete anos:
✔ Uso de ônibus caiu de 49% para 34%, enquanto veículos próprios cresceram de 22% para 30%;
✔ Aplicativos de transporte, praticamente inexistentes em 2017, já representam 11% da mobilidade urbana;
✔ Motocicletas e transporte por aplicativos somam 15% do consumo total de combustíveis do Ciclo Otto;
✔ Distância média percorrida por veículo aumentou de 13 mil para 14,5 mil km por ano.
Com veículos rodando mais e a frota envelhecendo – mais de 50% dos automóveis têm mais de 11 anos –, a substituição da gasolina pelo etanol hidratado pode se tornar um caminho viável para reduzir emissões.
Impacto ambiental e potencial de redução de CO₂
Desde o lançamento do carro flex, em 2003, a substituição da gasolina pelo etanol hidratado já evitou a emissão de 280 milhões de toneladas de CO₂eq. Segundo a Copersucar, cada 10% de aumento na participação do etanol sobre a gasolina pode evitar 6 milhões de toneladas de CO₂eq, além de gerar uma demanda adicional de 5 bilhões de litros do biocombustível.
Mesmo com a eletrificação em crescimento, a projeção da Copersucar indica que, até 2035, a frota flex ainda representará 75% do total de veículos em circulação, consolidando o etanol como peça-chave na transição energética do Brasil.
Benefícios econômicos e independência energética
Além dos ganhos ambientais, o uso do etanol traz vantagens econômicas significativas. O Brasil já importou cerca de 48 bilhões de litros de gasolina para suprir a demanda interna. Sem o etanol, esse número poderia ser seis vezes maior (430 bilhões de litros), gerando um custo de US$ 300 bilhões em importações, valor equivalente às reservas cambiais do país.
Políticas públicas como RenovaBio, Combustível do Futuro e Mover fortalecem a eficiência energética e incentivam o uso de biocombustíveis, tornando o etanol ainda mais competitivo no cenário global.
Brasil no caminho para a liderança da transição energética
Com 50 anos de experiência no setor, o Brasil possui infraestrutura consolidada e tecnologia avançada para expandir a utilização do etanol e se tornar referência na descarbonização do transporte. Segundo Tomas Manzano, presidente da Copersucar, o momento atual é decisivo:
“O etanol tem um papel fundamental na redução das emissões. O consumidor, além do preço, começará a valorizar cada vez mais os atributos ambientais e sociais do biocombustível. O Brasil tem as condições ideais para liderar essa transição energética global”, destaca Manzano.
Com políticas estruturadas e uma matriz energética baseada em fontes renováveis, o Brasil está pronto para um novo salto na utilização do etanol, garantindo um transporte mais sustentável e eficiente para as próximas décadas.